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Buzinaço dos food trucks em frente à Prefeitura
Cerca de 20 food trucks de Curitiba fizeram um buzinaço em frente à Prefeitura na manhã desta terça (14) para protestar contra o edital da licitação que define pontos e horários em que os caminhões podem estacionar em locais públicos. A carreata começou por volta das 10h no estacionamento do Museu Oscar Niemeyer (MON), no Centro Cívico, e percorreu a Avenida Cândido de Abreu até o prédio da Prefeitura onde os caminhões deram algumas voltas na quadra e os empresários exibiram um faixa com a escrita “Lugar de food truck é na rua”. O edital da licitação foi publicado na última quinta-feira (9) e gerou reclamações por parte dos truckeiros que reivindicam o direito de ficar em pontos melhores que os estabelecidos pelo poder municipal.
“O edital foi muito mal formulado. Estamos pedindo a sua impugnação. Os locais que a Prefeitura pretende que os trucks atuem são de baixa circulação de pessoas e ainda falta infraestrutura e segurança”, afirma Henrique Justus, do My Way Truck, que participou da carreata. Ainda segundo ele, o edital pretende cobrar taxas que inviabilizariam a venda de alimentos a preços acessíveis.
Marcelo Silva Cabreira, do Aviador Burguer, trabalha com o ramo há um ano e quatro meses. Segundo ele, a informação dentro da Prefeitura é desconcentrada, cada órgão instrui os truckeiros de uma forma, o que dificulta bastante a busca por informações. “Eu já consegui a minha licença. Agora só quero poder trabalhar”, diz. Luciana Adura, dona do Mr. Angus, equipou o caminhão há um ano exato, mas ainda não conseguiu a licença para trabalhar. “Esse é outro absurdo, a Prefeitura sabe que já existem mais de 100 food trucks em Curitiba, mas abriu apenas 70 vagas para a licitação”, reclama. De acordo com ela, operar apenas em eventos fez com que ela gastasse R$ 9 mil em taxas só nas primeiras três semanas de maio.
Os truckeiros reclamam também dos valores cobrados por adquirir os pontos na licitação (que chegam até R$ 1.171,10) e as mensalidades cobradas pela Prefeitura (até R$ 1.505,70). Por conta das taxas e da falta de estrutura para o trabalho, Justus diz que um truckeiro que em Curitiba fatura R$ 30 mil, se comparado a Brasília, ou no Rio de Janeiro, onde eles podem vender seus produtos em pontos escolhidos, faturaria cerca de R$ 100 mil. “Isso é porque eles conseguem fazer dois turnos e em pontos melhores. Ninguém fica preso a um ponto. No edital, eles querem que a gente trabalhe nos fins de semana nos pontos estabelecidos. Mas nesses dias costumamos faturar em eventos. Precisamos do direito de ir e vir”, explica.
Por volta das 11h, uma reunião foi marcada entre os empresários e representantes da Prefeitura.
Resultado
O secretário Reginaldo Cordeiro, de Urbanismo, e o Chefe de Gabinete Itamar Abib Neves, receberam a comissão dos truckeiros no fim desta manhã. Segundo o vice presidente da Associação Paranaense de Food Trucks (APFT), Antônio Tanaka, o encontro foi positivo, já que ficou acordada a inclusão de um membro da APFT como participante da Comissão de Food Trucks e a revisão de pontos do decreto que podem gerar interpretação dúbia. No entanto, nenhuma mudança foi feita no edital até então.
Para Cordeiro, o encontro foi válido porque a atividade de food truck é nova e há uma série de aspectos que limitam seu exercício, como a legislação de trânsito – e por isso o debate é permanente. No entanto, ele ressaltou que desde a aprovação da lei municipal sobre o assunto na Câmara de Vereadores a administração municipal vem promovendo reuniões com entidades como Abrasel-PR, Abrabar, Seha (Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação), Fecomercio e Associação Comercial do Paraná, buscando um denominador que agradasse as diferentes partes envolvidas.
“A elaboração do edital foi feita com a participação de associações e sindicatos, numa ampla discussão sobre pontos que poderiam gerar conflito. O decreto também não foi feito apenas pelo poder público. Foi trabalhado junto com as entidades de comércio estabelecido e food trucks”, afirmou. Uma nova reunião acontecerá no dia 22 de junho, na Secretaria de Urbanismo.