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Cientistas da Austrália descobrem grama com gosto de salgadinho
Cientistas da Universidade da Austrália Ocidental fizeram uma curiosa descoberta durante uma pesquisa de campo recente: uma espécie de grama que, além de cobrir os campos onde se desenvolve, também possui um característico sabor de salgadinho de sal com vinagre.
“Alguém lambeu a mão e sentiu o sabor de salgadinho de sal e vinagre”, explicou o pesquisador Matthew D. Barret, em entrevista a uma emissora local de televisão. A descoberta de Barret e Ben Anderson foi durante a classificação de 64 espécies de gramíneas que resultaram em oito novas variedades em locais que antes não haviam sido pesquisados. A planta com gosto de salgadinho é a Triodia scintillans e foi encontrada em uma localidade próxima à Perth, no sudoeste da Austrália, quando um dos cientistas manuseava a planta.
Não é algo incomum as gramíneas terem uma secreção ao longo do caule. “Essas gotículas ficam dentro de minúsculos pelos que, se a gente olhar bem de perto e com atenção, consegue ver”, explica a bióloga, mestre em botânica e doutora em Ecologia e Conservação, Juliana Wojciechowski.
No entanto, apesar do curioso gosto, o pesquisador Emer Longo, da empresa curitibana Esalgarden, diz que “ninguém deve sair por aí lambendo capim. Isso porque o estômago humano não é próprio para a ingestão destas plantas, diferente dos bovinos, que possuem um sistema digestivo preparado para isso”.
Juliana explica que os humanos consomem algumas espécies de gramíneas no seu dia a dia sem perceber: arroz, milho e centeio, por exemplo, “são grãos que a gente começou a plantar quando deixamos de ser nômades, são as gramíneas pra alimentação”.
Algumas ervas utilizadas para chás também são gramíneas. “A folha do capim-limão a gente faz chá, mas não come. Isso porque ela parece uma serrinha, e a gente corta para poder preparar”, explica a bióloga. A folha do capim-limão tem cristais que podem cortar a língua se alguém resolver lambê-la.
Outro uso que algumas pessoas têm dado às gramíneas é para a produção de sucos naturais. Emer Longo explica que “existem os sucos detox com germinados de trigo e também os brotos, mas não dá para sair por aí fazendo teste de folhinha em folhinha”.
Grama versus PANC
A nova espécie de grama ainda está sendo estudada, mas, no futuro, pode fazer parte do que é chamado de PANC, ou Plantas Alimentícias Não Convencionais. Ter uma espécie assim, descoberta na Austrália, não é algo fora do comum, uma vez que o país tem grande variedade de espécies de fauna e flora ainda desconhecidas, e um dos ecossistemas mais ricos do mundo.
Mas, ainda é preciso fazer muitas pesquisas sobre estas variedades. Entre as PANC que são parte de outra classificação sem ligação com as gramíneas, há variedades muito usadas no Brasil para a alimentação.
O chef Ivan Lopes, do restaurante Mukeka, por exemplo, frequentemente usa taioba e ora-pro-nóbis em pratos. “Estas variedades, que são bem brasileiras, são usadas em pequenas quantidades”, explica. “Já a grama, acho difícil”, completa.
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