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Abrasel pressiona o governo a reduzir o imposto do vinho importado no PR
A Abrasel-PR lançou nesta terça-feira (15) uma campanha nas redes sociais para pressionar o governador Beto Richa a baixar os impostos sobre o vinho importado no Paraná, que desde o final de 2015 se tornou o mais caro do Brasil. Em postagem no Facebook, a entidade convida seus seguidores a compartilharem a indignação pela atual situação tributária no estado. Muitos chefs e restaurateurs de Curitiba manifestaram apoio à iniciativa e ajudaram a viralizar a ação.
“Os empresários não estão aguentando a carga tributária e precisamos alertar a população que o valor que a clientela paga pelo vinho não vai para o nosso bolso”, explica Marcelo Woellner Pereira, presidente do conselho estadual da Abrasel-PR. Segundo os cálculos divulgados pela entidade, 65% do preço da garrafa vai para os cofres públicos. “Queremos sensibilizar o governador para voltarmos ao patamar de novembro de 2015, quando a arrecadação do governo sobre cada garrafa era de cerca de 40% contra os atuais 65%”, afirma o representante da entidade.
Uma reunião entre alguns empresários do setor e Richa foi realizada em 25 de fevereiro. Eles disseram que o governador se sensibilizou pela situação e teria agido para ir ao encontro da demanda do empresariado. Desde então, porém, não houve avanços e isso motivou a ação da Abrasel-PR. “Estamos pensando em divulgar a nossa campanha nos restaurantes por meio de banners ou colocando isso nos cardápios”, anuncia Pereira.
O vinho ficou mais caro a partir de dezembro de 2015 quando o governo federal mudou o cálculo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre a bebida: o antigo valor incidia por R$ 6 sobre cada garrafa, agora é de 10% por garrafa. Em janeiro subiu também o imposto estadual: o valor da substituição tributária praticamente dobrou, passando de 27,23% para 52,45%. Para fazer uma comparação, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é de 30% no Rio Grande do Sul, 27% em São Paulo e 44% em Santa Catarina.
A alta na tributação, alertam os empresários do setor, prejudica o setor da gastronomia, estimulando o contrabando (ainda mais pelo fato do Paraná ter uma tríplice fronteira) e afetando a clientela. “Tive que corrigir os preços porque o negócio mal está se pagando. Fizemos uma equação para subir os preços, mas não muito, para não perder o cliente”, explica Beto Madalosso, proprietário do Forneria Copacabana. Nos últimos meses, ele reparou que cada vez mais fregueses começaram a levar o vinho de casa ou a optar pelos rótulos mais baratos da carta.
“Um dos problemas é que os impostos são cobrados na hora da compra e não da venda, então estamos pagando antes de vender bebida, e nesse momento as vendas são baixas”, afirma o empresário. Ele defende a volta aos níveis antigos de tributação e a atuação de uma reforma para simplificar os cálculos. “Todo político na eleição promete avanço na economia e reforma tributária, mas depois é sempre o oposto. Somos pegos sorrateiramente pelas ações do governo que atacam o produto do consumidor”, lamenta o restaurateur.