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Rodrigo Hilbert mata cordeiro no Tempero de Família e causa polêmica nas redes sociais

A GNT retirou do site, nesta segunda-feira (14), o episódio do programa Tempero de Família em que Rodrigo Hilbert mata cordeiro e prepara um churrasco. As cenas, que foram ao ar na última quinta-feira (10), mostram o apresentador capturar o animal para fazer um churrasco rústico típico de Santa Catarina.
A filmagem não mostra o momento em que o animal é degolado, mas o exibe pendurado com o sangue escorrendo até a bacia que fica aos pés do apresentador. Em seguida, Hilbert e um pecuarista retiram os órgãos internos, a cabeça e o pelo, temperam a carne e fazem um churrasco. O apresentador chega a dizer que a carne do animal é tão macia que parece a de um sofá. As imagens repercutiram nas redes sociais causando indignação e polêmica. Uma petição, que pede o afastamento do apresentador, tinha mais de 6 mil assinaturas até as 18h desta segunda.
O canal emitiu um comunicado para explicar as imagens: “A ideia desta temporada do Tempero de Família é retratar, de forma documental, os hábitos alimentares de produtores rurais familiares que passam de geração para geração e as maneiras artesanais de preparo das receitas. Ao longo da temporada, Rodrigo esteve em casas de famílias que mostraram como plantam e colhem seus próprios alimentos e também visitou pequenos produtores que criam animais, principalmente para consumo de suas famílias. Inserimos as imagens no programa para documentar a origem dos alimentos que chegam à nossa mesa. Entendemos que as imagens podem ser fortes e, em respeito às manifestações do nosso público, decidimos retirá-las do programa”.
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Confira a entrevista com Rodrigo Hilbert sobre a estreia da 7ª temporada de Tempero de Família
Rodrigo Hilbert atende ao telefone e se desculpa pelo fato de a entrevista ter sido remarcada. Na data prevista, havia passado o dia intercalando reuniões com funções de pai. “Filho com febre, dor de garganta, fiquei todo enrolado, levei para o hospital, uma correria danada”, justificou.
Para evitar o contágio de um irmão para outro, os gêmeos João e Francisco foram colocados em quartos diferentes. Já as muitas reuniões envolviam a divulgação da sétima temporada de Tempero de Família, que estreou no GNT no dia 10. Rodrigo, 35 anos, comemora ter voltado às suas origens, em Orleans (SC), para mostrar a vida de pequenos produtores rurais e, assim, desenvolver novas receitas. “Nunca gostei de sair para procurar restaurantes. A comida mais fresca que você pode encontrar é na sua casa, você realmente sabe o alimento que está consumindo”, explica.
Nos 13 futuros episódios, que serão exibidos até 2 de junho, Rodrigo segue com sua fórmula descontraída de preparar “comfort food” com ingredientes acessíveis. O hábito de cozinhar, aprendido com a mãe na infância – quando ela deixava o almoço pré-pronto e ele tinha que finalizar e servir para a família – deixou de ser só hobby. A carreira de ator, com 10 novelas e três filmes na bagagem, ficou de lado desde 2013. Se antes apenas Fernanda Lima e os filhos testemunhavam o pai lidando com as panelas, desde a estreia do programa seu estilo passou a ser conhecido em todo o país. A seguir, Rodrigo fala sobre culinária e outras paixões.
Quais são os destaques da nova temporada de Tempero de Família?
Fomos para a Serra do Rio do Rastro mostrar parte da minha região. Em Orleans, há muitos colonos. Nossa ideia era focar nesses pequenos produtores, que são muito importantes ali. Não ganham muito dinheiro, mas vivem felizes com qualidade de vida. Fizemos programas lindos, sou apaixonado por aquela serra.
Sair do interior para viver na cidade grande foi muito marcante?
Nossa, foi muito difícil. No dia em que fui embora, minha família me dando tchau, eu queria ser forte. Mas entrei no carro do meu primo e chorei feito louco. Desespero. Pensava: “O que estou fazendo?”. Caí na rodoviária do Tietê com três malas, uma só de comida. Minha mãe mandou queijo, salame, pão de milho, tudo da colônia. Cheguei na agência de modelos e nem tinha onde dormir nos primeiros dias. Mas a gente vai vivendo e aprendendo. Graças a Deus, passei por tudo isso.
Como foram os primeiros contatos com o mundo da moda?
Sou meio bicho do mato. Nunca fui para a moda pelo glamour. São Paulo não era a cidade que eu queria. Não fazia parte de mim. Vim para o Rio, fiz um teste de TV, pensei: “Nossa, é isso que quero fazer”. Mas eu era muito despreparado, um garoto do interior sem noção nenhuma de TV. Procurei um curso de teatro, do Antonio (Amâncio, hoje seu empresário). Fiquei anos fazendo teatro. Fui chamado para um teste de novela. Antonio me disse: “Tu não está preparado”. Continuei fazendo comerciais até que um dia peguei um personagem. Depois outro e outro. Vieram uns bacanas, outros nem tanto.
Como se deu a passagem da carreira de ator para a de apresentador?
Tenho essa coisa inquieta, né? Estava lá fazendo Fina Estampa, contratado da Globo, maravilha. Esse projeto foi uma surpresa. Sempre cozinhei, desde moleque. Minha mãe (Suzete, professora, lecionava em três turnos) preparava a comida e deixava para eu finalizar no dia seguinte. Em São Paulo, cozinhava para a galera toda. Quando eu e a Fernanda ficamos juntos, também sempre cozinhei. Um dia, estava fazendo uma galinha ensopada com macarronada e salada de batata, meu prato predileto. Fernanda tinha chamado uma amiga, a produtora Gisele Matta. Ela chegou lá em casa, a gente começou a brincar, ela gravando atrás de mim durante o preparo. Editou o vídeo, ficou maneiro. Mandou para um amigo no GNT, o canal adorou e assim começou. Não gosto de sair para restaurantes, então era tudo comigo, inventava pratos e mais pratos. Mexo com a Fernanda dizendo que ela só voltou a comer bem comigo. Sem falar que era vegetariana até a gravidez. Quando voltou a comer churrasco, comemorei, “Ô, beleza”, fazia todo fim de semana.
Como você se alterna entre a comida do dia a dia e a alta gastronomia?
Minha forma de fazer é a culinária tradicional, mas gosto muito da alta gastronomia. Adoro sentir sabores sem ter a cara do alimento. Isso tem muito lá no Mani, o restaurante da Fernanda (cuja chef é a gaúcha Helena Rizzo). Tem um pratinho pequeno, são umas esferas de feijão, você bota na boca e sente o gosto de uma feijoada completa. Meu Deus, como conseguem fazer isso? Sou fã, mas não estudei para isso. Outra coisa é a urgência do dia a dia. Como você vai se alimentar bem tendo que acordar às 6h da manhã, mandar os filhos para a escola, ir para o trabalho, comer na rua, chegar em casa de noite, fazer janta e repetir no outro dia a mesma rotina? Por isso que as pessoas vão para o lanche, principalmente aqui no Rio. A cidade vive de lanche. As pessoas saem da praia e passam no açaí, em cada esquina tem uma casa de sucos. Isso você não tem muito aí no Sul, né?
Não, aqui é só xis em cada esquina mesmo.
É verdade, aí tem isso do xis, pelo menos aqui é mais saudável (risos). Apesar de eu amar prensado, xis-salada, bauru. A primeira receita que fiz na vida foi xis, desde o pãozinho até a carne. Esse negócio do lanche a gente tem que ter cuidado, precisa de uma refeição completa. As pessoas estão começando a ter consciência disso. Muita gente me diz que que voltou a cozinhar depois de ver o Tempero. Até porque estamos numa crise, não se pode comer fora todo dia. E hoje cozinhar é a minha paixão. A outra é a serraria. Meu avô (seu Aine, falecido em 2008) era serralheiro, uma lenda na cidade, mestre na arte de moldar ferros. Minha primeira profissão foi soldador, aos 12 anos. Tenho uma oficina no sítio, com solda e torno. Brinco, monto, desmonto, quebro, sou meio engenhoso. Nada em casa chamo alguém pra consertar, tudo quem arruma sou eu, acredite.
Acredito, mas muitos nem trocam a lâmpada… (risos)
Eu não troco lâmpada. Eu vou lá em cima no forro e conserto toda a fiação elétrica (risos). Tenho muito orgulho de poder dizer isso e que faço as duas coisas que mais amo na vida, a serraria e a cozinha, além do ciclismo. Vou fazer a Brasil Ride, a segunda prova mais difícil do mundo. São sete dias na Chapada Diamantina, 600 quilômetros. Treino todos os dias, saio às 6h, volto para tomar café em casa com todos.
Como é a rotina de vocês em família?
A gente optou por deixar as manhãs livres, pois as crianças estudam à tarde, então sempre ficamos juntos até o meio-dia. Óbvio que tem vezes que a gente não consegue seguir o plano, mas é nossa prioridade. Educação é estar perto, estar junto, deixar a criança se expressar, orientar, e não simplesmente dar a resposta pronta, falar que é isso, aquilo, e acabou. Às vezes a gente erra, é claro, e erra muito. Descobrimos uma coisa diferente sobre eles todos os dias e temos que ir adaptando.