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Michel Friou é a alma francesa do Chile

Gilson Garrett Jr.
12/12/2015 00:00
Nas grandes degustações ao redor do mundo, o chileno é sempre comparado aos célebres vinhos de Bordeaux, na França. Inclusive, chega a passar dos R$ 900 no varejo. O rótulo reúne a melhor parte da produção de cada país. A vinícola foi criada em 1997 com uma joint entre a francesa Baron Philippe de Rothschild e a chilena Concha y Toro, a principal do país andino.
Encravada na região do Maipo, no Chile, a vinícola tem um dos melhores terroirs do país. Assim como os vinhos de Bordeaux, utiliza predominantemente a Cabernet Sauvignon para a produção dos seus rótulos. A bebida também é envelhecida em barris de carvalho francês.
Mas para ser um vinho comparado a um Bordeaux é preciso muito mais do que utilizar as técnicas de produção francesas. É necessário ter alma francesa. E ela vem da condução da maison. O francês Michel Friou comanda toda a produção desde 2007, mas chegou ao país andino alguns anos antes por intermédio do também francês Michel Roland, um dos grandes nomes da vinificação mundial e que já prestou consultoria a vinícolas brasileiras.
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Ele conversou com o Bom Gourmet minutos antes de uma degustação exclusiva de três safras: 1999, 2012 e 2013. Falou sobre as comparações, a produção e deu dicas para quem quer aprender mais sobre o mundo de Baco.

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O Almaviva tem alma francesa?
Pensando em vinhos finos, não podemos comparar. A França tem muito mais experiência que o Chile. Mas temos grande influência francesa, principalmente no conceito da produção. Uma delas é estarmos focados nas características do solo, no terroir. E a nossa inspiração está na região de Bordeaux. Também utilizamos o conceito de Château [grandes propriedades vinícolas da região francesa]. Usamos castas como Cabernet Sauvignon, Merlot e Carménère que são uvas típicas da região. E claro, como eu sou francês, também há uma contribuição muito grande do país.
Qual é a posição do Chile no Novo Mundo?
Não é fácil concorrer com vinhos bem posicionados. Mas acredito que o Chile tem credibilidade e capacidade de produzir grandes vinhos finos. Competimos também com vinhos do Velho Mundo pois nos percebem como um vinho chileno de grande influência francesa. Nós chegamos a concorrer com os Grands Crus de Bordeaux [vinhos com denominação de origem].
Geralmente a uva Cabernet Sauvignon é indicada para as pessoas que começam a degustar vinhos. Quais outras castas você indicaria para uma pessoa que quer ir além?
Primeiro a pessoa deve perceber o seu gosto, se prefere vinho branco ou mais maduros, por exemplo. Se está no começo, não pode ir para vinhos muito caros. Tem vinhos muito bem feitos com um preço mais baixo. Recomendo as uvas Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay. É importante fazer um exercício de identificar as características de cada uma e da produção do vinho. Experimente também outros vinhos da mesma região. Assim, com certeza, vai ter mais prazer na hora de degustar.

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Como foi a degustação, por Guilherme Rodrigues

Com a presença do enólogo Michel Friou, foi apresentado em primeira mão em Curitiba, com exclusividade para o Bom Gourmet, a próxima colheita do célebre tinto Almaviva. Trata-se da safra de 2013 do desejado ícone, que estará à disposição do público brasileiro a partir do final deste ano, início de 2016. A prova ocorreu no restaurante La Varenne, com o serviço do sommelier José Vinicius Chupil. Michel veio especialmente para a apresentação, acompanhado do diretor comercial da vinícola, Francisco Zilleruelo . Além da novidade, foi servido o Almaviva 2012, que tanto tem encantado os aficionados, assim como o raríssimo 1999, o terceiro da triunfal série.
Comparando 2012 com 2013, podemos dizer que o último é mais elegante, com mais profundidade; enquanto o primeiro é mais carnudo, mais opulento. Para facilitar: 2013 lembra o tipo de beleza de Gisele Bündchen, enquanto 2012 é bem Sophia Loren.
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Almaviva 1999
Almaviva – Puente Alto – Chile
Nota 93
Um testemunho ao excelente potencial de evolução do vinho. Nasceu mais austero e potente. Ganhou complexidade e riqueza com a idade, além de uma sofisticação especial. Aromas e sabores de fruta vermelha madura e evoluída, com limpidez crescente e boa estrutura. Estofo para melhorar e refinar ainda nos próximos 5 a 7 anos. Bem melhor do que outra garrafa provada cerca de 3 anos atrás. 78% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère e 3% Cabernet Franc.
Onde encontrar: não disponível no Brasil.
Almaviva 2012
Almaviva – Puente Alto – Chile
Nota 95
Bem conhecido dos aficionados, um dos mais atraentes, voluptuosos e bem sucedidos Almavivas. Carnudo, cheio, sensual, porém com grande elegância. Quase de mastigar, o frutado maduro de excelente qualidade, a frutos vermelhos, inunda o sentido em vagas cálidas e acariciantes. Bela complexidade e um formidável equilíbrio e frescor face à grande riqueza do vinho. Uma obra de arte, com ênfase no lado voluptuoso do Almaviva. Amor ao primeiro gole. Cabernet Sauvignon 65%, Carménère 24%, Cabernet Franc 8%, Petit Verdot 2% e Merlot 1%.
Onde encontrar:  Adega Brasil – (41) 3014-0796 . Av. Cândido Hartmann, 1.485.
Preço: R$ 971,90
Almaviva 2013
Almaviva – Puente Alto – Chile
Nota 95
Um sucessor à altura para o celebrado 2012. Diferente em estilo, mais elegante e sofisticado, sem perder a personalidade própria do Almaviva. O ano vitícola foi o mais prolongado e a colheita foi a mais tardia de todas as 18 safras do Almaviva. Fator que permitiu uma maturação fenólica excepcionalmente bem sucedida. O corte leva 72% de Cabernet Sauvignon,19% Carmenere,2% Cabernet Franc,6 % Petit Verdot e ,1% Merlot. Toda a sensualidade e textura sedosa que são marcas registradas do Almaviva, com mais elegância e profundidade. Fruta madura cristalina brilha com nuances a cassis, amoras e ameixas. Mais profundo, taninos refinados, acidez fina e refrescante, uma boa mineralidade por baixo. Notas adicionais e refinadas a cacau, tabaco, caixa de charutos. Bebe lindamente e tem um fabuloso potencial futuro.
Onde encontrar: disponível no Brasil em breve.

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