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Conheça a francesa que comanda um dos bistrôs mais tradicionais de Curitiba

Guilherme Grandi
25/09/2019 12:00
“O próximo passo é manter a alma de bistrô e a tradição”. É com esse desejo que a restauratrice francesa  Fanie Delatte prevê o futuro do restaurante L’Épicerie, aberto há 12 anos no bairro do Bigorrilho, em Curitiba, servindo o mesmo cardápio de pratos tradicionais franceses praticamente sem mudanças.
A casa na Rua Fernando Simas é como um pedacinho de Paris na capital paranaense servindo clássicos como o Boeuf Bourguignon (R$ 74), o Entrecôte com mostarda Dijon (R$ 68) e o Magret de pato (R$ 98) servidos de acordo com as receitas clássicas.
Fanie Delatte, restauratrice do L'Épicerie. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
Fanie Delatte, restauratrice do L'Épicerie. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
Para Fanie, é exatamente isso que mantém o restaurante aberto há pouco mais de uma década com uma clientela fiel. Ela chegou a cidade sem conhecer ninguém e abriu as portas em meio a opções tradicionais já consolidadas, como Île de France e Boulevard. A restauratrice, que veio da França para o Brasil por conta de um amor aos 24 anos, considera que teve muita sorte do L’Épicerie ter dado certo.
“No começo, lá em 2007, foi um grande desafio, pois não conhecíamos ninguém. Simplesmente abrimos as portas e contamos com a propaganda de boca a boca, principalmente das meninas da Cuore di Cacao, vizinhas do restaurante. Teve a questão das novidades, curitibanos adoram novidades, mas as pessoas continuaram vindo depois”, conta.
Foi ainda nos primeiros anos de funcionamento que ela percebeu que não precisava tentar coisas novas no restaurante, que os clientes queriam exatamente aquilo que o L’Épicerie tinha: um ambiente pequeno, com atendimento casual e um cardápio até então com apenas sete pratos e algumas entradas e sobremesas. Não à toa, os primeiros prêmios começaram a ser concedidos já no segundo ano de operação.
“Então a gente tem cliente que vem uma vez na semana ou a cada duas semanas e pede sempre o mesmo prato, como o Magret, os mignons, o gratin de batatas e os molhos. A excelência e o padrão vêm da repetição, essa é a minha proposta. Não sinto a necessidade de mudar”, explica a restauratrice que se formou em hotelaria no renomado Institute Vatel em Lyon, na França, e passou por restaurantes cariocas do chef Claude Troisgros, como o aberto especialmente para a exposição de Picasso no Museu de Arte Moderna do Rio, em 1999, e o Boteco 66, na Barra da Tijuca, fechado no final da década.

Mãos às panelas

Mignons, molhos e gratin de batatas: carros-chefe do L'Épicerie. Foto: Divulgação
Mignons, molhos e gratin de batatas: carros-chefe do L'Épicerie. Foto: Divulgação
No entanto, se engana quem pensa que é Fanie quem toca as panelas do L’Épicerie. Se for preciso, ela até vai para a cozinha, mas é o marido Gustavo Alves que assumiu a missão de preparar os clássicos franceses sugeridos pela esposa. O servidor público carioca passou a ajuda-la no forno e no fogão poucos meses depois que o restaurante foi aberto, quando o chef que ela tinha contratado simplesmente sumiu. Era um sábado a noite e Fanie estava sozinha na cozinha.
“Ele não tem nada a ver com gastronomia, mas foi aprender a cozinhar para me ajudar no restaurante. É um autodidata, começou a ler livros e aprender as receitas que eu sugeria, e ficou oito meses me ajudando na cozinha. Então, basicamente, eu dava o referencial dos pratos e ele executava elaborando as receitas e as fichas técnicas. Depois eu provava para ver se estava do jeito que devia ser”, lembra.
O referencial que Fanie tem é das receitas que a mãe e as duas avós faziam em casa, na cidade de Courchevel, nos Alpes franceses. Ela conta que as famílias mais antigas da França tinham esse hábito de cozinhar, de colocar a mesa para receber os amigos e familiares, e essa região em especial é muito turística. Então tudo é muito bem arrumado e preparado nos mínimos detalhes.
Por conta disso, Fanie foi para Cannes, Londres e Paris estagiar em restaurantes e hotéis antes de vir ao Brasil. E a experiência que adquiriu serviu para abrir o bistrô francês em Curitiba.

Mais democrático

Salão do bistrô L'Épicerie. Foto: Divulgação
Salão do bistrô L'Épicerie. Foto: Divulgação
A tradição do L’Épicerie foi muito bem até 2014, quando os primeiros sinais da crise começaram a bater na porta dos restaurantes. “O movimento caiu 60% praticamente de uma hora para a outra”, lembra a restauratrice, que se viu no dilema de manter tudo como sempre foi ou flexibilizar o cardápio do restaurante para não perder mais clientes.
Fanie precisava se reinventar para tirar o senso de que o L’Épicerie era um restaurante caro para a maioria das pessoas. Então decidiu a abrir no horário do almoço de sexta a domingo com um cardápio próprio, implantou a rolha livre e adotou menus temáticos mais em conta nas noites de terça e quinta (Les Sauces em Fête, a R$ 69 por pessoa com duas opções de entrada, duas de prato principal e uma sobremesa), além de participar de festivais com menu completo a preço fixo como o Festival Bom Gourmet.
“O L’Épicerie é caro porque os insumos são caros, eu não tenho um risoto ou uma massa que deixa o restaurante igual aos outros. A proteína é cara, o vinho que eu uso para preparar as comidas é caro, os legumes são caros. Mas, com os novos preços, dá para provar um menu especial de R$ 59 nos festivais (incluindo o Festival Bom Gourmet, que ela participa anualmente) ao lado de um cliente que está com um prato de R$ 119 (Tournedos Rossini, o filé mignon com foie gras e redução de vinho do Porto)”, explica.
Com isso, o restaurante passou a ser mais democrático. Entre os menus completos mais em conta está o recém-lançado Printemps, com opções vegetarianas a R$ 89 por pessoa. E ainda o Low Carb (com uma proteína e vegetais) e o Paris (com filé mignon alto ao molho de shitake e queijo azul Bergader) a R$ 96 cada.
Serviço:
L’Épicerie
Rua Fernando Simas, 340, Bigorrilho
Horários de atendimento: almoço de sexta a domingo, das 12h às 15h. Jantar de terça a quinta, das 19h às 23h, e sexta e sábado, das 19h à 0h.
(41) 3044-4744.

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