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Blogueira do Flor de Sal lança livro com receitas da avó em versões veganas
A arquiteta mineira radicada em Curitiba Gabi Mahamud, idealizadora do blog de culinária Flor de Sal, lançou neste mês seu primeiro livro de receitas veganas e sem glúten. O livro, cujo título é “Flor de Sal”, apresenta 60 pratos que entraram na publicação vão desde as adaptações veganas das comidas que a avó fazia quando ela era criança, como biscoito de polvilho e feijão tropeiro, passam por receitas de salgados, doces e snacks e chegam até a dicas de como desperdiçar menos alimento.
Essa por sinal é a bandeira de Gabi com o projeto social Good Truck, que desde 2016 transforma ingredientes excedentes de feiras, supermercados e restaurantes em refeições para pessoas em situação de rua em Curitiba e tem a premiada chef Manu Buffara, do restaurante Manu, como madrinha.
O evento de lançamento do livro, da editora Alaúde, será realizado no piso L2 do Pátio Batel, no dia 19 de maio, a partir das 16 horas. Além do lançamento da publicação, o evento terá uma aula de ioga com meditação, uma mesa redonda sobre saúde e também tendências de gastronomia com a autora. O livro custa R$ 35 e está sendo vendido na Amazon e nas principais livrarias do país.
Confira a entrevista de Gabrielle Mahamud ao Bom Gourmet:
O que o livro vai trazer para os leitores?
O livro reflete um pouco do que eu me proponho a falar no blog. Então tem a pegada de sustentabilidade, mas também outras coisas. Porque eu acredito que a saúde, por exemplo, é um resultado de vários fatores. Então eu trago também dicas de equilíbrio espiritual para as pessoas se conectarem com aquilo que estão comendo. Para que a comida não seja algo banal.
O livro traz também dicas de como desperdiçar menos comida, que tem a ver com o meu trabalho social no Good Truck. Tem um capítulo que fala sobre sabor porque é difícil encontrar comida boa na rua. Tem uma parte que eu dou dicas de como você mudar o mundo através de você mesmo. São coisinhas que você pode implementar no seu dia a dia, mas que se tornam grandes a longo prazo.
Então o livro vai muito além de ensinar algumas receitas veganas…
Eu brinco que a comida é só uma isca para as pessoas me ouvirem. Tem muito mais coisa envolvida. Eu quero mesmo é que as pessoas se responsabilizem pelas escolhas delas e consumam de forma mais consciente.
Da onde veio a inspiração das receitas?
Quando eu fui pensar nas receitas para o livro, primeiro eu queria fazer umas coisas bem doidas de combinação de sabor para mostrar que dá para fazer alta culinária em casa, com ingredientes saudáveis e sustentáveis. Mas depois pensei que ninguém ia cozinhar essas coisas né? Então eu decidi que me faria mais feliz saber que alguém que está em casa utilizando meu livro para o dia a dia. Por isso escolhi receitas que as pessoas possam fazer no dia a dia, todas adaptadas à versões veganas. São receitas que muita gente já é familiarizada, mas talvez não conseguiam comer fora de casa, como torta de limão, estrogonofe, leite condensado. São receitas que vão ajudar as pessoas a ganharem autonomia na cozinha.
E qual seria a diferencial das suas receitas veganas para as que têm em outros livros, por exemplo?
Eu sou muito crítica com sabor, sou chata mesmo. Então ao invés de ser mais uma receita de estrogonofe vegano, já que existem mil, é a minha versão. Eu sei que ela é gostosa, é testada. Muitas pessoas que trabalham com cozinha vegana, não dominam técnica culinária. Não sabem como construir sabor dentro do prato. Então eu quis ressaltar bastante isso dentro do livro. Para as pessoas verem que dá para comer bem, comer saudável, sem impactar o meio ambiente, mas com sabor. Com prazer. Inclusive o primeiro capítulo do livro é só de receitas que a minha avó fazia para mim. Nós somos uma família mineira, então tem lá a receita dela do pão de queijo, que ao invés de levar queijo leva abóbora. Tem o bolo de cenoura dela, só que vegano. Além disso, todas as receitas são sem glúten. Eu tentei ser o mais democrática possível, sem perder a relação com a minha história.
Você comentou do seu projeto social, o Good Truck, como ele está hoje?
A essência continua a mesma, mas a prática mudou bastante. Antes a gente só pegava a comida, preparava e distribuía. Era essa a frente que nós agíamos. Quando eu comecei a perceber como os voluntários saíam mexidos das ações, eu decidi fazer alguns trabalhos a mais com eles. Começamos a aplicar algumas dinâmicas, como meditação e outras ações de desenvolvimento pessoal. Queremos fazer que o voluntário saia da experiência se sentindo um agente transformador e consumindo com mais responsabilidade na vida. Porque a transformação nas duas pontas, alimento e moradores de rua, já acontecia naturalmente. Eu queria ir além disso.
Quais outros tipos de atividades você faz com os voluntários?
Nós também discutimos sobre os maiores problemas no mundo hoje e possíveis soluções. Instigar o próprio voluntário a refletir como ele pode se responsabilizar sobre esses problemas. Fazemos também atividades de energização e outras dinâmicas dependendo do perfil do grupo que está participando. Hoje nós usamos a cozinha que fica no Pátio Batel, que é nosso parceiro desde o início, para fazermos as refeições do Good Truck. A Manu Buffara continua sendo a madrinha da ação, mas no geral muita gente passa e ajuda o Good Truck. Eu já viajei o Brasil todo falando sobre o projeto, mas continuamos atuando aqui em Curitiba. Temos planos para levar o projeto para São Paulo em breve.