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François Nony, o franco-brasileiro dono de duas renomadas vinícolas de Bordeaux

Andrea Torrente
16/09/2018 21:00
“O desafio no Brasil é fazer com que o consumidor entenda o diferencial dos vinhos de Bordeaux: são vinhos com frescor, harmonia, ideais para acompanhar a comida”, explica François Nony, proprietário do Château Caronne Sainte Gemme e Château Labat, duas das vinícolas mais renomadas de Bordeaux, na França.
François Nony, dono do Château Sainte Caronne-Gemme e do Château Labat, em Bordeaux. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
François Nony, dono do Château Sainte Caronne-Gemme e do Château Labat, em Bordeaux. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
O nome tipicamente francês engana os desavisados. François Nony, 59, nasceu em São Paulo onde morou até os oito anos de idade, antes que a família regressasse à Europa. Após morar na Inglaterra e em Paris, o empresário se estabeleceu em Bordeaux, onde no final da década de 1990 passou a administrar as duas vinícolas da família localizadas no distrito de Haut-Médoc: o Château Caronne, criado em 1648 e que pertence à família Nony desde 1900, e o Château Labat, comprado em 1930.
Nesta semana, o vitivinicultor visitou o Brasil e em sua passagem por Curitiba promoveu, em parceria com a importadora Porto a Porto (que comercializa seus vinhos desde 2008), uma degustação vertical de cinco safras do célebre Caronne St.e Gemme: 2000, 2005, 2009, 2012 e 2014. O evento foi realizado na churrascaria Badida.
Esse rótulo é elaborado com as castas icônicas da região bordalesa: Cabernet Sauvignon (65%) e Merlot (35%). Uma safra ou outra pode ter pequenas adições (3 a 5%) de Petit Verdot.
Degustação vertical de Château Caronne. Safras: 2000., 2005, 2009, 2012, 2014. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
Degustação vertical de Château Caronne. Safras: 2000., 2005, 2009, 2012, 2014. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
A safra de 2000 foi a primeira elaborada sob o comando de François e a de 2005 uma das melhores das últimas décadas, segundo o empresário. A única disponível no Brasil é a de 2014 (preço sugerido R$ 173,90, distribuída pela Porto a Porto), com potencial de guarda para dez anos. Sob o seu comando, a vinícola se tornou
“A qualidade do vinho vem das uvas, mas o estilo se cria na cantina. O desafio para mim é explicar para o enólogo qual é o estilo do Caronne. Se eu fizer o vinho que o mercado pede, ele não vai ter personalidade”, afirma Nony. “O brasileiro gosta de vinho forte, com pouca acidez e muita doçura. Agora o próximo passo é evoluir para os vinhos de Bordeaux” diz.
Os vinhos de Nony, como todos os vinhos bordaleses, são gastronômicos, ideais para acompanhar uma refeição. Carnes assada e patês – iguarias típicas da região – são os pratos com que mais combinam, mas até uma massa vai bem. As únicas combinações que o produtor descarta são com tomate e melão.

Produção

Aguardando a colheita desse ano, Nony explica as dificuldades que os produtores de Bordeaux enfrentaram nos últimos anos. O ano de 2017, em particular, foi terrível para a região por causa da geada, a mais severa desde 1991. “Só 15% da safra foi poupada, mas a qualidade do vinho que vai chegar ao mercado será boa”, garante o empresário.
O Château Caronne produz atualmente cerca de 240 mil garrafas por anos, enquanto o Château Labat elabora cerca de 40 mil unidades. Os principais mercados são Inglaterra, Alemanha, China e Estados Unidos. O Brasil representa 2% das vendas e o objetivo do produtor é dobrar a cota nos próximos anos.

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