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“Quero resolver a alimentação do dia a dia”, diz Rita Lobo

A voz é a mesma da TV e a simpatia também. Rita Lobo é o que é. Em entrevista ao Bom Gourmet, por telefone, ela explicou como “abraça” públicos tão distintos, de quem está começando a se arriscar nas panelas até quem prepara pratos mais elaborados, no programa Cozinha Prática, do canal GNT. As dicas e truques apresentados ali e nas suas outras plataformas, como o site Panelinha e o canal de vídeo no Youtube, viraram livro, o “Cozinha Prática”, que será lançado na quinta, 1.º de outubro, durante a 34.ª Semana Literária Sesc XII Feira do Livro Editora UFPR, na Praça Santos Andrade em Curitiba.
A publicação é uma parceria entre a Editora Panelinha e a Editora Senac São Paulo. Formada em gastronomia pelo Institute of Culinary Education, dos Estados Unidos, ela começou a escrever sobre comida em 1995. Quem cozinha certamente conhece o site Panelinha, criado há mais de 15 anos pela ex-modelo e apresentadora. Como preparar um arroz perfeito à receita de um pudim de pão integral com creme de avelã são alguns posts do site. Outra atração que envolve toda a sua “cozinha prática” é o amplo e belíssimo acervo de peças, que ela faz questão de apresentar em todas as redes sociais que explora muito bem.
Na quinta, 1.º de outubro, às 17 horas, Rita Lobo estará na 34.ª Semana Literária Sesc XII Feira do Livro Editora UFPR, na Praça Santos Andrade, para o lançamento e sessão de autógrafos do livro “Cozinha Prática”.
Como surgem as ideias das dicas e truques que você dá no programa Cozinha Prática?
Temos o Panelinha há mais de 15 anos e de lá saiu a estrutura da editora e produtora. Tenho uma equipe que testa as receitas para cada temporada. Temos públicos distintos: o que está aprendendo e o que sabe, mas quer aprender mais. Além disso, mora no Brasil e tem hábitos complexos. O café da manhã de Pernambuco é diferente do de Curitiba. Damos dicas para facilitar o dia a dia. De quem chega na terça-feira à noite e encontra a geladeira vazia e tem que fazer comida para três crianças. Queremos ensinar a fazer arroz branco. Mas, e arroz do forno? E se sobrar? Há outro método para prepará-lo? Vamos testando as receitas. Mas a receita mesmo é a última coisa que pensamos. Por exemplo, temos o projeto de uma panela só no Youtube. A ideia é não fazer bagunça e nessa premissa tudo é levado em conta.
Ao mesmo tempo que você “desgourmetiza” a comida, o seu programa acabou dando um novo status à marmita.
A marmita acabou ganhando o status de descolada. Mas, a gente sente as coisas em função do Panelinha. Quais as dificuldades, quais as questões individuais. E estamos passando por um momento de contenção. E a marmita não interfere positivamente só no bolso, mas na saúde também. Temos que assumir que é legal. Não tem nada de errado.
Você tem usado muito bem as redes sociais (no Facebook tem mais de 156 mil curtidas, no Instagram, mais de 288 mil seguidores; mais de 5,9 mil seguidores no Periscope e mais de 2 milhões de visualizações no seu canal no Youtube). Como você as avalia?
As redes sociais são essenciais para qualquer empresa. Temos um desafio. Tanto que temos algumas ações, como o desafio Panelinha no Instagram. Temos que apresentar um cardápio que dê motivação, além das peças do acervo.
Falando no seu acervo, ele é um xodó, não? Como você começou?
Profissionalmente há cerca de 20 anos. Tem duas peças que são as que mais gosto. Dois pratos que comprei no Japão com 15 anos e antes disso, dei de presente um prato para minha mãe que comprei na Itália quando eu tinha 13 anos. Esse eu pego emprestado de vez em quando. Quando eu precisava fotografar, notei que usar sempre a mesma louça era menos legal. Aí comecei com o branco – o manchado, o texturizado. Depois, fui para os coloridos, estampados e fui aprendendo a combinar ao longo da montagem da coleção. Às vezes, não entendo como dá certo e tem técnica para isso. Acho que é do signo (risos). [Rita é libriana]
Assista à entrevista que Rita Lobo deu à Gazeta do Povo
E você usa essas dicas no seu dia a dia?
Totalmente. Minha rotina acaba sendo um pouco diferente. Levamos comida do escritório para casa (risos). O que se vê é o que é. Eu gosto de sair para jantar, mas esse mundo da gastronomia eu não uso no trabalho. Até temos receitas para o final de semana. Mas, o que eu quero é resolver a alimentação do dia a dia. Comida pronta não é saudável. Temos que fazer uma diferenciação importante. Não adianta dizer “na minha casa não entra comida industrializada”. Leite e arroz são industrializados. O que não podemos é aceitar a comida ultraprocessada. O caldo pronto, a lasanha, o macarrão instantâneo, o biscoito recheado. Só de cortar isso já é um ganho.
E como você avalia essa busca pelo comfort food?
No decorrer dos últimos 20 anos, a comida era um “não assunto”. Era coisa de dona de casa. Depois, virou gourmet. De repente, saúde. A sociedade moderna não quer comida pronta. A saúde acabou impulsionando. Acredito que tem espaço para tudo. Outra coisa que eu abordo no livro. A herança cultural e os hábitos alimentares são ferramentas poderosas contra o fast food. É importante que as pessoas saibam como fazer arroz, como cozinhar mandioca. É legal que elas conheçam e valorizem os hábitos alimentares do país.
Os livros de Rita

Esse é o quarto livro na carreira da apresentadora Rita Lobo. Ela já escreveu “Panelinha: receitas que funcionam” (Senac); “Cozinha de Estar” e “Pitadas da Rita” (Panelinha). Como publisher da Editora Panelinha, ela editou “Pão Nosso”, de Luiz Américo Camargo; “A cozinha baiana de Jorge Amado”, de Paloma Jorge Amado e “Jerusalém, sabores e receitas”, de Yotam Ottolenghi e Sami Tamimi.
A semelhança do livro “Cozinha Prática” com o programa não se resume apenas ao título. Os capítulos também foram organizados por ingredientes. Arroz, feijão, carne-seca, frango, ervas frescas, banana, entre outros. No livro há ainda receitas extras. No total, são 60 preparos, todos fotografados. Além disso, há truques e dicas de economia doméstica, como congelar (e descongelar) feijão e como conservar ervas frescas.
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Serviço “Cozinha Prática”, Rita Lobo. Editora Senac São Paulo e Editora Panelinha (2015). Preço sugerido: R$ 79.