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Dayse e Marcelo estão na final do MasterChef e o paulista canta vitória
A grande final do primeiro MasterChef Profissionais Brasil será entre Dayse Paparoto e Marcelo Verde. A prova que definiu a dupla finalista foi exibida na noite desta terça (6) e contou com pressão ao extremo e lágrimas com a saída de Dário Costa. Logo depois que o caiçara deixou o programa, Marcelo soltou a frase do mezanino: “Eu vou ser campeão, não acredito!”.
Mas o vencedor do programa vai depender muito da prova que será exigida na próxima terça-feira (13). Marcelo Verde tem uma pegada mais contemporânea, enquanto Dayse é mais clássica. Durante a entrevista no final do episódio, o cozinheiro de 27 anos, considera que essa diferença é o seu ponto forte. “A saída do Dário me traz tristeza como pessoa, como ser humano, mas pela competição um pouco animador porque sou um pouco mais forte do que a Dayse. Jamais que a Dayse seja fraca, mas ela vem de uma linha clássica, conversadora, e talvez, quem sabe, meu lado contemporâneo traga uma diferença no impacto da competição agora na final e eu seja vitorioso”, disse ele.
A aspirante a MasterChef porém soltou que ainda está no páreo. “Se eu cheguei até aqui é porque sou boa, ou eu errei menos. É bom o Marcelo ficar de olho porque eu quero ganhar esse negócio”, afirmou.
Na avaliação do ex-participante do MasterChef 2, Raul Lemos, durante o programa on-line Quentinha, o desempenho de Dayse foi similar em todas as provas desde o início do programa, tendo destaque em cinco provas – mesma quantidade de destaques que Marcelo teve. Dário, na sua opinião, caiu aos poucos, disputando cada vez mais provas eliminatórias, enquanto Marcelo, que havia começado mal no primeiro episódio, cresceu o suficiente para ficar na final.
No episódio final Dayse e Marcelo terão que preparar um menu degustação com oito pratos para apresentar aos chefs. “Nem sempre a loucura vence a tradição, Marcelo”, disse Raul durante o programa Quentinha, fazendo alusão ao MasterChef 2, em que ele perdeu para a cozinheira Izabel Alvares.
O episódio que decidiu a final
A tensão estava tão presente no penúltimo episódio do MasterChef Profissionais que era possível cortá-la com uma faca. Começando com uma caixa misteriosa que deslumbrou os cozinheiros Marcelo Verde, Dayse Paparoto e Dário Costa e os deixou em dúvida de qual preparação faria jus aos ingredientes orgânicos, trazidos ao estúdio pelos próprios produtores: ovos de pata e galinha, galinha-da-Angola, entrecôte dry aged (maturado), cogumelos enoki, frutas vermelhas, ervas e legumes. Os competidores tiveram 1h30 de prova para preparar um prato com quantos ingredientes da caixa quisessem.

Dayse não usou nenhuma proteína. Fez um ravióli de semolina com ovos de pata e galinha recheado de ricota com cenoura agridoce assada com tomilho e alho e cozinhou a massa em água com açafrão. Para o molho, fez espuma de brócolis, cebolinha e manjericão, combinação e apresentação que não agradou muito aos jurados. “Você poderia ter feito um molho bem verde. Sua massa está bem amarela e se a cenoura estivesse fora, bem crocante e quente, ficaria impactante”, sugeriu Paola Carosella. Fogaça fez coro: “Você é criativa e autêntica, mas não arriscou hoje. Ficou um prato ok”.
Marcelo e Dário escolheram o entrecôte dry aged, selando em frigideira, e serviram com guarnições ousadas. Marcelo escolheu purê de alho e picles de folha de cenoura, que deram contraste com a gordura presente na carne – o preparo destacado como o melhor entre os três pelos jurados. “Neste prato aparece o trabalho dos homens da terra”, elogiou Erik Jacquin ao se referir à valorização que Marcelo deu ao trabalho dos produtores. Paola chamou a atenção para a complementaridade dos três preparos no prato: “A gordura está mais presente na carne maturada porque a água evapora. Quando você usa gordura para prepará-la, fica incrivelmente deliciosa”, ensina. “Esse purê com picles de folha de cenoura foi o que transformou a carne grelhada em um prato da alta gastronomia. Ele sozinho é muito ácido, mas equilibra com a gordura”, completou a jurada. Henrique Fogaça terminou de comer o prato mesmo depois de já ter avaliado.
Dário apresentou sua carne dry aged cortada em retângulos e serviu com um chutney de frutas vermelhas, espuma de queijo e batatas assadas. “Eu fui lá e conversei com você, mas você é cabeça dura e continuou com a mesma ideia. Frutas vermelhas com boi não cai tão bem quanto com porco”, criticou Henrique Fogaça. Paola, em tom conciliador, comparou Dário ao chef inglês Marco Pierre White: “Os pratos que ele fazia nos anos 1980 tem um pouco disso. É controverso: nada do que tem personalidade agrada a todo mundo. O que está mal é que a carne maturada é mais caro que lagosta. Não se apara algo tão caro. Mas se você gosta do jeito que está, já basta”, explicou. Dário ficou irritado e não concordou com a avaliação dos chefs.

Na prova eliminatória, Dayse e Dário reproduziram o coulibiac, um prato de origem euro-asiática e difundido na França no início do século 20 pelo grande chef Auguste Escoffier. A receita consiste em um filé de salmão com arroz, espinafre, duxelle de cogumelos e ovo cozido envoltos em massa folhada. O tempo de forno deve ser o suficiente para cozinhar o peixe e a massa. “O arroz não pode cozinhar demais para não ficar empapado no recheio, ele tem que terminar o cozimento no forno para absorver os líquidos do peixe”, ensinou Jacquin. Os competidores tiveram três minutos para o mercado e três horas para o preparo do coulibiac e de um molho à sua escolha.
A execução da massa folhada e a apresentação do prato foi decisivo: Dário fez dobras duplas na massa e não deixou a massa descansar tempo suficiente nos intervalos, o que dificultou a formação das folhas. Ele serviu seu coulibiac com molho hollandaise e apresentou o filé inteiro, tamanho que, na opinião dos jurados, não ficou elegante. Seu peixe ficou suculento, mas a parte debaixo da massa molhou com os líquidos do recheio e não cozinhou por estar abafada pelo tapete de silicone.
Dayse preparou um molho de laranja com cebolinha e missô e reproduziu a apresentação da receita, aparando o filé de peixe e moldando a massa folhada em formato de peixe. “Visualmente está bonito e a espessura do peixe e da massa estão bons”, elogiou Paola. “Você poderia ter tirado o silicone nos últimos dez minutos para ajudar a água a evaporar”, sugeriu a jurada. Jacquin aprovou a combinação do molho e a execução do prato: “O prato é rústico. Você respeitou o espírito do clássico, parabéns”, elogiou. Apesar de seu salmão ter ficado seco, Dayse conquistou a vaga para a final.