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Dayse e Marcelo estão na final do MasterChef e o paulista canta vitória

Flávia Schiochet
07/12/2016 15:25
A grande final do primeiro MasterChef Profissionais Brasil será entre Dayse Paparoto e Marcelo Verde. A prova que definiu a dupla finalista foi exibida na noite desta terça (6) e contou com pressão ao extremo e lágrimas com a saída de Dário Costa. Logo depois que o caiçara deixou o programa, Marcelo soltou a frase do mezanino: “Eu vou ser campeão, não acredito!”.
Mas o vencedor do programa vai depender muito da prova que será exigida na próxima terça-feira (13). Marcelo Verde tem uma pegada mais contemporânea, enquanto Dayse é mais clássica. Durante a entrevista no final do episódio, o cozinheiro de 27 anos, considera que essa diferença é o seu ponto forte. “A saída do Dário me traz tristeza como pessoa, como ser humano, mas pela competição um pouco animador porque sou um pouco mais forte do que a Dayse. Jamais que a Dayse seja fraca, mas ela vem de uma linha clássica, conversadora, e talvez, quem sabe, meu lado contemporâneo traga uma diferença no impacto da competição agora na final e eu seja vitorioso”, disse ele.
A aspirante a MasterChef porém soltou que ainda está no páreo. “Se eu cheguei até aqui é porque sou boa, ou eu errei menos. É bom o Marcelo ficar de olho porque eu quero ganhar esse negócio”, afirmou.
Na avaliação do ex-participante do MasterChef 2, Raul Lemos, durante o programa on-line Quentinha, o desempenho de Dayse foi similar em todas as provas desde o início do programa, tendo destaque em cinco provas – mesma quantidade de destaques que Marcelo teve. Dário, na sua opinião, caiu aos poucos, disputando cada vez mais provas eliminatórias, enquanto Marcelo, que havia começado mal no primeiro episódio, cresceu o suficiente para ficar na final.
No episódio final Dayse e Marcelo terão que preparar um menu degustação com oito pratos para apresentar aos chefs. “Nem sempre a loucura vence a tradição, Marcelo”, disse Raul durante o programa Quentinha, fazendo alusão ao MasterChef 2, em que ele perdeu para a cozinheira Izabel Alvares.
O episódio que decidiu a final
A tensão estava tão presente no penúltimo episódio do MasterChef Profissionais que era possível cortá-la com uma faca. Começando com uma caixa misteriosa que deslumbrou os cozinheiros Marcelo Verde, Dayse Paparoto e Dário Costa e os deixou em dúvida de qual preparação faria jus aos ingredientes orgânicos, trazidos ao estúdio pelos próprios produtores: ovos de pata e galinha, galinha-da-Angola, entrecôte dry aged (maturado), cogumelos enoki, frutas vermelhas, ervas e legumes. Os competidores tiveram 1h30 de prova para preparar um prato com quantos ingredientes da caixa quisessem.
Os competidores do MasterChef Profissionais fizeram pratos com ingredientes orgânicos trazidos ao estúdio pelos próprios produtores. Foto: Carlos Reinis/Divulgação
Os competidores do MasterChef Profissionais fizeram pratos com ingredientes orgânicos trazidos ao estúdio pelos próprios produtores. Foto: Carlos Reinis/Divulgação
Dayse não usou nenhuma proteína. Fez um ravióli de semolina com ovos de pata e galinha recheado de ricota com cenoura agridoce assada com tomilho e alho e cozinhou a massa em água com açafrão. Para o molho, fez espuma de brócolis, cebolinha e manjericão, combinação e apresentação que não agradou muito aos jurados. “Você poderia ter feito um molho bem verde. Sua massa está bem amarela e se a cenoura estivesse fora, bem crocante e quente, ficaria impactante”, sugeriu Paola Carosella. Fogaça fez coro: “Você é criativa e autêntica, mas não arriscou hoje. Ficou um prato ok”.
Marcelo e Dário escolheram o entrecôte dry aged, selando em frigideira, e serviram com guarnições ousadas. Marcelo escolheu purê de alho e picles de folha de cenoura, que deram contraste com a gordura presente na carne – o preparo destacado como o melhor entre os três pelos jurados. “Neste prato aparece o trabalho dos homens da terra”, elogiou Erik Jacquin ao se referir à valorização que Marcelo deu ao trabalho dos produtores. Paola chamou a atenção para a complementaridade dos três preparos no prato: “A gordura está mais presente na carne maturada porque a água evapora. Quando você usa gordura para prepará-la, fica incrivelmente deliciosa”, ensina. “Esse purê com picles de folha de cenoura foi o que transformou a carne grelhada em um prato da alta gastronomia. Ele sozinho é muito ácido, mas equilibra com a gordura”, completou a jurada. Henrique Fogaça terminou de comer o prato mesmo depois de já ter avaliado.
Dário apresentou sua carne dry aged cortada em retângulos e serviu com um chutney de frutas vermelhas, espuma de queijo e batatas assadas. “Eu fui lá e conversei com você, mas você é cabeça dura e continuou com a mesma ideia. Frutas vermelhas com boi não cai tão bem quanto com porco”, criticou Henrique Fogaça. Paola, em tom conciliador, comparou Dário ao chef inglês Marco Pierre White: “Os pratos que ele fazia nos anos 1980 tem um pouco disso. É controverso: nada do que tem personalidade agrada a todo mundo. O que está mal é que a carne maturada é mais caro que lagosta. Não se apara algo tão caro. Mas se você gosta do jeito que está, já basta”, explicou. Dário ficou irritado e não concordou com a avaliação dos chefs.
Coulibiac, prato de prova eliminatória na semifinal do MasterChef Profissionais. Foto: Carlos Reinis/Divulgação
Coulibiac, prato de prova eliminatória na semifinal do MasterChef Profissionais. Foto: Carlos Reinis/Divulgação
Na prova eliminatória, Dayse e Dário reproduziram o coulibiac, um prato de origem euro-asiática e difundido na França no início do século 20 pelo grande chef Auguste Escoffier. A receita consiste em um filé de salmão com arroz, espinafre, duxelle de cogumelos e ovo cozido envoltos em massa folhada. O tempo de forno deve ser o suficiente para cozinhar o peixe e a massa. “O arroz não pode cozinhar demais para não ficar empapado no recheio, ele tem que terminar o cozimento no forno para absorver os líquidos do peixe”, ensinou Jacquin. Os competidores tiveram três minutos para o mercado e três horas para o preparo do coulibiac e de um molho à sua escolha.
A execução da massa folhada e a apresentação do prato foi decisivo: Dário fez dobras duplas na massa e não deixou a massa descansar tempo suficiente nos intervalos, o que dificultou a formação das folhas. Ele serviu seu coulibiac com molho hollandaise e apresentou o filé inteiro, tamanho que, na opinião dos jurados, não ficou elegante. Seu peixe ficou suculento, mas a parte debaixo da massa molhou com os líquidos do recheio e não cozinhou por estar abafada pelo tapete de silicone.
Dayse preparou um molho de laranja com cebolinha e missô e reproduziu a apresentação da receita, aparando o filé de peixe e moldando a massa folhada em formato de peixe. “Visualmente está bonito e a espessura do peixe e da massa estão bons”, elogiou Paola. “Você poderia ter tirado o silicone nos últimos dez minutos para ajudar a água a evaporar”, sugeriu a jurada. Jacquin aprovou a combinação do molho e a execução do prato: “O prato é rústico. Você respeitou o espírito do clássico, parabéns”, elogiou. Apesar de seu salmão ter ficado seco, Dayse conquistou a vaga para a final.

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