Bom Gourmet
Para a Páscoa e desafios do setor em 2025, Nugali defende o 'chocolate de verdade'
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Ovo de chocolate amargo 70% da Nugali. Maria Eduarda Vasselai/Divulgação
Nada de substitutos artificiais ou elementos adicionais para distrair a atenção do consumidor. Com a Nugali Chocolates, de Pomedore (SC), a ordem é chocolate com ingredientes naturais, da semente à barra, ou bean-to-bar, na nomenclatura do mercado. E sem penduricalhos, tanto para a Páscoa quanto para o decorrer do ano. Mesmo em meio ao momento desafiador do mercado de cacau, com o preço nas alturas.
"Na Páscoa, o chocolate é um presente, muitas vezes consumido em família. Um momento assim, especial, merece um chocolate puro, saudável e saboroso", avalia Maitê Lang, sócia e fundadora da Nugali. "Para nós, perde o sentido se não for assim", define. A empresa foi a primeira fabricante brasileira a desenvolver um chocolate com alta concentração de cacau.
A seriedade com que a marca trata o assunto exclui, por exemplo, a possibilidade de brinquedos ou outros itens adicionais para tentar atrair mais consumidores. A estratégia para este ano é atender ao público que leva chocolate a sério, e que não troca o essencial por acessórios.
Para a Páscoa deste ano, a Nugali prevê a produção de 40 toneladas de chocolate, com 200 ovos de vários tamanhos, feitos com mais cacau, menos açúcar e livres de glúten e gordura trans. A marca conta ainda com opções sem lactose, veganas e com selo Kosher, certificação que comprova que a linha de produção obedece as normas específicas da dieta judaica ortodoxa.
Pensando nas crianças, para fugir dos brinquedos, a marca elaborou embalagens e formatos lúdicos. Os ovos de Páscoa da Nugali são envoltos por materiais 100% biodegradáveis, sem plásticos de difícil reciclagem. "Mais sabor, menos lixo", registra o material de divulgação da empresa.
Fotos: Maria Eduarda Vasselai/Divulgação
Ovos premiados
São seis opções de ovos para a Páscoa. O Ovo Chocolate ao Leite, com 45% cacau, foi eleito em 2018 o melhor chocolate ao leite das Américas pelo International Chocolate Awards. Condecorado no mesmo ano, o Ovo de Chocolate Glückskäfer é feito com chocolate ao leite 45%, e conta com generosa casca guarda Joaninhas da Sorte de chocolate ao Leite. Na tradição alemã, presentear com joaninhas de chocolate significa desejar boa sorte, felicidade e vida longa.
Também com inspiração em uma tradição alemã, a de pintar casquinhas de ovos para a Páscoa, a marca aposta em uma caixa com seis ovos de chocolate ao leite pintados, em embalagens decoradas. Para quem curte as cestas, os ovos de chocolate ao leite 35g são embalados individualmente, com cores e desenhos alusivos à festa.
Os mini ovos de chocolate ao leite glaceados são coloridos com corantes naturais de beterraba e algas. Na produção, apenas manteiga de cacau, sem conservantes, aromatizantes ou corantes artificiais. Também estão livres de glúten e soja.
Para veganos e judeus ortodoxos, a Nugali oferece o Ovo de Chocolate Amargo, 70% de cacau, sem lactose, vegano e com certificação Kosher. O item garantiu à Nugali medalhas de ouro do America Food Awards (2021) e bronze no International Chocolate Awards (2019).
Mercado volátil
Alterações climáticas e o desequilíbrio entre oferta e demanda geraram volatilidade no mercado global de cacau. Em 2024, os preços do cacau atingiram recordes históricos, ultrapassando os US$ 12 mil por tonelada em dezembro. Hoje, cacau é negociado em torno de US$ 9.821 por tonelada na Bolsa de Nova York, refletindo correção após as altas anteriores.
A elevação nos preços globais do cacau resulta em custos mais altos para a indústria nacional de chocolates e confeitos, já que o Brasil é importador do fruto, impactando os consumidores brasileiros. Previsões apontam que a volatilidade deve seguir pautando o mercado de cacau. O JP Morgan, por exemplo, alerta para a possibilidade de que os preços elevados do chocolate impactem negativamente a demanda global. Já a revista Forbes prevê maior equilíbrio ao longo de 2025, e sugere até uma eventual redução de até um terço das altas registradas em 2024.
"A disparada dos preços do cacau trouxe às gôndolas muitos produtos que desviam do fundamental, que é o chocolate de verdade", analisa Ivan Blumenschein, sócio e diretor de produção da Nugali. Uma das maneiras que algumas marcas encontraram para não elevar demais o preço do produto ao produtor final foi reduzir a quantidade de cacau ou acrescentar outros ingredientes em seus produtos para compensar a redução.
Resolução da Anvisa de 2022 estabelece que, para ser comercializado como chocolate, o produto precisa ter, em sua composição, pelo menos 25% de sólidos totais de cacau (nibs, cacau em pó e manteiga de cacau). "Para nós, ele [chocolate] é a estrela, os padrões de qualidade são inegociáveis", afirma.
A alta atinge tanto o chocolate que se utiliza do cacau comum, com menos porcentagem de cacau, quanto os produtos que têm em sua composição o que é conhecido como cacau fino, de produção mais exigente. O cacau fino, ou gourmet, toma o preço do cacau commodity como base, mas com o acréscimo de um prêmio, que varia entre 50% e 100% acima do commodity, dependendo da qualidade do cacau ou da negociação.