Bom Gourmet
Os melhores ovos de Páscoa de 2019 eleitos em degustação às cegas
Quais são os melhores ovos de Páscoa de 2019? O Bom Gourmet encontrou a melhor forma de responder a esta pergunta: provando muitos quilos de chocolate! Durante uma tarde de março, realizamos uma degustação às cegas (sem ver as marcas) em nossa cozinha em Curitiba com chefs confeiteiros, chocolatiers e duas chocólatras amadoras. Ao todo, foram provados 19 ovos de chocolate de grandes marcas nacionais Arcor, Brasil Cacau, Garoto, Kopenhagen, Lacta e Nestlé. Os produtos foram enviados por cada empresa.
Os resultados impressionaram os jurados. Depois da avaliação, os rótulos foram revelados e a surpresa foi unânime em relação a alguns chocolates: os mais clássicos, afinal, levaram vantagem sobre versões inéditas e mais caras entre as marcas comerciais. “Nem sempre deve-se ir atrás de preço. Alguns estavam maravilhosos e outros mais caros, que se espera algo mais, não agradaram”, comenta o chef e proprietário da premiada Chokolat, confeitaria e bistrô de Curitiba.
Muito açúcar, excesso de essências artificiais e textura arenosa. Estas foram as principais críticas em relação aos ovos de chocolate avaliados, características geralmente presentes nos produtos industrializados.
Até mesmo os vencedores da degustação não escaparam das avaliações negativas. “O bom da degustação às cegas é que ela é muito justa. A gente não recebe influência, então realmente não tem como saber quais marcas estamos provando”, diz Bibiana Schneider, sócia-proprietária da Cuore di Cacao, tradicional e premiada chocolateria curitibana.
Veja como foi realizado o procedimento:
Os jurados
– Bibiana Schneider: sócia-fundadora da premiada chocolateria Cuore di Cacao, inaugurada há 15 anos em Curitiba e referência no processo artesanal bean to bar. Tem o paladar aguçado e exigente: à primeira prova, identifica qualidades e defeitos presentes no chocolate.
– Diego Prado: o chef pâtissier foi vencedor do reality de confeitaria Que Seja Doce, do GNT, em 2015, e ministrou aulas na pós-graduação em Pâtisserie da Universidade Positivo. Atualmente, divide seu tempo entre o setor de confeitaria do premiado restaurante Nomade, do Nomaa Hotel, sua empresa de catering (Prado’s Bakery) e o serviço de consultoria.
– Eduardo Crema: sócio-proprietário do premiado bistrô e confeitaria Chokolat, formou-se em Cuisine e Pâtisserie pelo Le Cordon Bleu Sydney Culinary Arts Institute com resultados excepcionais: foi o primeiro aluno da história da rede australiana a receber o Grand Diplôme de Cuisine et Pâtisserie.
– Polyana Rodrigues: a chef chocolatière trabalha na área da confeitaria há 20 anos. A partir da Grué Chocolateria, sua marca fundada em 2008, realiza encomendas e oferece serviço de catering, além de ministrar aulas de gastronomia e chocolateria.
O Bom Gourmet promoveu um sorteio no Instagram para convidar dois leitores a participarem da degustação. As vencedoras foram a estudante de medicina Arianne Montecchi (que já fez cursos livres de chocolateria, de tão apaixonada pelo assunto), e a estudante de direito/chocólatra assumida Eduarda Lobo.
Como foi feita a degustação de ovos de Páscoa
A prova foi feita às cegas (quando os degustadores não sabem quais rótulos estão degustando). Os ovos foram numerados e divididos em quatro categorias: ao leite, branco, amargo (com porcentagem de cacau entre 52% e 70%) e com ingredientes (elementos que dão crocância ou sabor extra ao chocolate). Cada categoria foi composta por cinco amostras. A única exceção foi a do chocolate branco, que teve quatro rótulos diferentes na disputa.
As amostras foram avaliadas a partir de três critérios: aparência, textura e sabor. “Tem que ter brilho e não pode estar manchado nem esbranquiçado. Esta é a primeira observação que a gente faz em relação à aparência. Quanto à textura, o chocolate deve produzir um leve estalinho ao ser quebrado; não pode ser mole ou esfarelado, deve ser homogêneo. O sabor deve ser cremoso e começar a derreter na língua, depois se espalhar na boca“, explica a confeiteira Polyana Rodrigues.
Cada critério recebeu notas de 0 a 5 e, ao fim da degustação, as notas foram somadas e divididas pelo número dos jurados. Apenas os rótulos que contabilizaram as três melhores notas foram classificados.
Os resultados
Categoria: chocolate ao leite
O Alpino Extra Cremoso, da Nestlé, levou o título de melhor ovo de chocolate ao leite. Foi avaliado com aparência bonita, clara e com bom brilho, além do sabor doce e com presença marcante de leite. Sua textura pastosa, escreveu um dos avaliadores, contribui para que o produto demore para derreter na boca. Média de preço: R$ 35 (170 g).
Em segundo lugar, o Língua de Gato Extra Cremoso, da Kopenhagen. De doçura intensa, o chocolate foi bem avaliado em relação à textura, considerada aveludada. Preço: R$ 99,90 (300 g).
O terceiro colocado foi o ovo Trufado Gato Mia, da Brasil Cacau. Os jurados consideraram o ovo com textura agradável e sabor leve de caramelo pelos cristais de açúcar, como um praliné. Preço: R$ 56,90 (440 g).
Categoria: chocolate branco
O ovo Laka, da Lacta, ganhou a disputa entre os brancos. Seu sabor foi considerado doce e equilibrado, com sinais de essência de amêndoas. A casca apresentou pequenos cristais de açúcar, um ponto negativo, pois a massa de chocolate deve ser homogênea. Média de preço: R$ 30 (170 g).
A marca Garoto chegou ao segundo lugar com o ovo Branco + Cores, com destaque no sabor. Um ponto ressaltado pelos jurados: chocolate apresentou consistência levemente arenosa provavelmente devido a pequenos grânulos de leite em pó e açúcar na composição. Média de preço: R$ 41 (210 g).
Em terceiro lugar, a versão branca do clássico Língua de Gato, da Kopenhagen. Com sabor marcante de baunilha, também mostrou textura granulada no paladar. Preço: R$ 99,90 (300 g).
Categoria: chocolate amargo
O Trufado 60% cacau, da Brasil Cacau, foi o campeão entre os amargos. Com boa aparência e textura agradável, começa doce na boca e termina com notas de chocolate meio amargo. Mesmo assim, não foge a apontamentos dos jurados: tem um leve sabor de essência que prejudica a apreciação. Preço: R$ 41,90 (400 g).
Em segundo lugar, o ovo Amargo 70% cacau, da Arcor. O chocolate tem boa aparência (com superfície brilhante e homogênea), amargor equilibrado e bom derretimento na boca. Média de preço: R$ 21 (150 g).
Com textura cremosa, o Talento Meio Amargo com Amêndoas, da Garoto, ficou na terceira posição. Chocolate foi considerado “adocicado” pelos jurados, apesar de estar classificado como meio amargo. Média de preço: R$ 45 (350 g).
Categoria: chocolate com ingredientes
A combinação da avelã com o chocolate ao leite levou o Talento Avelãs, da Garoto, ao posto de campeão da categoria “com ingredientes”. Os jurados elogiaram a aparência e o brilho do ovo, além da presença marcante das oleaginosas. “Crocância agradável e sabor bom, destacado pelas avelãs”. Média de preço: R$59 (290 g).
Na segunda colocação, o Trufado com Wafer, da Brasil Cacau. No paladar, desperta sensação agradável da crocância e é bastante doce. Jurados identificaram sabor bem perceptível da essência de baunilha. Preço: R$ 56,90 (400 g).
O clássico Diamante Negro, da Lacta, ficou na terceira posição. Os cristais de açúcar, apesar de saborosos, poderiam estar melhor distribuídos no chocolate, segundo os especialistas. Média de preço: R$ 38 (202 g).
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