Bom Gourmet
Conheça as obleas, as casquinhas colombianas recheadas com doce de leite e queijo
Muito encontradas nas ruas e quiosques de shoppings centers da Colômbia, Venezuela, El Salvador e México, as obleas são um parente distante do belga waffle com recheios tão variados quanto a imaginação permitir. Mas, com uma diferença: enquanto o ‘primo europeu’ tem uma massa mais macia e encorpada, o latino é tão fino e crocante como as casquinhas de biju (ou barquilhas, dependendo da região do Brasil) vendidas na praia.

Cada oblea é uma espécie de sanduíche recheado basicamente com doce de leite (também chamado de arequipe), queijo ralado e creme de leite. Mas também permite recheios como leite condensado ou em pó, geleias de frutas, chocolate e até mesmo paçoca.
De acordo com Jenny Lopez Glomb, que prepara os doces em uma feira gastronômica de Curitiba, as obleas são preparadas artesanalmente uma a uma, com farinha de trigo, água e mais um ingrediente na massa que ela não revela por nada nesse mundo. A receita foi ensinada pela avó dela em Bogotá – capital da Colômbia.
“Eu aprendi a fazer as obleas com ela e com a minha mãe. A gente saía em família nos finais de semana para passear e comprávamos o doce onde íamos. É um hábito muito comum lá, mas com uma variedade de recheios menor do que temos aqui”, conta. Basta um passeio pelo centro da capital colombiana para encontrar um vendedor de obleas a cada esquina.
>> Leia também: Pratos com larvas recheadas e cardápio de 56 páginas: o que chef de Curitiba encontrou em Medellín
Por outro lado, no Brasil só é possível encontrar as obleas em restaurantes típicos colombianos e barraquinhas em feiras gastronômicas tocados por imigrantes. Em Curitiba, a barraca da Jenny participa de eventos culturais esporádicos, mas abrirá uma unidade fixa no fim de janeiro na Vila Urbana. Já em São Paulo, as obleas são vendidas eventualmente em restaurantes como Sabores de Mi Tierra e Café Colombiano, além da bike food La Oblea em eventos especiais.
Ao gosto do brasileiro

Jenny conta que as obleas que ela prepara precisaram ser adaptadas ao gosto dos brasileiros. As originais colombianas tem a mesma base de recheios, mas o uso de chocolate, paçoca e morango é algo muito peculiar.
“O primeiro sabor que eu criei aqui foi o de doce de leite com creme de leite, queijo ralado, chantili e morango. As pessoas adoram morango aqui no Brasil, é a oblea mais procurada. Depois fomos pensando em novos recheios, e de quatro sabores iniciais pulamos para 16, como o de Ovomaltine, de doce de maracujá, entre outros”, analisa.
Para fazer a massa das obleas, Jenny conseguiu trazer uma pequena máquina colombiana que faz a prensa da massa. Mas, no começo, era tudo na mão mesmo. “Lá os discos de obleas são feitos com máquinas industriais”, explica. Na Colômbia há discos de obleas vendidos em pacotes nos supermercados para as pessoas prepararem em casa mesmo.
Saudades de casa

A colombiana chegou ao Brasil em 2015 após conhecer o jornalista curitibano Aroldo Glomb. Psicóloga de formação, Jenny queria trazer ao país algo que pudesse matar a saudade de sua terra natal, e o doce foi o jeito mais fácil de lembrar de casa.
“Antes de chegar aqui eu comentei com o meu namorado que não acreditava que não tinha oblea no Brasil. E eu pesquisei e não havia de fato. Achei interessante por ser uma oportunidade de mostrar não apenas o doce, mas também trazer um pouco da minha cultura através da gastronomia”, conta.
>> Leia também: Este refugiado sírio trouxe o mais caseiro dos cardápios árabes
Jenny diz já ter ouvido relatos de muitos brasileiros que queriam comer obleas em Curitiba, mas não conseguiam encontrá-las. E também da própria comunidade colombiana da cidade. “Para se ter ideia do quão marcante é o sabor, até mesmo o astro Mick Jagger provou uma oblea na Praça Bolívar, no centro de Bogotá, e se encantou.”