Negócios e Franquias
Após perdas milionárias, vinícolas retomam os passeios turísticos e preveem ampliações
Foram seis meses de porteira fechada sem
visitantes na vindima e sem uma importante receita vinda dos passeios e das compras
nas lojinhas das vinícolas. O enoturismo foi profundamente afetado pelo avanço
da pandemia do coronavírus no mundo – e não foi diferente nas vinícolas
brasileiras.
visitantes na vindima e sem uma importante receita vinda dos passeios e das compras
nas lojinhas das vinícolas. O enoturismo foi profundamente afetado pelo avanço
da pandemia do coronavírus no mundo – e não foi diferente nas vinícolas
brasileiras.
Responsável por até 90% do faturamento de algumas vinícolas, principalmente das menores, o enoturismo ficou estagnado por meio ano e começou a ser retomado em meados de setembro, ainda timidamente e com muitos cuidados. Abrir a porteira e as cavas como antes está fora de cogitação, mas o pouco que se pode fazer já ajuda nos custos.
As vinícolas têm procurado novos caminhos para
atrair os turistas de volta, seja através de roteiros com distanciamento pelos
vinhedos, degustações com capacidade limitada ou mesmo a implantação de selos
de certificação em parceria com o poder público.
atrair os turistas de volta, seja através de roteiros com distanciamento pelos
vinhedos, degustações com capacidade limitada ou mesmo a implantação de selos
de certificação em parceria com o poder público.
Considerado o principal polo vinícola do Brasil, a cidade de Bento Gonçalves (RS) viu o movimento de turistas despencar 97% no começo da pandemia, quando as restrições de mobilidade estavam mais rígidas. O município viu sumir uma receita na ordem de R$ 150 milhões.
Para Rodrigo Parisotto, secretário municipal de
turismo, foi um choque que provocou mudanças bruscas na rotina das vinícolas. A
cidade precisou implantar um programa de certificação para os estabelecimentos que
atendem às normas de prevenção contra a disseminação do coronavírus.
turismo, foi um choque que provocou mudanças bruscas na rotina das vinícolas. A
cidade precisou implantar um programa de certificação para os estabelecimentos que
atendem às normas de prevenção contra a disseminação do coronavírus.
“O empreendimento solicita o protocolo e a secretaria faz uma visita para verificar as ações implementadas. A cada 30 dias voltamos para verificar se estão adotando as medidas ou não”, explica Rodrigo Parisotto, secretário municipal de turismo.
Programas limitados
Uma das primeiras vinícolas a conquistarem o selo para reabrir as portas aos turistas foi a Aurora, que mantém um complexo de visitantes no centro de Bento Gonçalves. Antes da pandemia do coronavírus, o espaço recebia até 1.500 visitantes por dia.
Quando as restrições começaram, este número despencou para zero, já que o espaço fechou completamente as portas até o mês de agosto. Segundo Ana Maria de Paris Possamai, supervisora de turismo da vinícola, a recuperação tem sido bastante gradativa.
“Mas estamos trabalhando com apenas 50% da
capacidade de visitantes, com horários agendados cumpridos à risca e no máximo
35 pessoas por vez. Adaptamos toda a estrutura com álcool em gel por todos os
cantos, tapetes sanitizantes, uso obrigatório de máscara, distanciamento dos
visitantes inclusive na hora da degustação de vinho e pagamento por
aproximação”, explica.
capacidade de visitantes, com horários agendados cumpridos à risca e no máximo
35 pessoas por vez. Adaptamos toda a estrutura com álcool em gel por todos os
cantos, tapetes sanitizantes, uso obrigatório de máscara, distanciamento dos
visitantes inclusive na hora da degustação de vinho e pagamento por
aproximação”, explica.
Responsável por R$ 12 milhões em faturamento ao ano, o enoturismo na Aurora alcançou 30% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2019. Já em setembro, a visitação chegou aos 70%.
Os passeios pelo centro turístico da Aurora são
gratuitos e podem ser reservados pelo (54) 3455-2095.
gratuitos e podem ser reservados pelo (54) 3455-2095.
Sem faturamento
Enquanto a Aurora tem no enoturismo apenas 2% de todo o faturamento, a pequena vinícola boutique Legado, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, sobrevive basicamente das visitas turísticas – 90% de toda a receita.
O local ficou de portas fechadas até o começo do mês de outubro, quando passou a abrir apenas nos finais de semana com piqueniques temáticos em um amplo bosque com vista para os vinhedos e passeios de charrete por entre os parreirais. Heloíse Merolli, sócia da vinícola, explica que precisou diminuir pela metade a capacidade de atendimento para seguir os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19.
Com isso, os piqueniques podem receber no máximo nove grupos por vez (40 pessoas) e os passeios de charrete pelos vinhedos e cantina até 12 visitantes.
“Nós temos um modelo de negócios que é baseado no turismo e na venda direta para o consumidor final. Para ofertar o produto num preço justo, precisamos ter menos intermediários possível. No turismo em si já chegamos a 85% do que tínhamos antes, mas no faturamento total estamos em torno de 45%”, conta.
Apesar da queda brusca no movimento de uma hora para a outra, Heloíse conta que já planeja uma ampliação do roteiro pela alta procura que vem tendo nos finais de semana. Ela começou a reformar o centro de visitantes e está investindo na adequação de mais dois bosques para receber os turistas.
“Estou muito otimista com a retomada do enoturismo, vejo que as pessoas estão procurando espaços de lazer ao ar livre para passear e curtir o dia com a família ou amigos em um espaço de acesso controlado que sabem que não vai ter tumulto”, completa.
Na Vinícola Legado o passeio de charrete com
degustação de três rótulos custa R$ 40, enquanto que os piqueniques por
agendamento saem a partir de R$ 130. Informações pelo (41) 3131-3211.
degustação de três rótulos custa R$ 40, enquanto que os piqueniques por
agendamento saem a partir de R$ 130. Informações pelo (41) 3131-3211.
Passeios adaptados
A limitação de visitantes também foi o caminho encontrado pela vinícola Família Fardo, na cidade de Quatro Barras (região metropolitana de Curitiba), para retomar as atividades de enoturismo. Responsável por 30% do faturamento, as visitações passaram a ocorrer apenas no centro turístico com uma degustação limitada a 16 pessoas por vez, em que os participantes podem levar embora as taças de cristal utilizadas.
Sócia-proprietária da vinícola, Justina Fardo conta que também está investindo na ampliação do programa de turismo pelo fato das viagens de longa distância ainda estarem limitadas. Para ela, as pessoas vão passar a visitar mais os atrativos próximos.
“Em dezembro vamos inaugurar um contêiner com uma cozinha e um deck para servir pequenas porções de comidas quentes como quiche, caponata, pães quentinhos, entre outros. Ainda estamos definindo o cardápio, mas será para complementar as porções de frios servidos junto dos vinhos da vinícola”, conta.
O espaço já estava nos planos de Justina desde o ano passado, mas foi interrompido exatamente quando seria inaugurado em março, quando começaram as medidas de restrição. Por ora, a vinícola Família Fardo oferece apenas a degustação a R$ 35, com 30 ml de quatro vinhos selecionados no dia. Não é preciso agendamento prévio. Informações pelo (41) 99157-6374.