Negócios e Franquias
Consumo de produtos locais frescos e novos canais de venda continuam em alta em 2021
As tendências de consumo surgidas ao longo de 2020 por causa da pandemia do coronavírus continuarão presentes ainda mais fortes neste ano. É o que apostam especialistas ouvidos pelo Bom Gourmet Negócios e que já é confirmado por pesquisas de mercado de como deve ser a tônica do comportamento do consumidor ao longo de 2021.
Serviços de retirada de alimentos no balcão para comer em casa ou no escritório quando os funcionários realmente voltarem ao trabalho presencial, delivery de pratos até mesmo da alta culinária e o uso massivo dos canais digitais chegaram para ficar, e serão aperfeiçoados num movimento natural de seleção. Vai continuar em pé quem souber traçar as melhores estratégias e tirar ganhos disso.
Estudo recente do escritório de pesquisa de tendência Observatório de Sinais apontou que as pessoas vão priorizar o consumo de itens realmente essenciais, simples e seguros em 2021, com forte apelo ao local e ao personalizado. Clubes de assinaturas e kits de ingredientes do tipo DIY – ou “faça você mesmo”, na sigla em inglês – terão ainda mais espaço com o misto de receio e vontade de sair às ruas para um jantar com amigos no fim de semana.
Para Sérgio Molinari, CEO da Food Consulting e parceiro do Bom Gourmet Negócios, a diversificação de canais e estratégias de negócios foi uma necessidade para se manter em pé em 2020. No entanto, o próprio mercado vai depurar estes concorrentes em 2021, consumindo apenas aqueles estabelecimentos que conseguirem se reinventar praticamente dia a dia.
“O mercado está ativando mais do que nunca, buscando o consumidor e vendendo pelo canal que mais se destacou em 2020. Foi por uma questão de sobrevivência, mas agora será por crescimento mesmo”, analisa.
A consultoria aposta ainda que a criação de experiências para fisgar a atenção do cliente será ainda mais necessária para atraí-lo de volta ao consumo. Mas, também aponta que o consumidor estará mais resistente aos gastos maiores, por conta do agravamento da crise econômica.
Assim, a procura por cursos de gastronomia terá uma alta considerável neste ano principalmente para driblar o aumento nos preços dos alimentos que já se projeta no horizonte – sair para jantar com parentes ou amigos vai concorrer em pé de igualdade com a comodidade de reunir todos ao redor do fogão para uma experiência em casa.
Alimentos frescos
Dentro da tendência de se valorizar o que é local está o consumo maior de alimentos frescos, algo que surgiu com força durante a pandemia e vai continuar crescendo em 2021. Simone Galante, CEO da Galunion Consultoria, explica que é um movimento natural de conscientização das pessoas sobre seu papel no mundo depois de um ano tão difícil.
“Vemos três tendências para 2021 para dar muito certo: o frescor de alimentos, alimento gostoso junto; o consumo sustentável e zero desperdício”, conta.
Parte disso é confirmada pela consultoria global de alimentos e restaurantes Baum+Whiteman, que divulgou em meados de novembro as tendências de consumo do mercado de gastronomia em 2021. A multinacional aposta em ingredientes locais que proporcionem uma experiência internacional, com a produção aqui mesmo de insumos mais diferentes e ‘exóticos’.
Estes produtos serão oferecidos, segundo a consultoria, em feiras livres e nos empórios criados pelos próprios restaurantes que sobreviveram à 2020, como mais um canal de venda e atuação diversificada no mercado. São produtos como misturas para temperos, bolinhos, queijos e embutidos, entre outros, aposta a Baum+Whiteman.
A essa tendência também se junta a preferência cada vez maior de alimentos que substituam a proteína animal nas refeições, com o uso maciço de produtos plant based semelhantes aos seus pares comuns. Apostas feitas no ano passado como hambúrgueres, almôndegas, carne moída, nuggets, leite, entre tantos outros, terão um crescimento considerável ao longo de 2021.
E as dark kitchens?
Aposta dos operadores de delivery em 2020, as dark kitchens também continuam no radar de crescimento para o ano, mas com uma seleção natural do mercado. Com o aumento do consumo de alimentos entregues em casa, a quantidade desses “restaurantes virtuais” cresceu consideravelmente.
No entanto, Simone Galante vê que muitas abriram
sem planejamento algum, por necessidade. Para ela, ter tudo na ponta do lápis
vai significar a continuidade ou o fechamento de vez.
sem planejamento algum, por necessidade. Para ela, ter tudo na ponta do lápis
vai significar a continuidade ou o fechamento de vez.
“As dark kitchens vieram para ficar. Vemos uma proliferação delas, com muita gente fazendo isso em casa, o que é bom, mas sem muito planejamento. Muitos abriram sem olhar a rentabilidade no final da linha e sem ouvir o cliente. É preciso ter melhor controle”, conclui.
Já Sérgio Molinari ressalta que elas continuarão sendo o grande braço do delivery, que hoje já conta com 45% dos operadores oferecendo este serviço e que vão incorporá-lo de vez aos seus negócios – a mesma quantidade passou a utilizar aplicativos de marketplace.