Negócios e Franquias
Tecido para toalhas e aventais de restaurantes elimina o coronavírus em dois minutos
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a startup paulista Nanox Intelligent Materials, desenvolveram um tipo de tecido capaz de eliminar o novo coronavírus da superfície em apenas dois minutos. O produto já está sendo usado na fabricação de toalhas de mesa, aventais, jalecos e máscaras de proteção em restaurantes pelo Brasil e custa até 15% a mais que um tecido comum – mas com um resultado compensador.
A tecnologia começou a ser desenvolvida pouco tempo depois do início da pandemia no Brasil, entre março e abril, e consiste em uma solução de micropartículas de prata aplicada na fase final da fabricação do tecido de poliéster com algodão. O resultado final é idêntico ao um tecido comum no visual e no contato, mas com uma inativação do sars-cov-2 em 99,99% segundo o pesquisador Lúcio Freitas Junior.
“Testamos com uma amostra de coronavírus isolada e cultivada a partir de um dos primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença, e vimos que o vírus foi inativado pelas micropartículas de prata do tecido”, afirma.
Gustavo Simões, CEO da Nanox e doutor em química
de materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que até então só
se sabia da eficácia da solução de prata contra o vírus apenas na teoria, e se
surpreendeu quando a viu na prática.
de materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que até então só
se sabia da eficácia da solução de prata contra o vírus apenas na teoria, e se
surpreendeu quando a viu na prática.
“Não imaginávamos que seria tão rápida de inativar o vírus em apenas dois minutos. E não é nenhum achismo, a pesquisa foi testada de abril a junho e publicada internacionalmente para ser validada por cientistas estrangeiros. É tecnologia 100% brasileira e uma das poucas no mundo testada com sucesso diretamente com o coronavírus”, diz.
O tecido é apenas um dos vários produtos que vêm sendo testados pelo laboratório do ICB-USP desde o início da pandemia, como plásticos e soluções para limpeza de ambientes. A pesquisa do desenvolvimento da solução teve o apoio do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Uso no negócio
Um dos restaurantes que já está usando o tecido que inativa o novo coronavírus é o paulista Così, que refez parte do enxoval usado no salão e na cozinha. A casa reabriu na semana retrasada já com as toalhas de mesa, aventais dos garçons e máscaras da equipe de cozinha feitas com o produto. Leonardo Recalde, sócio do Così, conta que os clientes sequer notaram a diferença de uma toalha comum, mas ficaram impressionados com a novidade.
“A gente colocou um display na mesa informando
que essa é uma toalha que elimina o coronavírus, e eles dizem ‘poxa, que
iniciativa bacana’, pois ela protege não só os colaboradores, mas os próprios
clientes. Isso agrega e passa segurança”, diz.
que essa é uma toalha que elimina o coronavírus, e eles dizem ‘poxa, que
iniciativa bacana’, pois ela protege não só os colaboradores, mas os próprios
clientes. Isso agrega e passa segurança”, diz.
Recalde conta que o gasto maior no novo tecido compensou pela sensação de segurança do cliente, além dos custos de lavanderia. Se antes ele precisaria trocar as toalhas a cada uso, agora só precisa retirar se cair alguma sujeira ou no final do dia.
Eficácia
Segundo Mauro Deutsch, CEO da Delfim Indústria Têxtil, uma das fabricantes do produto, o tecido mantém a propriedade antiviral por até 30 lavagens, mas que já está trabalhando em uma tecnologia que prolongue essa vida útil.
“O tecido tem essas duas barreiras, ele próprio
e a química. E ainda adicionamos um impermeabilizante que dá a indicação do
desgaste da fibra e pode ser testado pelo próprio empresário jogando mercúrio
em cima. Se não for absorvido, é porque ainda está impermeabilizado. Do
contrário precisa trocar”, conta.
e a química. E ainda adicionamos um impermeabilizante que dá a indicação do
desgaste da fibra e pode ser testado pelo próprio empresário jogando mercúrio
em cima. Se não for absorvido, é porque ainda está impermeabilizado. Do
contrário precisa trocar”, conta.
A indústria começou a testar diferentes tecidos logo no início da pandemia da Covid-19, em março, para desenvolver novos produtos já de olho na futura queda da demanda pelo produto comum e possível aumento de pedidos para novas soluções. De lá para cá, as compras vêm aumentando mês a mês, passando de 60 mil metros em abril para 500 mil metros no final de julho.
A expectativa é chegar a 1 milhão de metros
produzidos no final do ano, com aumento da capacidade de produção de acordo com
a demanda. O custo para a Delfim é 17% maior que um tecido comum, mas tem sido
absorvido pela indústria para que o repasse ao consumidor final seja apenas das
lojas e desenvolvimento de novos usos.
produzidos no final do ano, com aumento da capacidade de produção de acordo com
a demanda. O custo para a Delfim é 17% maior que um tecido comum, mas tem sido
absorvido pela indústria para que o repasse ao consumidor final seja apenas das
lojas e desenvolvimento de novos usos.
Já a solução usada pela Delfim e outras indústrias têxteis do Brasil é patenteada e produzida apenas pela Nanox, que já entregou 12 toneladas do produto. Com o crescimento da quantidade de empresas interessadas, a startup pode aumentar em 10 vezes a capacidade de desenvolvimento.