Negócios e Franquias
Nestlé avança em produtos plant-based, mas com cautela e atenção ao mercado
Com um investimento de cerca de R$ 40 milhões nos últimos três anos, a gigante alimentícia Nestlé segue avançando no desenvolvimento de produtos plant-based no Brasil, substituindo o uso de derivados de proteína animal por similares vegetais. Mas, ao contrário dos concorrentes, a cautela e a análise detalhada do mercado é que estão ditando o lançamento de novas versões.
Nestes três anos de investimento milionário, a multinacional já colocou no mercado em torno de 20 produtos do que chama de “Jornada Plant-based”, como biscoitos da linha Nesfit; aperitivos de castanhas e frutas Nature’s Heart e lácteos vegetais Ninho e Molico. Para este ano, a marca prevê mais 10 a 12 produtos, entre eles ingredientes para um sorvete de leite vegetal da rede Bacio di Latte.
Só no comparativo de 2019 para 2020, a marca viu o consumo de alimentos plant-based crescer 60%. No entanto, o avanço do segmento de carnes vegetais, como as lançadas por concorrentes pelo mundo, por ora está fora do radar no país e segue apenas em estudo – mesmo com um crescimento constante de acordo com pesquisas de mercado.
Para Bruno Oliveira, head de inovação e novos
negócios da Nestlé Brasil, já há uma iniciativa da multinacional neste segmento
apenas na China, com a abertura de uma fábrica da marca Harvest Gourmet para a
produção de carne vegetal, no final do ano passado. Segundo o executivo, a
empresa está de olho nesta tendência, mas com cautela.
negócios da Nestlé Brasil, já há uma iniciativa da multinacional neste segmento
apenas na China, com a abertura de uma fábrica da marca Harvest Gourmet para a
produção de carne vegetal, no final do ano passado. Segundo o executivo, a
empresa está de olho nesta tendência, mas com cautela.
“A Nestlé, como pioneira no setor de alimentos, vem se preparando para isso, vamos desenhando a nossa estratégia não em função da moda da vez. Quando entrar no Brasil, se entrar no Brasil, ainda vai ser uma estratégia, estamos entendendo ainda o comportamento do consumidor”, conta.
Ele se baseia em uma pesquisa de mercado feita no ano passado pela GFI Brasil em parceria com o IBOPE em que se apontou que 49% dos brasileiros declaram ter reduzido o consumo de carne, sendo que 60% passaram a incluir no dia a dia alguma bebida vegetal. Destes, 39% afirmam consumir alternativas vegetais pelo menos três vezes por semana.
É este tipo de consumidor que a marca está interessada em conquistar neste momento, os chamados “flexitarianos”, que não deixaram totalmente de lado o consumo de proteína animal, mas optaram por incluir alternativas a ela.
Foco nos lácteos
Com uma história baseada fortemente no uso do
leite, a Nestlé vem considerando as versões vegetais desde meados de 2015 de
olho nas novas preferências do consumidor. Um estudo global conduzido pela
própria marca em 2017 revelou que 30% dos consumidores desejavam fazer uma
transição para uma dieta com menos ou nenhuma carne.
leite, a Nestlé vem considerando as versões vegetais desde meados de 2015 de
olho nas novas preferências do consumidor. Um estudo global conduzido pela
própria marca em 2017 revelou que 30% dos consumidores desejavam fazer uma
transição para uma dieta com menos ou nenhuma carne.
Foi o estopim para a criação de diversas marcas
de produtos nos países em que atua. Um desafio para superar o que Bruno
Oliveira chama de “fortaleza láctea”.
de produtos nos países em que atua. Um desafio para superar o que Bruno
Oliveira chama de “fortaleza láctea”.
“Pensando no business da Nestlé, é um desafio de aprender e também o que fazer para esse público flexitariano. Mas, vejo que estamos na era do ‘e’ e não do ‘ou’, não mais de origem animal ou não”, pondera.
De acordo com ele, a marca vem estudando novos
produtos plant-based em todas as fábricas que mantém pelo mundo, cada qual de
acordo com suas produções. Um dos exemplos é o desenvolvimento de alimentos
infantis sem o uso de leite convencional.
produtos plant-based em todas as fábricas que mantém pelo mundo, cada qual de
acordo com suas produções. Um dos exemplos é o desenvolvimento de alimentos
infantis sem o uso de leite convencional.
“No caso dos alimentos para crianças, pensamos primeiro nas necessidades nutricionais do produto, e só depois é que decidimos qual proteína será usada”, explica o executivo.
O produto mais recente para este público é a
linha Ninho versão pronta para beber, o primeiro produto plant-based da Nestlé
no Brasil para atender necessidades específicas de crianças, lançado em 2019. No
ano passado foram lançados, ainda, versões vegetais de leite em pó Ninho e
Molico – este último voltado aos adultos, com propriedades nutricionais
específicas.
linha Ninho versão pronta para beber, o primeiro produto plant-based da Nestlé
no Brasil para atender necessidades específicas de crianças, lançado em 2019. No
ano passado foram lançados, ainda, versões vegetais de leite em pó Ninho e
Molico – este último voltado aos adultos, com propriedades nutricionais
específicas.
Outro lançamento recente é a primeira cápsula de
café com leite vegetal da linha Nescafé Dolce Gusto, com o Macchiato Amêndoas e
Macchiato Coco. Ambos têm torrefação média e intensidade 5, além de serem
opções zero lactose.
café com leite vegetal da linha Nescafé Dolce Gusto, com o Macchiato Amêndoas e
Macchiato Coco. Ambos têm torrefação média e intensidade 5, além de serem
opções zero lactose.
Carne vegetal
Já a linha de carnes vegetais segue restrita ao
mercado chinês, onde a Nestlé concorre com indústrias estabelecidas como as
domésticas Zhenmeat e Starfield e a norte-americana Beyond Meat, que tem
colaborações com a Starbucks e a rede KFC da Yum China, segundo a agência
Reuters.
mercado chinês, onde a Nestlé concorre com indústrias estabelecidas como as
domésticas Zhenmeat e Starfield e a norte-americana Beyond Meat, que tem
colaborações com a Starbucks e a rede KFC da Yum China, segundo a agência
Reuters.
"Vemos a China liderando a tendência de uma nova geração de alimentos vegetais na Ásia, à medida que as pessoas buscam opções que sejam boas para elas e para o planeta", disse Rashid Qureshi, presidente-executivo da Nestlé Grande China, em um comunicado à imprensa em dezembro do ano passado.
A fábrica de carnes na China é a primeira da Nestlé na Ásia, e se soma a uma loja online no mercado Tmall, do Grupo Alibaba.