Negócios e Franquias
Mercado de franquias prevê crescimento e seleção mais criteriosa de franqueados pós-pandemia
O mercado de franquias de alimentação vai crescer até o final do ano, com uma seleção ainda mais criteriosa dos franqueados. É nisso que apostam o consultor de franchising Lucien Newton, da consultoria Loja de Franquia, e os empresários Fábio Xavier e Luís Coelho, multifranqueados de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, sobre a retomada da economia pós-pandemia da Covid-19.
Participando de um webinar promovido pelo canal Food & Franquias, os especialistas apostam que a quantidade de franquias vendidas será maior do que antes da crise porque muitos recém-desempregados deverão investir as economias em um negócio próprio.
Atuando há mais de 30 anos no mercado de franchising, Newton afirma que os momentos de crise e de depressão econômica provocam uma explosão na quantidade de investidores -- e a abertura de uma franquia traz a sensação de segurança para quem vai começar a empreender.
"É uma certeza, desde 1994 para cá aconteceu assim. E nesta época acontece também o repasse de lojas e o surgimento de novas franqueadoras, um 'boom' de crescimento das que souberem se aproveitar do momento", diz.
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (Abia) afirma que existem no país 835 redes de lojas de alimentação, com mais de 35 mil unidades espalhadas pelo país. Somadas, o faturamento delas chega a R$ 51 bilhões. Para a entidade, são essas redes que melhor vão resistir à crise.
É o que prevê também o gaúcho Fábio Xavier, proprietário da rede de pizzarias Oca de Savóia. Com 16 lojas de rua e em shoppings centers no Rio Grande do Sul, além de 30 operações variadas nos estádios do Grêmio e do Internacional em Porto Alegre, ele mantém o plano de abrir 10 novas unidades na retomada dos negócios, ter apenas duas trocas de operadores e um fechamento. E ainda chegar a mais 50 a 60 unidades nas regiões Sul e Sudeste do país até o final de 2020.
"Teremos muitos negócios que não vão reabrir, [é uma] questão de que o dinheiro troca de mãos. E um risco em negócio é comprovadamente muito menor em franquias do que negócios do zero",= afirma.
Para ele, as lojas de rua terão uma retomada mais consistente antes dos shoppings centers, que não chegam sequer a 20% do movimento que tinham antes naqueles que já reabriram as portas. Xavier considera que os shoppings vão demorar para reagir à crise.
Funil mais estreito
Por mais animador que seja o aumento da quantidade de franquias vendidas e do surgimento de novas redes, a escolha dos novos franqueados será ainda mais criteriosa.
O empresário carioca Luiz Coelho, proprietário de franquias das marcas Spoleto, Bob's e Espetto Carioca, explica que os franqueados hoje não podem ser mais apenas meros investidores. As redes vão buscar empreendedores que efetivamente coloquem a mão na massa.
"Não vai mais ser aquele que compra 50 lojas e coloca a operação nas mãos dos funcionários, não sabe de nada que acontece no negócio. Se faltar alguém na cozinha, ele vai ter que ir lá e fazer", diz.
Para ele, quem já tem uma franquia ou experiência com administração será mais bem sucedido na seleção das franqueadoras, que vão enxergar nele uma possibilidade muito menor de fechar uma unidade. Já os que não vão passar por essa crise são aqueles que administravam com dificuldade o negócio.
"Vai se valorizar mais a otimização dos custos, fazer mais com menos, pensar mais atentamente em expansão [na questão de], despesa e receita para melhorar a eficiência dos negócios", diz.
Formatos mais promissores
Lucien Newton, da Loja de Franquias, afirma que as franquias de alimentação continuarão tendo bom rendimento, principalmente aquelas instaladas dentro de outros negócios -- as chamadas store in store. São opções que otimizam custos e agregam novos canais de venda.
"São negócios que existem pouco hoje em dia, mas que vão surgir cada vez mais, como uma franquia de comida congelada dentro de um salão de beleza, por exemplo, e assim por diante", conta.
O consultor também aposta no crescimento de negócios digitais de plataformas de delivery e de gestão comercial de serviços, com custos cada vez mais baixos baseados na tecnologia.