Negócios e Franquias
Franquias de alimentação ampliam participação no mercado e canais digitais durante a pandemia
As redes de alimentação aumentaram de 35% para 37% a participação no mercado brasileiro de franquias ao longo de 2020 de acordo com um levantamento divulgado nesta semana pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). O segmento é o responsável pela maior quantidade de lojas no país, segundo a entidade, e o que mais precisou se reinventar por conta do fechamento principalmente do comércio de rua e das praças de alimentação dos shoppings centers.
De acordo com o levantamento, as redes de
alimentação com melhor desempenho ao longo do ano foram aquelas com mais de dez
anos no mercado – houve um salto de 57% para 71%. Porém, a abertura de novas
unidades entre as 50 maiores marcas que atuam no franchising foi menor em 2020
por conta da pandemia, de 5% ante 9% em 2019.
alimentação com melhor desempenho ao longo do ano foram aquelas com mais de dez
anos no mercado – houve um salto de 57% para 71%. Porém, a abertura de novas
unidades entre as 50 maiores marcas que atuam no franchising foi menor em 2020
por conta da pandemia, de 5% ante 9% em 2019.
Segundo André Friedheim, presidente da ABF, o bom desempenho do mercado de franquias ao longo de 2020 mostrou que, apesar da pandemia e do fechamento do comércio durante quase todo o ano, o segmento está mais maduro e resiliente às turbulências econômicas.
“Nesse período de dificuldades sem precedentes em mais de um século para pessoas e empresas no enfrentamento da pandemia de Covid-19, essas redes demonstraram a importância do trabalho em rede, da força da marca, dos princípios e valores que norteiam o setor de franquias”, disse.
O bom desempenho do mercado de franquias se comparado aos restaurantes independentes é atestado pelos números. A pesquisa mais recente feita pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) em parceria com a Galunion Consultoria mostrou que as redes de alimentação tiveram uma projeção de queda no faturamento de 26% ao longo de 2020, contra 35% dos operadores independentes.
Isso se dá por conta dos riscos menores que uma franquia oferece na comparação com uma marca desconhecida. Para Ricardo Branco, diretor executivo da Feira Virtual de Franquias, evento que será realizado neste mês, este formato permite aos franqueados atuarem em redes já testadas e aprovadas no mercado.
“Há grande potencial para gerar negócios com todo tipo de investimento. Porém, as franquias que exigem um capital menor continuam sendo muito procuradas no atual momento em que vivemos”, explica.
Para as principais redes do mercado, a resiliência veio pela análise constante dos indicadores de consumo dos clientes, adaptando os cardápios, otimizando os preparos e investindo em renegociações de aluguéis e fornecedores. Quanto maiores as compras, menores os gastos.
Reinvenção e novos formatos
A maior rede de alimentação no Brasil continua
sendo o McDonald’s, com 2.567 operações segundo a ABF. Na sequência vem a Cacau
Show, com 2.371 unidades; o Subway, com 1.863; a AM/PM, com 1.804; e Burger
King, com 1.302 unidades – esta última com crescimento de 8% na comparação com
2019.
sendo o McDonald’s, com 2.567 operações segundo a ABF. Na sequência vem a Cacau
Show, com 2.371 unidades; o Subway, com 1.863; a AM/PM, com 1.804; e Burger
King, com 1.302 unidades – esta última com crescimento de 8% na comparação com
2019.
Em relatório divulgado ao mercado, a rede Burger King atribuiu esse desempenho principalmente às vendas por canais digitais e entregas por delivery, com um crescimento de 188% na comparação com o ano anterior. O volume de vendas passou de R$ 165,5 milhões para R$ 476,2 milhões, o que responde por 21% da receita da rede (embora a receita total operacional tenha sido de -22% em 2020).
Já a rede de sorveterias Oggi teve um dos melhores desempenhos de 2020 em expansão, com um crescimento de 35% no número de unidades, passando de 411 para 554. Segundo Daniel Oggi Branco, CEO da marca, isso aconteceu por conta do formato das lojas, que são como pequenos supermercados de sorvetes sem consumo no local.
“Muitos franqueados abriram durante a pandemia e, mesmo na fase vermelha, pudemos continuar abertos por termos essa semelhança, como um comércio essencial. Assim, muitos deles que já tinham uma loja quiseram abrir uma segunda ou terceira unidade, além de pessoas que perderam o emprego ou tiveram sua atividade principal impactada pela pandemia”, explica.
A marca pretende dobrar o número de lojas neste ano, chegando a 300 novas unidades principalmente no interior dos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia, com um investimento a partir de R$ 120 mil cada.
Por
outro lado, Daniel Roque, diretor de expansão e novos
negócios da rede Cacau Show, diz que o início da pandemia chegou a afugentar
novos interessados em abrir franquias. Mas, com a reabertura do comércio, muita
gente que ficou desempregada começou a procurar novas formas de se sustentar, e
empreender foi uma delas.
outro lado, Daniel Roque, diretor de expansão e novos
negócios da rede Cacau Show, diz que o início da pandemia chegou a afugentar
novos interessados em abrir franquias. Mas, com a reabertura do comércio, muita
gente que ficou desempregada começou a procurar novas formas de se sustentar, e
empreender foi uma delas.
“Fomos muito impactados por esse movimento por em torno de seis meses. A partir do sétimo mês [da pandemia], com uma perspectiva de retomada da vida, tivemos uma retomada do número de cadastros de interessados. Questionamos as pessoas por que elas estavam interessadas, e percebemos que foi o primeiro grande motivo”, conta.
A rede investiu fortemente no comércio digital e começou a estudar novos formatos de operação, como lojas contêineres que custam 1/3 das operações convencionais.
Pós-pandemia
Empresários que já atuam neste formato de franquias acreditam que há uma demanda reprimida com grande potencial de consumo para quando as regras forem relaxadas. Proprietário de uma pequena rede de alimentos italianos, Vicente Di Cunto acredita que a concorrência vai estar menor ao fim da pandemia, e que quem continuar em pé terá um movimento maior de clientes.
"Nesse último final de semana em que foi decretado fase vermelha no estado de São Paulo, por exemplo, faturamos mais de 10% acima em comparação aos anteriores. Até o final da pandemia, cerca de 50% dos restaurantes vão fechar as portas, então quando a demanda voltar, quem estiver presente, com qualidade e preço, vai ter um mercado muito mais promissor pra crescer e expandir", afirma o co-fundador da Pastifício Primo.
Com esse cenário promissor, é necessário analisar bem qual a franquia ideal para cada tipo de empreendedor. Para Caio Cunha, presidente da empresa de franquias de marketing digital WSI Master Brasil, os negócios que unem delivery e digital são os de maior potencial.
"Nesse momento de pandemia a franquia ainda é uma ótima opção, mas precisa ser selecionada com cautela. É necessário ver o mercado nesse momento de crise, por exemplo, se for algo essencial, como alimentação se puder trabalhar com entregas a domicilio; franquias de produtos farmacêuticos e outras necessidades; franquia de marketing digital, pois hoje é o momento para entrar nessa meio e todas as empresas estão se movendo para o digital e muitas não sabem como", explica.
Para a Associação Brasileira de Franchising (ABF), as franquias voltadas à alimentação saudável, serviço rápido e delivery através das dark kitchens (restaurantes que só existem para entregas) são as mais promissoras para este ano.