Negócios e Franquias
Marca retoma tradição dos cafés especiais de latitude e exporta para 28 países
Foi com o objetivo de quebrar o paradigma de que os melhores cafés são aqueles produzidos em altitude que nasceu, em 2015, a Capricornio Coffees no Norte Pioneiro do Paraná. A região, que viu a bonança e a queda após a geada negra de 1975, se provou uma das mais produtivas e de melhor qualidade do mundo, apostando em um grão colhido levando em consideração a distância da linha do Equador -- uma produção latitudinal.
Aos poucos, a Capricornio Coffees ampliou a presença além da região para locais também famosos por cafés de qualidade, como a Alto Mogiana, Sorocabana, Garça e Marília e Circuito das Águas Paulistas, em São Paulo. E de lá acabou inserida na rota internacional de visita cafeeira no país, exportando para 28 países uma extensa linha de produtos cultivados em 20 fazendas -- 95% da produção é destinada ao mercado internacional.
Segundo Edgard Bressani, sócio-proprietário da Capricornio Coffees, a produção passou de duas mil sacas em 2015 para 90 mil em apenas quatro anos. A expectativa é de que 2020 termine com 110 mil sacas.
“E a meta para os próximos três anos é chegar em 150 mil, o que prova a qualidade do nosso produto e que nossa teoria estava certa, de que os grãos dessa região precisavam ser mais reconhecidos”, conta.
Produção em larga escala
Pensando na estratégia de expansão da empresa, Bressani e seus dois sócios, Luiz Roberto Saldanha e José Antônio Rezende, arquitetaram a inauguração do Capricornio Coffees Industrial Park, um parque industrial de 22 mil metros quadrados em Ourinhos (SP) destinado à preparação, beneficiamento, embalagem e armazenamento de grãos. É lá que são produzidas as sete linhas de cafés da marca, como Microlot, Boutique, Estate, entre outras.
“Nós terceirizávamos o serviço de preparo do café e isso nos limitava, muitas vezes, em questão de tempo para atender nossas demandas. Agora, com o parque, poderemos dar conta de todos os nossos pedidos com mais facilidade”, diz Bressani.
O projeto do parque industrial também tem o objetivo de atender a demanda do Projeto Latitudes, um novo canal de vendas online que visa a comercialização nacional e internacional de grãos de pequenas fazendas em 32 regiões brasileiras.
“Neste projeto, trabalharemos apenas com cafés acima de 86 pontos, distribuídos em embalagens de 5 kg que são transportadas em caixas de atmosfera modificada, aumentando a durabilidade do produto nas prateleiras”, explica. O Projeto Latitudes, segundo ele, surgiu durante a quarentena a partir da vontade que a empresa tinha de contribuir na promoção de pequenos produtores.
Pelo site que estará pronto para a navegação a partir de outubro, as cafeterias poderão fazer compras online em maior quantidade por cotação. Já o consumidor final terá à disposição embalagens menores de grãos para torrar e moer em casa.
Por enquanto, segundo Bressani, as cafeterias se limitam à compra dos produtos diretamente no parque industrial ou pelo e-mail da empresa, e geralmente o fazem em quantidades maiores, a partir de 30 kg.
Além de beneficiar o café das fazendas parceiras, o Capricornio Coffees Industrial Park será sede de eventos internacionais como o Roaster Camp of Brazil e o Cup of Excellence, ambos previstos para 2022. O local também vai abrigar a Brazilian Coffee School, dedicada à organização de cursos da semente à xícara para donos de cafeterias e torrefações.
“Nosso objetivo com os eventos e com a escola é expandir nossa rede de contatos e compartilhar experiências”, afirma o sócio proprietário.
Efeitos da pandemia
Por atuar principalmente no âmbito internacional, a Capricornio Coffees percebeu os efeitos da pandemia em períodos diferentes. Como o contágio do novo coronavírus foi acontecendo gradativamente, as vendas não foram afetadas de uma só vez segundo Edgard Bressani.
“Então alguns lugares cancelaram pedidos, outros solicitaram o retardo da entrega. Vários já estão em um momento de retomada e voltaram a consumir normalmente, não existe um padrão”, conta.
Por conta disso, o evento de inauguração do parque industrial previsto para maio precisou ser adiado, assim como outros eventos. Parte da equipe passou a trabalhar remotamente, e a forma de realizar a avaliação dos cafés teve de ser repensada para evitar a contaminação.
A empresa considera os contratempos da pandemia como uma lição de casa que a lembre de que será necessário se reinventar no futuro. "De que maneira a gente não deixa a peteca cair? E de que maneira conseguimos nos solidarizar com os demais em momentos assim?", se questionou Bressani e os outros sócios da Capricornio Coffees.