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Bom Gourmet

Mitos e verdades sobre os alimentos afrodisíacos

Agência RBS
15/02/2015 02:59
As pimentas estão ligadas a .Foto: Gazeta do povo
As pimentas estão ligadas a .Foto: Gazeta do povo
Leve uma panela ao fogo, derreta manteiga, mel e jogue algumas passas. A seguir, acrescente claras batidas, gemas, farinha e uma pitada de sal. O mágico resultado dessa mistura é capaz de aguçar até os sentidos mais adormecidos, proclamou a escritora chilena Isabel Allende em Afrodite. Na obra, Isabel disserta sobre a secular relação entre os prazeres da comida e o desejo carnal. O nome que intitula o livro – da deusa do amor, da beleza e da sexualidade na mitologia grega – é também a origem da palavra “afrodisíaco”, termo dado aos alimentos que alcançaram o patamar de estimuladores do desejo sexual.
Antes vistos como mero folclore, os efeitos estimulantes de alguns nutrientes começaram a despertar o interesse da ciência. Enquanto os mecanismos bioquímicos desses alimentos seguem sendo desvendados, as conclusões a que se tem chegado não são muito animadoras para aqueles que querem, literalmente, apimentar a relação.
“Comprovações sobre ação afrodisíaca de alimentos são raras, mas alguns estudos mostram que certas substâncias têm efeitos positivos na vida sexual, principalmente por exercerem papel importante no equilíbrio hormonal ou por apresentarem uma ação estimulante”, explica a nutricionista Vanessa Leite, especialista em Nutrição Clínica e Esportiva.
Açafrão e ginseng no topo da lista
Um dos trabalhos mais completos sobre o tema foi produzido na Universidade de Guelph, no Canadá. Ao examinarem centenas de estudos sobre os alimentos considerados afrodisíacos, os pesquisadores concluíram que, entre os únicos nutrientes capazes de melhorar o desempenho sexual, estão o ginseng – uma raiz de origem chinesa – e o açafrão –, usado como tempero. Esse último contém carotenoide, uma substância que induz a produção de óxido nítrico nos vasos sanguíneos, melhorando a circulação local e, consequentemente, a função erétil.
Em mulheres, parece favorecer a excitação e a lubrificação vaginal. Álcool e chocolate, quando consumidos com moderação, também podem contribuir para aumentar o desejo, apontaram os pesquisadores.
Outro componente que tem se destacado é o zinco, um micronutriente presente em alimentos como frutos do mar e amêndoas. Ainda que não colabore para aumentar o apetite sexual, ele ajuda a manter os níveis adequados de hormônios masculinos e femininos, promovendo a saúde reprodutiva.
“Todos os alimentos ricos em zinco e ácido fólico são importantes para a maturação do óvulo, a implantação do embrião e o crescimento fetal, assim como a produção e maturação do espermatozoide”, diz Joselaine Sturmer, nutricionista clínica e mestre em Gerontologia e Geriatria.
Estimule as fantasias
Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O chocolate é um dos mais famosos alimentos afrodisíacos. Ganhou esse status por aumentar os níveis de substâncias cerebrais associadas ao prazer, como a endorfina. Ao ser conhecido como um alimento que representa paixão e desejo, o chocolate traz à tona outro aspecto da relação entre alimentação e prazer sexual que diz respeito aos sentidos, às memórias e às histórias.
Segundo a sex coach Paula Fernanda Andreazza, os alimentos têm o papel de estimular diferentes sentidos na relação a dois, seja pelo tato, olfato ou visão. “Um dos efeitos mais positivos de incluir cardápios específicos à rotina do casal é trazer mais confiança, sensualidade, criatividade e conexão, já que os dois parceiros estarão envolvidos em algo lúdico, ativando novas áreas no cérebro e explorando novas formas de comunicação e sensações, o que aumenta a intimidade”, diz Paula.
E aqui entram os mais diversos alimentos, como os que remetem a memórias – temperos típicos de regiões para onde o casal viajou, por exemplo –, até aqueles que provocam e aguçam os sentidos pelos cheiros.  “A baunilha pode estar na sobremesa ou em favas para estimular o olfato, ativando áreas no cérebro que induzem ao relaxamento e à sensualidade”, recomenda a especialista.
O papel do estilo de vida
A ciência dos alimentos afrodisíacos reúne mais dúvidas do que certezas. Enquanto alguns especialistas defendem que um alimento, isolado, não tem o poder de melhorar a libido, outros apostam e recomendam determinados cardápios para consumir com esta finalidade. O que é consenso é o poder abrangente de uma alimentação balanceada para garantir o sucesso na vida amorosa.
“A libido e a função sexual, em geral, são comandadas pelo sistema nervoso. Embora haja estudos demonstrando a influência positiva de alguns alimentos, esses, por si só, não farão um efeito mágico. Somente um estilo de vida saudável, com uma dieta que contenha esses elementos, irá proporcionar os benefícios almejados”, explica a nutricionista Sônia Alscher, professora do curso de Nutrição da PUCRS.

Aliados

Confira uma lista de alimentos que aguçam os sentidos e, em alguns casos, aumentam o desejo:
Ômega 3 (encontrado em salmão, sardinha, atum, nozes, castanhas e semente de linhaça) —  aumenta os níveis de óxido nítrico, melhorando a circulação sanguínea nas zonas erógenas. Auxilia na lubrificação feminina
Polifenóis (encontrados em uva, chá verde e vinho) —  aumentam os níveis de óxido nítrico
Álcool (vinho, champanhe) —  aumenta o nível de testosterona na mulher. Mas exige cuidado, pois álcool em excesso diminui a libido de ambos os sexos
Potássio e vitaminas do complexo B (encontrados na banana e abacate) —  ajudam a aumentar a libido masculina e melhorar a vida sexual
Arginina (encontrada em castanhas, uva-passa, pipoca, melancia, aspargo e nozes) —  promove a vasodilatação, o aumento do fluxo sanguíneo e libera óxido nítrico
Licopeno (encontrado em tomate, goiaba e melancia) —  melhora o fluxo sanguíneo
Capsaicina (pimenta) —  estimulante para o corpo, aumenta a sensibilidade das terminações nervosas, a frequência cardíaca e a circulação sanguínea
Fibras solúveis (aveia e cereais) — elevam o nível de testosterona
Gorduras insaturadas (nozes, castanhas, amêndoas) — elevam o nível de testosterona e auxiliam o funcionamento dos hormônios sexuais
Selênio (encontrado em castanha-do-pará, gema de ovo, farinha de trigo e camarão) — ajuda na produção de testosterona
Tiamnina e feniletilamina (encontradas no chocolate) — estimulantes, aumentam a liberação de substâncias cerebrais associadas ao prazer, como a serotonina, deixando a pessoa mais relaxada durante o ato sexual. Prefira o amargo, que tem mais cacau e menos açúcar e gordura

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