Mercado e Setor
Vinho fino brasileiro vende 56% a mais em 2020 e bate recorde de consumo
A “safra das safras” é como ficou batizado o ano de 2020 entre os produtores de vinhos finos brasileiros. No melhor ano da história do setor, a venda para o mercado interno bateu recorde, registrando aumento de 56% em relação a 2019.
Os dados são da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base em cadastros governamentais, e são referentes somente ao vinho produzido no Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% da produção nacional.
A qualidade das uvas colhidas aliada à mudança de hábitos do brasileiro que, por conta da pandemia, passou mais tempo em casa, fizeram a comercialização interna da bebida fechar em mais de 24 milhões de litros, contra 15,4 milhões em 2019. A alta do dólar, que encareceu o vinho fino importado, também deu um “empurrãozinho” para que o consumidor desse uma chance para os rótulos locais.
“O trabalho é longo, mas estamos no caminho certo. Agora, uma parcela maior de brasileiros descobriu o vinho nacional e percebeu sua qualidade”, afirma Deunir Argenta, presidente da Uvibra.
Como resultado da maior comercialização em 2020, a participação do vinho fino nacional no mercado interno aumentou de 4% para 6%, enquanto o vinho fino importado caiu de 32% para 31%, segundo números da Ideal Consulting. O vinho de mesa - produzido com uvas de qualidade não vinífera - continua sendo responsável pela maior parte do mercado, mas caiu de 64% para 63% no mesmo período.
As exportações da bebida fina também tiveram crescimento: foram 3,4 milhões de litros em 2019 contra 4,4 milhões em 2020, uma alta de quase 30%.
Espumantes não acompanharam
A venda de espumantes nacionais teve queda de 6,63%, passando de 13,5 milhões para 12,6 milhões de litros, com exceção dos moscatéis que tiveram um pequeno acréscimo de 3,9%, indo de 8,9 milhões para 9,2 milhões de litros. Outra queda foi na categoria do suco de uva. Os 175,9 milhões de litros vendidos em 2019 caíram para 166,7 milhões em 2020, um tombo de 5,24%.
O resultado, porém, não tem a ver com a qualidade do espumante local: em um ano com milhares de festas e eventos cancelados, não só o espumante nacional, mas também o importado tiveram queda no consumo. Segundo dados da Ideal Consulting, champanhes tiveram queda de 36,2% e proseccos de 20,1% nas importações em 2020, na comparação com 2019.
Desafios para 2021
Para o setor, a grande conquista de 2020 foi a percepção, por parte dos próprios brasileiros, da qualidade dos vinhos e espumantes nacionais. Também a aposta no e-commerce e em ferramentas práticas como o WhatsApp tem facilitado a venda com entrega em qualquer parte do país.
“Nosso país é um continente e o setor vitivinícola brasileiro, apesar de já existir mais de 20 regiões produtoras, ainda tem 90% de sua produção centralizada no Rio Grande do Sul. Precisamos melhorar ainda mais essa distribuição, aproximando o consumidor dos nossos rótulos”, ressalta Argenta. "Nosso desafio é manter este consumo e ir além”.