Mercado e Setor
São Paulo endurece funcionamento de restaurantes e mantém bares fechados
O estado de São Paulo inteiro entra na fase vermelha de atendimento ainda mais restritivo a partir de segunda (25) para conter o avanço do coronavírus. A determinação foi dada no começo da tarde desta sexta (22) pelo governador João Doria (PSDB), implantando uma espécie de “toque de recolher” entre as 20h e às 6h nos dias de semana e ao longo dos finais de semana dos dias 30 e 31 de janeiro e 6 e 7 de fevereiro.
Com isso, bares e restaurantes passam a seguir novas regras de atendimento. Os primeiros seguem proibidos de atender presencialmente, como já estava em vigor. Já os restaurantes podem funcionar no máximo oito horas por dia entre 6h e 20h, apenas com consumo local (inclusive de bebidas alcoólicas) e atendimento exclusivo para clientes sentados até a capacidade máxima de 40%. Fica suspenso o atendimento nos finais de semana e feriados.
Desde o começo do ano, o governo do estado vem reclassificando semanalmente as regras do Plano SP por conta do aumento constante da quantidade de casos do coronavírus. Só nos vinte primeiros dias deste ano foram registrados 62 mil novos diagnósticos e 1,1 mil óbitos, um crescimento geral de 42%.
Protesto
Pela manhã, pouco antes do anúncio das novas medidas do Plano SP, cerca de 50 empreendedores e colaboradores de bares e restaurantes fizeram um protesto em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado. Uma das reivindicações era de que as novas regras tenham início apenas na semana que vem, uma vez que os estoques para este fim de semana e feriado de aniversário de São Paulo, no dia 25, já estão comprados. Doria reforçou, na coletiva, que as medidas só terão início na segunda-feira.
Doria comentou a reação dos comerciantes citando o caso do Amazonas, que chegou a anunciar o fechamento do comércio para a contenção da doença. Segundo o governador, a atual crise no estado, que exauriu material médico vital para manter doentes vivos, começou quando setores da economia, restaurantes, bares e mercadinhos pressionaram o governo.
"Qual foi o resultado disso? Um aumento intenso de pessoas infectadas", complementou.
"São Paulo não vai ceder, São Paulo vai proteger. Aqui, temos compaixão, temos compreensão, mas a razão está na ciência" afirmou o governador ao dizer que esse pacote de restrições será mantido.
Em resposta ao discurso de Doria, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) emitiu uma nota de repúdio ao endurecimento do Plano SP. No comunicado, a entidade diz que entende a preocupação das autoridades em conter a expansão do novo coronavírus, mas que as empresas "não podem ser responsabilizadas uma vez mais pelo aumento de casos neste início de ano, e, pior, depois de permanecer por mais de 100 dias de portas fechadas em 2020”.
“Ao tomar a decisão, o Governo de São Paulo certamente deve ignorar informações fundamentais: [entre outras] Após a reabertura dos bares e restaurantes, com cumprimento de todos os protocolos de higiene, limitação de 40% das vagas e uso apenas das áreas internas, os casos passaram a cair gradativamente em São Paulo a partir de setembro e até o início de novembro. Ou seja, não há qualquer relação entre a abertura controlada de bares e restaurantes com a expansão da covid-19”, disse a entidade.
Além disso, a ANR afirmou ainda que as manifestações “devem continuar e crescer, pois as medidas certamente levarão ao fechamento de mais empresas, com muitas demissões, acentuando ainda mais a crise no estado e no país”.
Abaixo-assinado
Contrários ao endurecimento das regras do Plano SP, empresários do setor estão com um abaixo-assinado no ar na internet para que o governador João Doria afrouxe as restrições de atendimento nos bares e restaurantes. O movimento Gastronomia Viva alega que diminuir o horário de funcionamento dos estabelecimentos faz os clientes aglomerarem em poucas horas ou se encontrarem em locais clandestinos.
A petição já soma quase três mil assinaturas e propõe um trabalho de fiscalização conjunto entre o governo e o setor. Os empresários se comprometem a denunciar quem estiver descumprindo as regras se o poder público ampliar flexibilizar as restrições.