Mercado e Setor
Restaurantes e hotéis perderam 44,8% da receita em 2020
Uma pandemia com impactos nunca antes vistos na
história da economia. É assim que especialistas enxergam o retrocesso do
mercado de alimentação e turismo no Brasil e no mundo por conta da crise
provocada pela Covid-19, com reflexos que serão sentidos pelo menos até 2023.
história da economia. É assim que especialistas enxergam o retrocesso do
mercado de alimentação e turismo no Brasil e no mundo por conta da crise
provocada pela Covid-19, com reflexos que serão sentidos pelo menos até 2023.
Levantamento mais recente da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que restaurantes e hotéis tiveram uma retração de 44,8% em 2020 na comparação com o ano anterior, um prejuízo que fez evaporar do mercado o equivalente a mais de R$ 274 bilhões em receita. Especialistas apontam que, em âmbito global, o setor regrediu 30 anos.
Além disso, a demora para o início da campanha
de vacinação na comparação com outros países e a lentidão com que a população
vem sendo imunizada atrasam ainda mais a retomada da economia, de acordo com
entidades de classe.
de vacinação na comparação com outros países e a lentidão com que a população
vem sendo imunizada atrasam ainda mais a retomada da economia, de acordo com
entidades de classe.
Para Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), isso provoca o prolongamento dos impactos sofridos pelo setor. Só em 2020 foram cerca de 350 mil estabelecimentos que fecharam as portas em todo o país.
“Estamos falando do turismo e hospitalidades, área que gera cerca de 7,4 milhões de empregos diretos e indiretos, que é responsável por 7,7% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) e que precisa de apoio para se reerguer”, explica.
Já os estabelecimentos que conseguiram se manter em pé nestes 16 meses ainda têm o desafio de pagar as contas dos empréstimos contraídos e fazer caixa para honrar os compromissos correntes. Paulo Solmucci, presidente nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), conta que 73% dos bares e restaurantes estão com dívidas de aluguel, impostos e empréstimos bancários.
"Essa situação de endividamento irá demorar de dois a cinco anos para voltar à normalidade. Entramos com ações de reparação nos 275 municípios que atuamos, em todos os estados. Queremos que o governadores e prefeitos reconheçam que o setor pagou uma conta injusta e desproporcional”, analisa.
Para a entidade, as restrições de atendimento provocaram perdas impossíveis imensuráveis, que só conseguirão ser reduzidas com a ajuda do poder público como vem acontecendo nos Estados Unidos e em países europeus. Nestas nações, foram encaminhados auxílios na casa de bilhões de Euros e trilhões de dólares para estimular a economia e a retomada dos negócios.
Perda de empregos
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), que representa mais de quatro milhões de trabalhadores nos setores de turismo e hospitalidade no Brasil, estima que o número de desempregados poderia ter sido maior do que ocorreu. Para Wilson Pereira, presidente da entidade, a situação foi amenizada pelo BEm, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.
“Fizemos vários acordos para mitigar esses números, dialogamos com o setor empresarial por alterações nas convenções e acordos coletivos que reduzissem os números de demissões, mas infelizmente ainda tivemos 397 mil postos de trabalho perdidos, de acordo com nosso levantamento junto ao CAGED”, diz.
No entanto, entre empregos formais e informais, o setor perdeu 1 milhão de vagas segundo a Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
Recuperação demorada
A expectativa era de que o avanço da vacinação
fizesse a recuperação do movimento nos estabelecimentos começar a ocorrer
plenamente em meados de setembro a outubro deste ano. Mas, a lentidão na
imunização tem postergado este início, de acordo com Carlos Meles, presidente
do Sebrae.
fizesse a recuperação do movimento nos estabelecimentos começar a ocorrer
plenamente em meados de setembro a outubro deste ano. Mas, a lentidão na
imunização tem postergado este início, de acordo com Carlos Meles, presidente
do Sebrae.
No mais recente estudo divulgado nesta semana, a recuperação do segmento de bares e restaurantes deve começar apenas por volta de 10 de novembro, quando 100% das pessoas com mais de 25 anos podem estar imunizadas.
“Já estamos na terceira edição do estudo que correlaciona a vacinação e a atividade econômica e, infelizmente, verificamos que a campanha de imunização não tem acompanhado a necessidade de retomada dos pequenos negócios. O resultado é que tivemos de adiar mais uma vez a expectativa”, afirma.
Para Sampaio, da FBHA, a chegada das férias de julho pode ser um alento para estes setores em algumas regiões do Brasil. Mesmo com a pandemia, as pessoas já estão se sentido mais encorajadas de voltar a viajar.
Para ele, regiões onde a temperatura de julho é
mais amena, como o Nordeste, ajudam na recuperação do turismo de lazer.
mais amena, como o Nordeste, ajudam na recuperação do turismo de lazer.
"Atrelado a isso, viagens e hospedagens relacionadas a petróleo, fronteiras agrícolas, mineração e geração de energia já estão bem aquecidos. E temos ainda o turismo interno como uma forte tendência nos próximos anos, o que ajuda na recuperação do setor”, diz.
No entanto, ele ressalta que a recuperação total dos prejuízos se dará apenas em 2023.