Mercado e Setor
Variantes da Covid fazem restaurantes dos EUA perderem mais de 50% do movimento
O cenário de retração do movimento – e, consequentemente, das vendas – nos restaurantes brasileiros neste começo de ano por conta, entre outros fatores, do avanço da Covid e da Influenza, já tinha começado a ser visto nos Estados Unidos (EUA) ainda em dezembro.
Relatório da Independent Restaurant Coalition (IRC), que reúne os operadores independentes do país, divulgado na última sexta (14), apontou que 58% dos empresários viram as vendas despencarem a mais da metade no final do ano passado. Isso é confirmado pelos dados da OpenTable, plataforma que apura o movimento nos restaurantes estadunidenses.
Segundo a OpenTable, cidades como Washington DC e Nova York, ambas com casos de COVID-19 explodindo na metade de dezembro, experimentaram quedas acentuadas no tráfego de restaurantes – 53% e 60%, respectivamente, na comparação com 2019.
O relatório da IRC junto de outras consultorias, como a Morning Consult, mostra que os norte-americanos estão preocupados com o avanço da variante Ômicron nos EUA, tanto que a porcentagem de adultos que dizem se sentir à vontade para jantar fora caiu 9 pontos no último semestre.
“Em outras palavras, os números de vendas de janeiro provavelmente serão mais sombrios para os donos de restaurantes”, diz Alicia Kelso, colunista do setor na revista Forbes do país.
E isso, segundo ela, pode engrossar a quantidade de bares e restaurantes independentes que já fecharam as portas no país nos últimos dois anos, por causa da pandemia do coronavírus. Até o momento, a National Restaurant Association estima que mais de 90 mil negócios encerraram as atividades, a grande maioria deles sem acesso aos programas federais de ajuda.
Pouca ajuda
De acordo com Alicia, o Fundo de Revitalização de Restaurantes (RRF, na sigla em inglês), lançado em maio de 2021, chegou a apenas 101.004 estabelecimentos, de 200 mil inscritos para o socorro. Em um universo de 500 mil operações independentes nos EUA, muitos ficaram pelo caminho.
“No início de dezembro , quando o setor ainda estava sofrendo os efeitos da variante Delta, mais de 86% dos proprietários de restaurantes e bares disseram que provavelmente fechariam sem uma concessão do RRF. Com outra variante em fúria, a situação se tornou mais terrível”, diz.
Os operadores independentes vêm pedindo novos subsídios ao governo estadunidense para se manterem em pé. A pesquisa do IRC mostra, ainda, que quase 50% das empresas sem subsídios federais foram forçadas a demitir funcionários por causa de um fechamento relacionado à Covid-19 ou falta de vendas. Isso é comparado a 33% das empresas que receberam uma doação da RRF, informa a Forbes.
“Além disso, a organização observa que 42% das empresas que não receberam subsídios correm o risco de pedir falência, em comparação com apenas 20% daqueles que receberam subsídios. Quase 30% das empresas sem financiamento do RRF estão se preparando para um despejo, contra 10% das que receberam financiamento”, conta Alicia.
200 mil
Erika Polmar, diretora executiva da Independent
Restaurant Coalition, afirma que as dívidas estão cada vez maiores para os
restaurantes que não conseguiram uma ajuda governamental, tendo que demitir
colaboradores e vender bens pessoais para permanecer em operação.
Restaurant Coalition, afirma que as dívidas estão cada vez maiores para os
restaurantes que não conseguiram uma ajuda governamental, tendo que demitir
colaboradores e vender bens pessoais para permanecer em operação.
“Os quase 200 mil restaurantes e bares deixados para trás na primeira rodada de financiamento não tem muito tempo”, dispara.
Na semana passada, prefeitos e ex-prefeitos de 27
cidades americanas enviaram uma carta aos congressistas do país pedindo que o fundo
seja recomposto para evitar uma quebradeira generalizada. Fizeram coro ao
pedido cerca de 30 fornecedores do mercado, como vinicultores, processadoras de
alimentos, grupos comerciais, entre outros.
cidades americanas enviaram uma carta aos congressistas do país pedindo que o fundo
seja recomposto para evitar uma quebradeira generalizada. Fizeram coro ao
pedido cerca de 30 fornecedores do mercado, como vinicultores, processadoras de
alimentos, grupos comerciais, entre outros.
Até agora, 295 parlamentares da Câmara dos Deputados e 52 membros do Senado assinaram quatro leis que apoiam a recomposição do Fundo de Revitalização dos Restaurantes. Agora, segundo Alicia Kelso, resta aguardar por uma decisão favorável nas votações do Congresso e na sanção do presidente Joe Biden.