Mercado e Setor
Restaurantes e bares fecham mais de 180 mil vagas de emprego formais em 2020
Levantamento divulgado nesta quinta (18) pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) aponta que mais de 180 mil postos de trabalho formais nos bares e restaurantes brasileiros foram encerrados ao longo de 2020, segundo os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro foram as que mais perderam vagas, de 70.356 e 24.331, respectivamente.
O principal motivo foi o fechamento de operações que não conseguiram se manter em pé mesmo com os auxílios federais, como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda e as linhas de crédito criadas pelo Pronampe, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Mas, houve também restaurantes que continuaram abertos com uma demanda muito menor de clientes, o que provocou corte de custos principalmente na folha de pagamento.
Segundo Fernando Blower, diretor-executivo da
ANR, estes são números relativos apenas às vagas formais de trabalho, com
carteira registrada. No entanto, a entidade estima que os informais, que formam
parte significativa do serviço dos restaurante, podem somar ainda mais vagas
encerradas.
ANR, estes são números relativos apenas às vagas formais de trabalho, com
carteira registrada. No entanto, a entidade estima que os informais, que formam
parte significativa do serviço dos restaurante, podem somar ainda mais vagas
encerradas.
“A gente acredita que pode chegar a um milhão de trabalhadores afetados indiretamente, como o pessoal que trabalha por taxa ou temporários”, explica.
Embora os dados do Novo Caged mostrem, ainda, uma recuperação gradual do mercado, com a criação de cerca de 16 mil vagas formais no país no setor, Blower acredita que a retomada ainda será muito lenta e gradual. Para ele, o início da vacinação de idosos até a metade do ano vai tirar a pressão sobre o sistema de saúde, e assim se espera que as restrições em boa parte do país sejam flexibilizadas.
No entanto, a entidade estima que a recuperação aos níveis pré-pandêmicos vai acontecer só mesmo em 2022.
Ajuda ao setor
Como o setor ainda prevê um primeiro semestre com dificuldades, as entidades elaboraram uma lista de iniciativas para ajudar a manter as operações em pé, já que medidas como a suspensão ou redução das jornadas de trabalho e auxílio emergencial terminaram no final de 2020.
“Defendemos novas linhas de créditos, a prorrogação de lei que suspendeu contratos e reduziu jornadas por pelo menos mais um semestre, novo refis e perdão de dívidas tributárias contraídas na pandemia”, afirma Cristiano Melles, presidente da ANR.
No âmbito federal, Blower explica que é preciso estender o prazo de carência de quem conseguiu contrair empréstimos através do Pronampe, já que as parcelas começam a vencer nos próximos meses mesmo com um movimento ainda muito baixo nos bares e restaurantes brasileiros. Ele pede, ainda, uma nova rodada do programa.
A entidade também pede a renovação do programa de suspensão ou redução das jornadas de trabalho, pois muitas capitais ainda estão restringindo o atendimento presencial e a venda de bebidas nos bares e restaurantes. Em São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, as regras seguem bastante rígidas, principalmente com horário de funcionamento reduzido e capacidade menor nos ambientes. A expectativa é de que novas medidas sejam anunciadas na próxima semana pelo governo federal.
“Já nos estados, estamos pedindo o refis
(refinanciamento de tributos) para o ICMS. Todo mundo está devendo. Na semana
passada, o estado do Rio de Janeiro liberou o refis, precisamos que isso
aconteça no país todo”, explica Fernando Blower.
(refinanciamento de tributos) para o ICMS. Todo mundo está devendo. Na semana
passada, o estado do Rio de Janeiro liberou o refis, precisamos que isso
aconteça no país todo”, explica Fernando Blower.
Reparação dos gastos
Além dos pedidos para o poder público, entidades
estaduais dos setores afetados pela pandemia vêm organizando protestos e
mobilizações por mais ajuda federal e estadual. Enquanto algumas são pela
flexibilização das restrições, outras vão além e pedem a reparação dos gastos
causados pelos 11 meses de restrições.
estaduais dos setores afetados pela pandemia vêm organizando protestos e
mobilizações por mais ajuda federal e estadual. Enquanto algumas são pela
flexibilização das restrições, outras vão além e pedem a reparação dos gastos
causados pelos 11 meses de restrições.
No Paraná, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR) junto da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar/SindiAbrabar), o Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro, Gastronomia e Similares de Curitiba e Região Metropolitana (Sindehotéis), instituições privadas e promotores de eventos vão fazer uma caminhada na próxima quarta (24) pedindo o ressarcimento de gastos que tiveram com contas como aluguéis, tarifas de energia elétrica e água e esgoto, tributos, entre outros.
A mobilização em Curitiba será a partir das 15h
na Praça 19 de Dezembro, no Centro Cívico, com uma caminhada em direção à prefeitura
e ao Palácio Iguaçu. Estima-se que o ato terá a participação de pelo menos 200
pessoas.
na Praça 19 de Dezembro, no Centro Cívico, com uma caminhada em direção à prefeitura
e ao Palácio Iguaçu. Estima-se que o ato terá a participação de pelo menos 200
pessoas.
Segundo a Abrasel-PR, também serão realizados atos no interior do estado, nas cidades de Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.