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Líder mundial em produção e exportação, Brasil mantém número altos mesmo com a pandemia. Mas os hábitos de consumo mudaram.

Mercado e Setor

Mercado do café no Brasil segue em alta, mas os hábitos do consumidor mudaram durante a pandemia

Stephanie Abdalla, especial para o Bom Gourmet
19/11/2020 00:55
Responsável por quase 40% da produção cafeeira no mundo e líder em exportações, o Brasil conta com um ambiente facilitador e sustentável que favorece esse cenário. No entanto, mesmo após um ano próspero em ambos aspectos, a crise gerada pela pandemia alterou os hábitos de consumo e fez com que produtores e comerciantes se perguntassem sobre o futuro do setor.
É sobre isso que debateram Carlos Brando, presidente da Plataforma Global do Café Brasil; Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé; e Bill Murray, presidente da National Coffee Association (NCA), junto com outros especialistas em um dos painéis no primeiro dia da Semana Internacional do Café.
De acordo com Carlos Brando, alguns aspectos do setor cafeeiro no Brasil contribuem para com a qualidade e quantidade da produção e exportação. Dentre eles, o presidente destaca a assistência técnica e extensão rural acessíveis, a taxação moderada que incentiva pequenos produtores e a eficiência do mercado, que carece de poucos intermediários entre fazendas e portos.
“Esse ambiente facilitador não está presente na grande maioria dos países e é difícil de implementar, por isso devemos usufruir dessa vantagem”, diz.
Somado a isso está o
conceito de sustentabilidade, tanto econômica quanto ambiental, que, segundo
Nelson Carvalhaes, motiva ambas as pontas da cadeia – produtores e consumidores
finais. “O Brasil é um dos países produtores que mais investe no desenvolvimento de pesquisa tecnológica cafeeira e, aqui, o setor gera mais de 3,5 milhões de empregos, diretos e indiretos. Isso incentiva os produtores. Por outro lado, temos as leis ambientais e trabalhistas mais rígidas do mundo, o que afirma ao consumidor que produzimos com seriedade e cuidado, fazendo com que ele confie no nosso produto”.
Apesar disso, pesquisas realizadas pela NCA indicam que alguns tradicionais hábitos consumidores foram alterados por conta da pandemia do novo coronavírus. O mais relevante deles foi a migração do consumo em cafeterias para dentro de casa, através dos canais online.“A pandemia não afetou a quantidade de café consumida, e sim os padrões de compra. Diante disso, os negócios precisaram se atualizar e apostar em novas formas de gerar experiência”, afirma Bill Murray.
O
café no futuro
Dados da NCA apontaram que
52% dos consumidores já voltaram a frequentar cafeterias para consumo no salão,
mas dos 48% restantes, apenas 16% estão dispostos a retomar esse consumo nos
próximos meses. “Sendo assim, empresas do ramo precisarão pensar alternativas a
longo prazo para manter a grande quantidade de pessoas que só voltará a
consumir mediante uma vacina”, diz Murray.
Com relação à produção e
exportação, a expectativa é próspera. Como explica Carlos Brando, outras crises
anteriores e muito ruins, como a de 2008, nos Estados Unidos, e a de 2011, na
Europa, mostraram que o consumo de café é praticamente inabalável, uma vez que
gera conforto.
“Nas três últimas décadas, tanto a produção quanto a exportação se multiplicaram por três. É principalmente nos momentos de crise que as pessoas buscam aquilo que as faz sentir bem, e não tem nada melhor do que uma boa xícara de café”, finaliza.
A programação da Semana Internacional do Café prossegue nesta quinta-feira (19), a partir das 9h. A edição deste ano do evento é totalmente online e as inscrições, que são gratuitas, ainda podem ser feitas: é só acessar o site semanainternacionaldocafe.com.br.

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