Mercado e Setor
Com medo de assaltos, restaurantes pedem mais policiamento em Curitiba
Uma rotina de ser acordado de madrugada com avisos de assalto no celular. Clientes abordados à mão armada enquanto conversam e tomam alguns goles de cerveja. Assim tem sido a rotina de empresários e frequentadores de bares e restaurantes de Curitiba desde que as restrições impostas pela Covid-19 começaram a ser suspensas, em meados de agosto do ano passado.
Só em um bar na região central da cidade, o
empresário Juliano Todeschini acumula 18 ocorrências em seu Lotus Sunset, na
badalada área da Praça da Espanha. Ele não estava presente em nenhuma delas,
mas, as câmeras de segurança registraram as ações de furtos dos bandidos.
empresário Juliano Todeschini acumula 18 ocorrências em seu Lotus Sunset, na
badalada área da Praça da Espanha. Ele não estava presente em nenhuma delas,
mas, as câmeras de segurança registraram as ações de furtos dos bandidos.
No entanto, começou a ficar com medo de abrir as portas quando, mais recentemente, uma gangue armada invadiu um bar muito próximo dali rendendo clientes e funcionários. Todeschini contou ao Bom Gourmet Negócios e à Gazeta do Povo que já viu o mesmo ocorrendo com outros estabelecimentos vizinhos na região, e que tem medo de ser o próximo.
“Já vi a mesma coisa acontecendo em uma cafeteria aqui perto, em outro restaurante, e estou com medo de trabalhar. Abro o meu bar porque preciso, mas tenho medo”, conta.
A realidade dele é a mesma vivida por tantos outros empresários da região central de Curitiba, que engloba o centro e mais os bairros do primeiro anel. Relatos semelhantes se acumulam nas páginas desta Gazeta e da Tribuna, como o de outro empresário da região central que teve o bar invadido 14 vezes, e geraram uma reação por parte de empresários.
Unidos pela segurança
Uma reunião realizada com o 1º Comando Regional
da Polícia Militar, na tarde desta segunda (9), vai gerar um termo de
cooperação unindo a corporação, os associados à seccional paranaense da Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), a Prefeitura de Curitiba e a
Polícia Civil para reforçar o policiamento na região.
da Polícia Militar, na tarde desta segunda (9), vai gerar um termo de
cooperação unindo a corporação, os associados à seccional paranaense da Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), a Prefeitura de Curitiba e a
Polícia Civil para reforçar o policiamento na região.
Segundo o coronel Renato Ribas, que vai liderar os
trabalhos, serão realizadas operações para inibir a ação dos criminosos e da
suposta gangue que está assaltando os estabelecimentos mesmo durante o horário
de atendimento.
trabalhos, serão realizadas operações para inibir a ação dos criminosos e da
suposta gangue que está assaltando os estabelecimentos mesmo durante o horário
de atendimento.
“Isso será feito a partir de um policiamento mais intensivo principalmente nos locais, horários e determinados dias da semana com mais movimento nestes estabelecimentos, que viram o fluxo de clientes aumentar com a volta à ‘vida normal’”, explicou.
De acordo com ele, a quantidade de roubos registrados teve um pequeno aumento nos primeiros quatro meses deste ano se comparados ao mesmo período de 2021, quando decretos restritivos estavam em vigor: 48 ocorrências contra 45, respectivamente.
Ribas justifica que foi um aumento pontual por
conta da reabertura total do comércio. Mas, que é um número possivelmente
subnotificado, já que empresários e clientes deixam de registrar a ocorrência
por medo de represálias.
conta da reabertura total do comércio. Mas, que é um número possivelmente
subnotificado, já que empresários e clientes deixam de registrar a ocorrência
por medo de represálias.
“As pessoas estão com medo de fazer os BO’s (boletins de ocorrência), principalmente os empresários, que temem ser alvo de ações mais violentas dos bandidos”, conta Luciano Bartolomeu, diretor-executivo da Abrasel-PR.
É o que foi apurado pela reportagem em conversas
reservadas com alguns empresários. Há o medo de que os crimes normalmente
ocorridos com as portas fechadas aconteçam com os clientes nas casas – o que
aumenta o risco se os bandidos estiverem armados.
reservadas com alguns empresários. Há o medo de que os crimes normalmente
ocorridos com as portas fechadas aconteçam com os clientes nas casas – o que
aumenta o risco se os bandidos estiverem armados.
Ações táticas
O reforço no policiamento não teve mais detalhes divulgados, que devem ser mantidos em sigilo para não afetar a estratégia de ação. No entanto, o coronel Renato Ribas afirma que a expectativa é de que o número de novas ocorrências chegue a próxima de zero em 30 dias.
“A cidade é muito grande e há uma infinidade de bares e restaurantes espalhados. A ação será principalmente na região central, mas vai pegar um pouco também do Alto da XV, do Água Verde, do Juvevê, entre outras, em áreas de grande concentração de estabelecimentos”, afirma.
Segundo a Abrasel-PR, o termo de cooperação ainda
vai permitir que a Polícia Civil tenha acesso mais rápido às câmeras de
segurança dos próprios estabelecimentos e também das vias públicas,
administradas pela Prefeitura. Juliano Todeschini, que pressionou pela reunião
após as quase duas dezenas de assaltos, explica que os empresários terão uma
comunicação mais facilitada com as próprias viaturas policiais que estiverem em
ronda.
vai permitir que a Polícia Civil tenha acesso mais rápido às câmeras de
segurança dos próprios estabelecimentos e também das vias públicas,
administradas pela Prefeitura. Juliano Todeschini, que pressionou pela reunião
após as quase duas dezenas de assaltos, explica que os empresários terão uma
comunicação mais facilitada com as próprias viaturas policiais que estiverem em
ronda.
“Na semana que vem, teremos uma reunião para apresentar um projeto que permita uma interligação das câmeras de segurança com a polícia, para que acompanhem também mais rapidamente em caso de ocorrência”, conta.
Ele afirma, ainda, que um módulo policial seja instalado na região da Praça da Espanha, mas que outras zonas boêmias de Curitiba não fiquem desassistidas de policiamento. “Não é só pra mim ou para o meu vizinho, é para que todos os frequentadores e empresários de restaurantes da cidade possam trabalhar com mais segurança. Eu estou realmente com medo”, completa.
Este repórter também já foi assaltado à mão armada na mesma região em que Todeschini trabalha, logo após o cair do sol em um sábado.