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O consumo de bebidas destiladas premium migrou do bar para a sala de casa, com uma melhora no paladar.

Mercado e Setor

Pandemia aquece mercado de destilados premium e aumenta preocupação com sustentabilidade

Guilherme Grandi
23/11/2020 19:30
“As pessoas estão bebendo melhor, não mais”. A afirmação do comandante de uma das maiores fabricantes de bebidas destiladas do mundo explica o que mudou no paladar dos consumidores ao longo dos últimos oito meses de pandemia, em que o hábito de tomar um drink ou uma dose no bar precisou ser transferido para dentro de casa.
Ivan Menezes, CEO da multinacional Diageo, que controla marcas como Smirnoff, Tanqueray e Johnnie Walker, é enfático em dizer que os longos períodos de confinamento fizeram as pessoas criarem um senso de responsabilidade no consumo de destilados, e não necessariamente um aumento como poderia se pensar inicialmente.
Em entrevista ao portal de economia estadunidense CNBC nesta segunda-feira (23), Menezes disse que a pandemia proporcionou um momento de conhecer melhor o que se está consumindo, algo como aconteceu com a própria alimentação. A valorização de ingredientes frescos e mais saudáveis foi um paralelo de melhora da qualidade dos destilados consumidos.
“A tendência de premiumização continuou ao longo deste período e eu diria que é a maior fonte de criação de valor para uma empresa. As pessoas estão bebendo melhor e trocando por um single malte Talisker ou Johnnie Walker Blue”, disse.
Tudo normal
O comandante da multinacional explicou que essa melhora no paladar dos consumidores de destilados é vista no mundo todo, mas principalmente na China. No país onde começou a pandemia, Ivan Menezes diz que já está tudo praticamente normalizado.
“Se você olhar para a China agora, onde as coisas estão praticamente de volta ao normal, verá que nossos negócios estão tendo um bom desempenho lá, as pessoas estão se socializando fora de casa novamente”, afirmou.
Já na Europa e nas Américas, onde os números da pandemia estão crescendo novamente, o CEO da Diageo acredita que o consumo de destilados premium vai continuar em alta mesmo com a volta das restrições, o que chama a atenção da marca.
“Queremos continuar aumentando o perfil de crescimento e margem do negócio, adquirindo marcas de rápido crescimento com altas margens no segmento premium do mercado, e estamos em busca de mais. Mas trata-se de encontrar marcas de qualidade que podemos ver crescendo bem ao longo de uma década”, acrescentou.
No começo deste semestre, a Diageo anunciou a
compra da Aviation American Gin, marca parcialmente controlada pelo ator Ryan
Reynolds, por cerca de US$ 610 milhões (R$ 3,3 bilhões). Já em outubro, por um
valor não revelado, a multinacional abocanhou a Chase, do Reino Unido, que
produz gim e vodca a partir de batatas e maçãs britânicas, por uma quantia não
revelada.
Sustentabilidade
Além de ver o aumento do consumo de destilados da linha premium, a fabricante também passou a investir em metas de sustentabilidade para os próximos dez anos. Entre os objetivos estão zerar a emissões de carbono até 2030 nas operações diretas e usar 30% menos água para produzir as bebidas.
“Para o investidor da Diageo, eu diria que estamos absolutamente confiantes de que esse foco de longo prazo em sustentabilidade gera bons negócios e oferece bons retornos de negócios”, finalizou Ivan Menezes.
A marca se comprometeu também a usar 100% de conteúdo reciclado em embalagens plásticas e que todas elas sejam amplamente recicláveis. A Diageo também pretende, ainda, aumentar para 45% a representação de líderes de origens étnicas diversas até 2030, bem como 50% de todas as posições de liderança ocupadas por mulheres.

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