Mercado e Setor
Inflação preocupa a recuperação de 8 em cada 10 restaurantes brasileiros
O fantasma da inflação voltou definitivamente a assombrar o bolso dos brasileiros – e não apenas daqueles que vão aos supermercados fazer as compras do dia a dia. Para oito em cada dez restaurantes brasileiros, a alta galopante dos preços será o maior desafio a ser enfrentado neste final de primeiro semestre e ao longo de todo o restante do ano.
É o que revelou a mais recente pesquisa setorial
realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e a Galunion
Consultoria com 14 mil estabelecimentos de Norte a Sul do país. Estes
representam 817 empresas entre operações independentes e redes alimentícias.
realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e a Galunion
Consultoria com 14 mil estabelecimentos de Norte a Sul do país. Estes
representam 817 empresas entre operações independentes e redes alimentícias.
Segundo os empresários – que também são
consumidores, acima de tudo – os seguidos aumentos de preços dos alimentos e
bebidas estão pressionando os custos e afastando os clientes dos restaurantes.
Afinal, com um poder aquisitivo menor, a tendência é de sempre segurar ou
cortar os gastos.
consumidores, acima de tudo – os seguidos aumentos de preços dos alimentos e
bebidas estão pressionando os custos e afastando os clientes dos restaurantes.
Afinal, com um poder aquisitivo menor, a tendência é de sempre segurar ou
cortar os gastos.
A inflação oficial do país, calculada pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), alcançou 1,62% em março, após
alta de 1,01% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). São sete meses seguidos de aumento, com o segmento de
alimentos e bebidas registrado a maior alta – foram 2,42% apenas em abril, mais
que o dobro do segundo colocado, habitação, que subiu 1,15%.
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), alcançou 1,62% em março, após
alta de 1,01% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). São sete meses seguidos de aumento, com o segmento de
alimentos e bebidas registrado a maior alta – foram 2,42% apenas em abril, mais
que o dobro do segundo colocado, habitação, que subiu 1,15%.
Fernando Blower, diretor-executivo da ANR,
explica que a inflação está impactando diretamente na recuperação da maioria
dos negócios de gastronomia, eliminando os ganhos obtidos no final do ano
passado e início de 2022, quando o movimento de clientes e o faturamento
chegaram ou até passaram dos registrados antes da pandemia da Covid-19.
explica que a inflação está impactando diretamente na recuperação da maioria
dos negócios de gastronomia, eliminando os ganhos obtidos no final do ano
passado e início de 2022, quando o movimento de clientes e o faturamento
chegaram ou até passaram dos registrados antes da pandemia da Covid-19.
“A inflação certamente é o maior desafio do setor para 2022, pois seu impacto é duplo, seja nos custos diretos como aluguel, CVM (Custo de Mercadorias Vendidas) e outros. Mas, também no passivo das empresas, pois os recentes financiamentos feitos pelo setor na pandemia, como o Pronampe, certamente serão corrigidos com a pressão também sobre os juros”, explica.
A pesquisa apontou que quatro em cada dez empresários possuem dívidas em aberto, sendo 15% com mais de 3 anos para quitação, 11% de 2 a 3 anos, e 23% de 1 a 2 anos. Outro dado que preocupa diz respeito ao faturamento das empresas. 60% afirmaram que faturaram em fevereiro de 2022 igual ou abaixo da receita de fevereiro de 2019, um ano antes da pandemia.
Dívidas em alta
A pesquisa da ANR encontra paralelo com outro levantamento recente realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que apurou que apenas quase três em cada dez operações (26%) conseguiram ter algum lucro no mês de fevereiro (mês apurado pela entidade).
Outros 34% afirmam terem operado em equilíbrio –
sem ganhos – e o restante ficou no prejuízo. O que mostra que a retomada está
sendo desigual, segundo Paulo Solmucci, presidente nacional da Abrasel.
sem ganhos – e o restante ficou no prejuízo. O que mostra que a retomada está
sendo desigual, segundo Paulo Solmucci, presidente nacional da Abrasel.
“As parcelas dos financiamentos em atraso e a inflação dos insumos, que praticamente não foi repassada para os cardápios, influenciam no resultado dos estabelecimentos”, conta.
A situação é mais complicada para 45% das
empresas que estão no Simples (que representam 85% do total de respondentes), com
parcelas atrasadas. Destas, 69% pretendem aderir ao Relp, programa de
refinanciamento do governo federal.
empresas que estão no Simples (que representam 85% do total de respondentes), com
parcelas atrasadas. Destas, 69% pretendem aderir ao Relp, programa de
refinanciamento do governo federal.
Vendas multicanal
Embora a inflação esteja fazendo os brasileiros
segurarem mais os gastos, os empresários dizem que estão sentindo uma melhora
gradativa no movimento. Para 51% dos entrevistados pela Galunion, os consumidores
estão retomado os hábitos de consumo de antes da pandemia.
segurarem mais os gastos, os empresários dizem que estão sentindo uma melhora
gradativa no movimento. Para 51% dos entrevistados pela Galunion, os consumidores
estão retomado os hábitos de consumo de antes da pandemia.
Mas, sem deixar de lado o delivery, que foi tão
importante durante a pandemia e que não perdeu força mesmo com a retomada do
atendimento presencial. Simone Galante, CEO da consultoria, os consumidores se
acostumaram com a entrega em domicílio, e a adotaram no seu dia a dia.
importante durante a pandemia e que não perdeu força mesmo com a retomada do
atendimento presencial. Simone Galante, CEO da consultoria, os consumidores se
acostumaram com a entrega em domicílio, e a adotaram no seu dia a dia.
“Os dados revelam que 89% dos ouvidos operam com delivery, e que 71% consideram este canal lucrativo”, conta.
Já para a Abrasel, a saída do Uber Eats do
Brasil aumentou a concentração em outras plataformas, principalmente o iFood,
que passou a ser utilizado por 94% dos restaurantes brasileiros.
Brasil aumentou a concentração em outras plataformas, principalmente o iFood,
que passou a ser utilizado por 94% dos restaurantes brasileiros.
“Continua como uma importante fonte de receita para os estabelecimentos. Mas, o que nos preocupa é a concentração dos pedidos em um único aplicativo, dependência aprofundada com a saída do Uber Eats do Brasil”, reforça Paulo Solmucci.
Segundo a pesquisa da entidade, o concorrente mais próximo, o Rappi, tem apenas 11% de participação das operações do setor.