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Gestão transparente com os funcionários ajuda a aumentar a eficiência e o senso de pertencimento dos funcionários.

Mercado e Setor

Como uma gestão transparente e eficiente ajuda a minimizar os impactos da pandemia nos negócios

Guilherme Grandi
26/08/2020 19:27
Logo que começou a trabalhar no ramo da gastronomia há 15 anos em Belo Horizonte, o empresário mineiro Ralph Marcellini viu que precisava fazer mais do que apenas tocar um restaurante cuidando das contas do que entrava e saía, de quanto gastava e quanto custava a folha de pagamento dos funcionários. Com os livros de caixa em mãos, ele abriu o jogo com os colabores do que precisava fazer para o negócio ser rentável, e hoje o Grupo Chalezinho já detém sete operações entre a capital mineira e São Paulo.
Participando de um dos painéis do 32º Congresso Nacional da Abrasel, nesta quarta (26), Marcellini contou como a gestão transparente com metas e indicadores desde o começou está ajudando as casas do grupo a passarem pela pandemia do novo coronavírus com o menor impacto possível. Conversando com a CEO da Falconi Consultoria, Viviane Martins, e com o presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Cristiano Melles, o empresário contou que a abertura dos números para os funcionários ajudou a criar neles o senso de pertencimento, de como eles fazem parte da empresa.
“Me surpreendeu à época a facilidade com que a equipe entendeu essas metas e indicadores de gestão, e continuamos seguindo com ela. Nós temos metas de tudo, de vendas no delivery, de criação de novos produtos, de kits de pratos para as pessoas prepararem em casa, entre outros. E também repartimos com os colaboradores 4% do lucro anual das operações”, conta.
A experiência do empresário mineiro no painel ajudou a explicar porque muitos restaurantes brasileiros não estão conseguindo sobreviver à pandemia, já alcançando um índice de fechamento de quatro a cada dez negócios segundo a ANR. Somada à dificuldade em conseguir linhas de crédito para ajudar a financiar o capital de giro, a falta de uma boa gestão do fluxo de caixa e de estratégias a partir de metas bem definidas são as principais dificuldades das operações de comidas e bebidas hoje em dia.
Eficiência
Para Viviane Martins, a questão do fluxo de caixa ganha mais destaque nesse momento de pandemia, além da gestão da cozinha e do controle de perdas e desperdício. Isso gera uma perda de eficiência que poderia ser resolvida com uma atenção maior aos números e à capacitação dos funcionários.
“São três aspectos que precisamos levar em conta: bons processos de negócios e ferramentas de controle da cozinha, estoque e resultados; as pessoas, que é o que realmente move um negócio; e a aceleração da digitalização e modernização, com a capacidade de inovar que salta mais aos olhos em períodos mais difíceis”, explica a consultora.
Ela conta que hoje em dia existem tecnologias que ajudam neste trabalho de gestão para todo tipo de empresa, independente do porte, mas que o setor de bares e restaurantes é o que menos as usa.
A visão é a mesma do presidente da ANR, que vê na pandemia a oportunidade de se enxergar as deficiências do negócio. Segundo Cristiano Melles, o fechamento abrupto dos restaurantes por mais de 100 dias fez muitos empresários reverem seus negócios como um todo, onde pode ganhar produtividade e o que precisa mudar para continuar em pé.
“Quando você tem controle de entrada, como faço uma integração disso com o estoque, as contas a pagar e a folha, neste momento quem puder pegar essas ferramentas e ter o negócio na mão vai ser muito importante”, aponta.
Para ele, os negócios estão sendo praticamente
reinaugurados com a retomada gradual da economia, pois tudo mudou do que era
antes e vai continuar mudando.
Dinheiro na mão
A eficiência nos negócios também é o que vai ditar o mercado daqui para frente, com o retorno dos clientes aos restaurantes. Cristiano Melles explica que quem conseguiu algum empréstimo para pagar as contas do dia a dia está tendo praticamente uma segunda chance de seguir funcionando. Mas é uma última chance, de acordo com ele.
“É isso ou acabou, quem teve acesso ao crédito precisa definir bem como vai usar o dinheiro para não ser uma bala de prata. Já passamos da fase mais aguda da crise, mas não podemos deixar os números de falência crescerem ainda mais”, completa.
Para Ralph Marcellini, tanto a volta ao atendimento presencial onde já é possível como a operação mais limitada precisam estar em constante reinvenção, ouvindo o que todos têm a dizer.
“Em BH, onde ainda há restrições, temos feito lives em alguns dias como se as pessoas estivessem nos restaurantes. Acho que é isso, passa por essa reinvenção de compartilhar esses desafios com toda a equipe, e é interessante como todos se envolveram nisso”, finaliza.

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