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A indústria de alimentos se viu na necessidade de construir novos elos na cadeia do food service.

Mercado e Setor

Food service mais óbvio, profundo e digital

Cristina Souza*
29/09/2020 17:30
O alimento é a maior rede de conexão que temos
no mundo. A partir dele trocamos, aprendemos, ofereceremos carinho,
hospitalidade, nos reunimos, incluímos e excluímos pessoas. Sim a exclusão de
pessoas é real! Até 2050 seremos 9 bilhões de pessoas no mundo e a falta de
alimento nos preocupará mais do que qualquer pandemia.
Não precisamos esperar faltar, temos que
considerar novas formas de nos alimentarmos. Somente novos hábitos poderão dar
conta de suprirmos a necessidade de nutrir tantas pessoas ao longo do tempo
segundo a cientista Renata do Nascimento, que é especialista em plant based e atua na Seara Alimentos.
Também nessa direção, o chef Renato Caleffi, do
Le Manjue Organic e Le Manjue Café, grande promotor da culinária orgânica e boa
alimentação, fala sobre a importância de nos aprofundarmos nos biomas brasileiros
e ampliarmos o consumo de PANCS (Plantas Alimentícias Não Convencionais), das
quais muitos de nós se furtam a experimentar. Renato ainda sugere às indústrias
o aproveitamento integral de alimentos, por exemplo, ramas de cenoura como
tempero.
O fato do serviço de delivery de alimentos ter sido exponenciado durante a pandemia é quase um senso comum entre os operadores do segmento, até porque era o único canal permitido em muitas cidades do país. Porém Ely Mizrahi, presidente do Instituto Food Service Brasil (IFB) sinaliza que, com a reabertura das operações, a queda do delivery vem acontecendo, mas não deverá chegar às bases anteriores à pandemia. Porém, criará uma profusão de oportunidades para negócios como Cloud Kitchens (ou dark kitchens) puras e pivotagem de modelos de marcas consagradas. Ou seja, novos canais tendem a se acelerar.
A visão da indústria de alimentos por German Carvallo, business executive officer da Nestlé Professional Brasil, e Thiago Teodoro, head of sales e trade marketing da Cargill, destacam a preocupação e empenho em oferecer soluções para acelerar a recuperação do setor de foodservice no Brasil.
German sinalizou que a combinação Marca Forte e Segurança Alimentar são altamente valorizados pelo consumidor, e a Nestlé tem usado sua fortaleza em branding e produto e apoiar a construção de elos entre seus clientes e os consumidores deles. Ainda, a tecnologia é um caminho sem volta e ilustrou como assistentes digitais são um passo evolutivo na relação com clientes.
Thiago destaca a postura da Cargill em combinar
o profundo entendimento do negócio do parceiro através de produtos que otimizam
a performance da operação e contribuem para maior qualidade no produto final
aliados à aceleração de soluções como apoio técnico e lançamentos como a
Levia+C. Ou seja, não é olhar o quanto o cliente compra, mas pensar no quanto
juntos podem somar e oferecer o melhor aos consumidores otimizando as margens
do negócio.
Rodrigo Andrade, diretor de foodservice da Linx,
falou do foodservice omnichannel e lembrou que é altamente pulverizado, e que
há uma caminhada longa para chegar à plenitude da transformação digital. Ou
seja, os negócios precisam acompanhar as evoluções de conexão desejadas pelos
consumidores, produto e qualidade acima de tudo – mas a empresa precisa
considerar estar onde o cliente estiver, na hora que ele quiser.
Ainda sobre transformação digital, Ricardo Garrido, sócio fundador da CIAT, afirmou que enxerga a empresa como uma plataforma que entregará aos clientes experiências únicas em todos os seus pontos de contato, presencial, no delivery e/ou para viagem. Ele reforçou que, sem propósito, uma proposta de valor excepcional do foodservice não se diferencia.
Visões de antes da pandemia sobre porquê fazer
deram espaço a “por quê não fazer”? E a CIAT testou e lançou produtos em tempo
recorde encantando clientes e mantendo o foco na recuperação dos resultados da
empresa.
Iuri Miranda, CEO do Burguer King, refere-se de maneira extremamente madura do mercado e relações com o consumidor brasileiro, citando a importância de adaptar-se com velocidade para manter a qualidade de serviço e atendimento aos clientes. Ele sinalizou que na pandemia, as empresas não “criaram”, elas aceleraram ações e projetos que já eram embrionários ou em fase de desenvolvimento, por isso tantas transformações aconteceram.
Iuri assegurou ainda que a transparência nunca
foi tão importante e que comunicar-se de maneira franca é o que realmente
engaja e conecta.
Reflita e haja em seu negócio!
*Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice - Estratégia e Gestão. O artigo foi baseada em informações dos convidados do Global Retail Show 2020, realizado entre os dias 13 e 19 de setembro.

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