Mercado e Setor
Segurança e rastreabilidade de contatos marcam retomada do setor de eventos
Restrições de circulação caindo, pandemia de Covid arrefecendo e, aos poucos, as atividades vão sendo normalizadas - ou reinventadas. Para o mercado de festas e eventos, a ideia de um “novo normal” é a realidade, já que os negócios deste setor estão entre os mais prejudicados por este período e os que mais demoraram para conseguir retomar a programação. Agora, as empresas buscam maneiras de tornar os eventos mais seguros, com experiências aprimoradas de acordo com novas demandas e necessidades.
Em Curitiba, um dos recursos desenvolvidos para oferecer mais segurança para quem organiza e participa de eventos com maior circulação de público é o Check In Seguro. Implementado recentemente pela Prefeitura da capital paranaense, a ferramenta tem como principal objetivo a rastreabilidade de contatos em casos de contágio pelo coronavírus.
Como funciona o Check In Seguro?
O recurso já foi testado em parceria com a Abrafesta e com a tradicional casa de eventos Espaço Klaine, em Santa Felicidade, durante uma festa de casamento, e considerado um sucesso, com adesão de mais da metade dos convidados. “O Check In permite a rastreabilidade dos convidados. Isso significa que, se algum convidado for internado em um hospital, com Covid-19, dias depois de ter participado de um evento, os demais convidados são avisados e podem ficar atentos e realizar testes, diminuindo o contágio da doença”, explica Geraldo Klaine, proprietário do Espaço Klaine.
Os próprios estabelecimentos podem solicitar à Prefeitura de Curitiba a criação de um QR Code próprio para o Check In Seguro. Depois, é preciso convidar os clientes e visitantes a se cadastrarem. Não é preciso registrar informações sobre vacinação.
Para Klaine, o uso deste tipo de recurso é importante, por seu efeito social e de saúde pública, e também funciona como uma vantagem competitiva, já que os clientes se sentem mais seguros. “Percebemos que os próprios clientes vêm demonstrando preocupação em relação aos eventos, fazer festas menores, mais compactas, e mais focadas na experiência para os convidados. Agora, elas desejam novos cuidados que antes não eram priorizados”, conta.
Setor de eventos transformado
Desde a metade deste ano, com as primeiras medidas de flexibilização das medidas de segurança, o Espaço Klaine começou a retomar os eventos, reagendando os que estavam previstos e precisaram ser cancelados em março de 2020. “Nossa agenda já está tomada para todos os sábados de 2022, e primeiro semestre de 2023. Agora, com os eventos acontecendo e sendo efetivados, as pessoas estão se antecipando, à procura de novos orçamentos, e nós estamos nos reinventando com maneiras de reforçar o uso de protocolos de segurança”.
Com capacidade de 600 pessoas por evento e já liberado para 100% de ocupação, o Espaço Klaine percebeu uma redução dos tamanhos dos eventos. “Houve uma quebra de paradigma. Já vínhamos de uma tendência histórica de redução do número de pessoas nos eventos, mas a pandemia intensificou esse processo. Além disso, as pessoas estão investindo mais em qualidade dos insumos, na escolha de quem está preparando os pratos, em aspectos como a sustentabilidade, observam mais como são entregues os insumos, uso de fornecedores locais, valor agregado aos cardápios. É o que estamos chamando de “pós-luxo””, comenta.
Novos valores
Algumas das mudanças parecem ter vindo para ficar, enquanto outras devem ser apenas provisórias. Espaços abertos, já valorizados no passado, agora são ainda mais apreciados. A priorização da qualidade, em detrimento da quantidade, é outro aspecto que foi intensificado em festas de casamento, formaturas e eventos corporativos.
Álcool gel em todos os espaços e o uso de máscaras por quem está servindo os alimentos também devem ser mantidos. Nos buffets e estações, algumas casas de eventos adotaram a prática de que garçons e garçonetes servem os pratos dos convidados, ao invés do próprio convidado. Embora isso possa ser revertido, a escolha por manter os alimentos menos expostos é uma que deve permanecer. “Precisamos reestruturar o cronograma dos eventos para que a mesa de doces, por exemplo, que é uma das atrações dos eventos, pudesse ser montado o mais próximo possível do horário do evento, o que não era uma prática anteriormente. Assim, diminuímos o tempo de exposição dos produtos”, explica.
Todos estes cuidados estarão entre os processos que serão aplicados pelo Espaço Klaine durante o evento de entrega do Prêmio Bom Gourmet, que será realizado na casa na noite de 30/11, ocasião em que serão revelados os premiados desta edição.
Digitalização do setor de eventos
Para Klaine, a pandemia de Covid-19 funcionou como incentivo para um necessário processo de profissionalização e digitalização do setor de eventos. Segundo ele, muitas empresas ainda utilizam os mesmos processos e ferramentas há décadas e, agora, vai ser imprescindível se atualizar. “Precisamos criar a cultura da digitalização e aplicativos como o Check In seguro podem ajudar com isso”, comenta.
Processos como contratação de mão de obra, de garçons a auxiliares de cozinha, que são grandes desafios dos empresários do segmento, podem ser facilitados com o uso de aplicativos, por exemplo. “A pandemia transformou todos nós em iniciantes, empresas em startups. De repente, as formas usuais de fazer as coisas não eram mais uma opção. Governos e empresas lutaram para desenvolver novos protocolos, e todos nós lutamos para reinventar as atividades da vida cotidiana. Desde a fila até o zoom e a etiqueta da máscara, enfrentamos uma curva de aprendizado social inquietante”, completa.