Mercado e Setor
Empresários insistem na volta do horário de verão para alavancar setor de bares e restaurantes
Mesmo com a negativa do governo federal sobre o retorno do horário de verão – o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou na quinta-feira (30), durante inauguração de uma termelétrica em Porto do Açu, no Rio de Janeiro, que a volta está descartada por não ter impacto como medida de economia energética – as entidades que representam bares, restaurantes e o setor de turismo insistem no adiantamento dos relógios em uma hora.
As discussões sobre a volta do horário – extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro com o argumento de que o mecanismo não ajudava de forma considerável a poupar energia – voltaram a ser debatidas pelo próprio Ministério de Minas e Energia, e foram encabeçadas também pelas entidades que representam os segmentos de bares, restaurantes e do turismo.
Segundo os empresários, dias mais longos ajudariam o setor a recuperar as perdas sofridas na pandemia, na ordem de bilhões. Pesquisa da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) e da Galunion, divulgada na última semana, apontou que a recuperação no segmento deve levar, pelo menos, mais dois anos. Portanto, todas as medidas possíveis para ajudar a levar movimento aos bares e restaurantes é imprescindível.
"Nós estamos na expectativa que o presidente Bolsonaro atenda o apelo das entidades do turismo e de outros setores da economia. O momento é de qualquer estratégia para sair dessa crise hídrica e econômica também", diz Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e da Confederação Nacional do Turismo.
Aguayo cita como exemplo o Paraguai, que adota o horário de verão (que inicia neste domingo, 3). "Se o Paraguai, que é um país pequeno, está usando essa estratégia, por que o nosso país, que é continental, não pode usar a mesma?", questiona.
"Na nossa categoria, 70% quer horário de verão. Vai incrementar os negócios, gerar emprego, atrair a população. É uma cadeia que será movimentada, então esperamos essa sensibilidade", ressalta o presidente da Abrabar. Aguayo crê que o acréscimo do movimento do ramo com os dias mais longos possa chegar a 50%. O adiantamento do relógio tem apoio popular: pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 21 de setembro mostra que 55% dos brasileiros são favoráveis ao retorno.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), seção Paraná, também se posiciona favorável, e procurou o governo federal para colocar o desejo da categoria. Segundo o diretor-executivo Luciano Bartolomeu, além da economia energética, o horário de verão é positivo para o retorno do convívio social e, consequentemente, para os negócios. A Abrasel está confiante que o governo federal aprove o horário de verão.
Mais tempo e segurança
"Para quem tem operação noturna funciona muito, porque as pessoas saem do trabalho, o dia ainda está claro e elas têm mais tempo para aproveitar o início da noite. A medida do horário de verão incentiva o consumo principalmente nesse momento em que o setor de alimentação fora do lar foi muito afetado. Seria uma medida muito importante para dar uma impulsionada, ainda mais no horário de happy hour", acredita a empresária Jana Santos, sócia do bar e restaurante Cosmos.
Além de maior movimento e mais clientes, o horário de verão também auxilia no fator segurança, fala a sócia do Café Per Tutti, Bruna Carboni. "Tem a questão da periculosidade aqui na nossa região [no centro de Curitiba]. Com o horário de verão tem mais gente na rua, as pessoas dão uma esticadinha, vão em algum lugar tomar um café, um vinho. Isso ajudaria muito, não temos sombra de dúvidas".
No mês passado, Bolsonaro declarou que poderia acatar a ideia se a maioria da população se posicionasse favorável (o que apontou a pesquisa Datafolha); a expectativa é que o presidente dê um posicionamento final sobre o tema nos próximos dias, mesmo com a negativa do ministro de Minas e Energia.