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Polo gastronômico de Curitiba, os restaurantes do bairro de Santa Felicidade tem no domingo o dia de melhor movimento.

Mercado e Setor

Curitiba fecha novamente restaurantes aos domingos e empresários reclamam da medida

Guilherme Grandi
04/12/2020 21:59
Um dia depois de prorrogar o decreto de bandeira laranja que já estava em vigor há uma semana, a prefeitura de Curitiba endureceu as regras de funcionamento do comércio a partir desta sexta-feira (4) fechando os restaurantes e serviços de alimentação aos domingos. O decreto 1640 vale por 14 dias e institui, ainda, o toque de recolher e a proibição da venda de bebidas alcoólicas das 23h às 5h, decididos nesta semana pelo governo do estado.
Veja como fica o funcionamento do setor de alimentação fora do lar de Curitiba dentro das novas regras a partir deste final de semana até o dia 18 de dezembro:
Bares, casas noturnas, atividades correlatas e de entretenimento:
Funcionamento proibido na modalidade principal de alvará.
Buffets de eventos corporativos e sociais:
Funcionamento proibido.
Buffets de eventos (catering) nas casas das pessoas:
Funcionamento proibido. As confraternizações ou encontros devem se restringir a no máximo 10 pessoas do mesmo grupo familiar, ou seja, que convivem no mesmo lar ou residência.
Restaurantes e lanchonetes de rua:
Funcionamento permitido de segunda a sábado das 6h às 22h, inclusive os buffets de autosserviço seguindo os protocolos de higiene e segurança. Aos domingos é permitido atender apenas pelo delivery até às 22h. A apresentação de música ao vivo segue permitida, mas sem pista de dança. Modalidades de drive-thru e balcão (take away) seguem permitidos nos dias de atendimento presencial.
Restaurantes e lanchonetes de shoppings centers:
Funcionamento permitido no horário de atendimento dos shoppings: segunda a sábado, das 8h às 22h. Aos domingos é permitido atender apenas pelo delivery até às 22h (drive thru e balcão take away estão proibidos neste dia).
Panificadoras, padarias e confeitarias de rua:
Funcionamento permitido de segunda a sábado, das 6h às 22h, e domingo das 7h às 18h (mas sem consumo no local).
Demais serviços de alimentação:
Serviços como comércio varejista de hortifrutigranjeiros, quitandas, mercearias, distribuidoras de bebidas, peixarias e açougues, mercados, supermercados e hipermercados, comércio de produtos e alimentos para animais e feiras livres está autorizado atender de segunda a sábado, das 6h às 22h, e domingo apenas o delivery até às 22h.
A operacionalização interna dos estabelecimentos
permitidos devem seguir as normas já em vigor:
  • Uma pessoa a cada 9m² no interior dos estabelecimentos, considerando a área total de circulação de pessoas e o número de funcionários, sendo que todos os clientes devem permanecer sentados.
  • O servimento feito pelos estabelecimentos poderá ser realizado somente aos clientes que estejam devidamente assentados, mantendo as regras de distanciamento social.
  • Restaurantes e lanchonetes com consumo de alimentos no local devem providenciar o espaçamento mínimo 1,5 metros entre as pessoas ou de 2 metros entre as mesas.
  • As mesas para consumo de alimentos dos restaurantes devem ser higienizadas antes e após a utilização.
  • As louças, talheres e utensílios devem ser colocados à mesa somente na hora de servir e não devem ficar expostos.
  • Nos buffets de autosserviço, é recomendado oferecer uma pia para a lavagem das mãos ou álcool em gel 70% obrigatório em grande quantidade nas mãos; disponibilizar luvas descartáveis, com uma lixeira ao fim do buffet para o descarte; obrigatório o uso da máscara para se servir com distanciamento de um metro entre as pessoas e proibido conversar em cima do buffet.
Demais determinações do protocolo sanitário para estabelecimentos de alimentação podem ser consultadas aqui.
Limitações
Segundo a prefeitura de Curitiba, a medida de restringir o funcionamento da cidade em um dia da semana “teve um bom resultado de controle das transmissões da doença”. No entanto, o retorno da restrição nos domingos não foi bem recebido pelos empreendedores do setor, que estavam conseguindo recuperar parte do faturamento perdido nos últimos meses.
Nelson Goulart Junior, presidente da seccional
Paraná da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), questiona
como a prefeitura e o governo do estado decretam medidas de uma hora para a
outra após nove meses de pandemia. Para ele, houve uma condução errada das
medidas desde o início.
“Até antes da eleição se falava que estava tudo bem e, de uma hora para outra, os governantes vêm e pedem para fechar. Estamos no limite da nossa resistência, isso nos causa uma indignação profunda. Pessoas estão quebrando negócios de uma vida por causa dessa falta de direção”, exclama.
A opinião é compartilhada pelo diretor-executivo
da entidade no Paraná, Luciano Bartolomeu. Para ele, a prefeitura errou ao
decretar este fechamento aos domingos.
“O grande problema é que foi tudo liberado sem controle nos últimos 25 dias da eleição, e por isso as UTIs estão cheias. Não é culpa do comércio ou do setor de bares e restaurantes, não faz sentido vir agora e mandar fechar tudo aos domingos. As pessoas vão sair de Curitiba para ir a outras cidades próximas para comer pelo simples fato de que elas precisam comer no domingo”, fala.
Ele afirmou que a entidade não pretende entrar com uma liminar ou mandado de segurança como fez na última semana, mas que estuda providências para retomar o atendimento aos domingos.
O domingo representa um importante dia de faturamento para o setor. Proprietário do restaurante Limoeiro, Divaldo Maciel conta que a nova decisão neste momento será dramática para muitos empresários. “Será mortal para o final de ano, onde temos 13º e férias coletivas. Os domingos representam cerca de 40% do faturamento do mês todo, sendo o finais de semana equivalentes a 70% do faturamento”, explica.
Já Geórgia Franco, do Lucca Cafés, conta que o domingo é o principal dia de faturamento para ela que atende apenas durante o dia, sendo o final de semana todo equivalente a metade dos ganhos do mês. Ela conta que está com a equipe completa e com o 13º salário para pagar. “Ficou completamente inviável principalmente porque o governo decreta isso depois que a gente já começou o mês, ainda mais no mês do Natal. A prefeitura já teve dez meses para resolver esse problema, que gastem o dinheiro do pinheirinho de Natal na saúde”, ressalta.