Mercado e Setor
Bares e restaurantes que continuam abertos seguem cuidados recomendados contra o coronavírus
Com mais de três mil demissões em todo o estado até agora provocadas pela queda no movimento, donos de bares e restaurantes estão pedindo ajuda ao governo do Paraná e à prefeitura de Curitiba para mostrar à população que os estabelecimentos seguem abertos e tomando os cuidados recomendados contra o coronavírus.
A reclamação dos empresários curitibanos é de que apesar dos decretos estadual e municipal permitirem o funcionamento com precauções - como afastamento de mesas, disponibilização de álcool em gel e limpeza constante - falta mais clareza na hora de informar isso à população.
Entidades como o Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar) e a regional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR) afirmam que não há ordem para fechar tudo como em outros estados - mas também não há incentivo para continuarem abertos.
"Nós podemos trabalhar, mas queremos que o Governo e a Prefeitura falem isso para a população e que não fiquem com a polícia mandando os clientes fugirem dos estabelecimentos", explica Fabio Aguayo, presidente do Sindiabrabar.
Desde que começou o isolamento social no Paraná, em meados de março, viaturas do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal percorrem as ruas das cidades emitindo avisos para as pessoas irem para casa. Para Aguayo, isso espanta a população dos bares e restaurantes.
Já Nelson Goulart Junior, presidente da Abrasel-PR, diz que isso provoca uma confusão nos clientes que acabam sem ter certeza se podem ou não ir aos estabelecimentos. Os restaurantes associados à entidade fecharam as portas voluntariamente a partir de meados de março, tanto para seguirem as recomendações de isolamento social como pela queda de 70% a 80% do movimento já na primeira semana de restrição.
A entidade, a favor do funcionamento apenas pelo sistema de delivery, diz que falta clareza do que realmente pode e não pode funcionar.
"O governo fala que não estamos em quarentena, mas coloca anúncios no ponto de ônibus, a polícia pede para as pessoas irem para casa, falta clareza. Não pode ficar uma coisa imprecisa", comenta.
Os decretos do prefeito Rafael Greca e do governador Carlos Massa Ratinho Junior permitem o funcionamento de bares e restaurantes com atendimento presencial, delivery e balcão, mas determinam regras como distribuição de mesas e ocupação de espaço que mantenha as pessoas a no mínimo 1,5 metro umas das outras; restrição de acesso ao recinto, para respeitar a regra de distanciamento de 1,5 metro; organização de filas com a distância de 1,5 metro por pessoa; e uso de luvas, toucas e máscaras para os profissionais que trabalham com o fornecimento de alimentos.
Em entrevista coletiva virtual nesta segunda-feira (6), a secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak, informou que as medidas de prevenção e contenção seguem mantidas, e sem previsão de fechamento total do comércio ("lockdown") por enquanto. A informação foi dada após a confirmação da primeira morte por coronavírus em Curitiba.
Explicações
Na última sexta-feira (3), o Sindiabrabar encaminhou à Prefeitura e ao Palácio Iguaçu um ofício com uma série de explicações dos cuidados que os estabelecimentos estão tomando para poderem continuar abertos. Entre eles, estão itens como:
A entidade ainda pede ao poder público algumas alterações na rotina social da população:
Restrições
Em nota à reportagem, o governo do Paraná informou que o funcionamento de bares, restaurantes e similares não está proibido, e que a orientação é para os estabelecimentos continuarem seguindo as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde caso queiram manter o funcionamento.
"O Governo do Paraná reafirma que a recomendação para este momento é o distanciamento social, conforme preconizam as autoridades sanitárias, para conter a disseminação do novo coronavírus", completa.
A posição da prefeitura é semelhante, de que vale o que está no decreto que permite o funcionamento com as devidas precauções, e completa afirmando que "reitera que todas as decisões da municipalidade são baseadas nas diretrizes técnicas da área de Saúde, orientadas pela SMS e alinhadas com a secretaria de estado da Saúde (Sesa). Embora o município tenha autonomia constitucional para decidir a respeito das medidas de enfrentamento ao Covid-19, todas as decisões são motivadas e atendem em absoluto respeito às diretrizes técnicas da Saúde".
Já sobre o questionamento das mensagens emitidas pelas viaturas nas ruas das cidades pedindo para as pessoas ficarem em casa, as administrações se limitaram a dizer que apenas seguem o que regram os decretos.



