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A sabatina com os candidatos à prefeitura de Curitiba foi realizada em quatro dias e teve, ainda, a participação de postulantes ao cargo de vereador.

Mercado e Setor

Candidatos à prefeitura de Curitiba apresentam propostas para o setor de bares e restaurantes

Guilherme Grandi
28/10/2020 21:33
Oito dos 16 candidatos à prefeitura de Curitiba nas eleições deste ano apresentaram, desde a última semana, as propostas para a retomada e o desenvolvimento do setor de alimentação fora do lar a partir de 2021. Eles foram sabatinados por entidades representativas do setor em questões como a capacitação profissional, o transporte coletivo para os trabalhadores dos últimos turnos de atendimento, a ajuda financeira aos negócios, entre outros temas.
O encontro organizado pela seccional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR) junto do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar) e Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, meios de Hospedagem e Gastronomia, Turismo e Hospitalidade (Sindehotéis) teve, ainda, a apresentação de um documento com as principais demandas do setor para a recuperação dos impactos causados pela pandemia da Covid-19.
Luciano Bartolomeu, diretor-executivo da Abrasel-PR, explica que o setor é um dos que mais emprega e o que mais sofreu com as restrições impostas desde o começo da pandemia em março. São 72 mil trabalhadores no estado e mais de 12 mil micros e pequenas empresas, com 20 mil empreendedores, que tiveram algum impacto.
“Se criou uma narrativa de que a culpa é dos bares e dos restaurantes, dos jovens, dos eventos, estamos sofrendo muito com essa situação. Não há nenhuma campanha educativa para se privilegiar os estabelecimentos seguros”, afirma Nelson Goulart Junior, presidente da Abrasel-PR.
Já Gustavo Grassi, presidente do Sindiabrabar e da Feturismo, afirmou que 37 segmentos da economia sofreram perdas profundas ao longo dos últimos quase oito meses. “São 30 mil trabalhadores em Curitiba e região metropolitana, com muitas demissões em um ano atípico que estamos passando muita dificuldade”, completou José Ademir Petri, presidente do Sidehotéis.
Segundo a Abrasel-PR, a escolha dos candidatos para a sabatina foi feita com base nos mais bem colocados nas pesquisas de intenções de voto.
Veja quais são as propostas dos oito candidatos à prefeitura de Curitiba ao setor de alimentação fora do lar, turismo e eventos. O candidato à reeleição Rafael Greca (DEM) e o vice Eduardo Pimentel (PSD) foram convidados a participar da sabatina, mas cancelaram a presença no encontro:
João Arruda (MDB) e vice, Sheila Toledo (MDB):
O candidato explicou que a prefeitura vai ajudar os empreendedores da cidade fazendo uma espécie de consultoria de negócios de acordo com o perfil da região em que a empresa está instalada, atendendo às particularidades do bairro. Também anunciou a criação de um programa de microcrédito sem burocracia aos empreendedores.
Arruda propõe, ainda, a isenção de IPTU a estabelecimentos que promovam atividades culturais em suas instalações, o que incluiria restaurantes segundo ele.
No caso de uma segunda onda da Covid-19, no ano que vem, o candidato disse que será preciso dar uma contrapartida financeira ou de orientação aos empresários que precisem fechar as portas de novo. Ele ainda sugeriu a oferta de uma plataforma pública de delivery, com custos menores aos empreendedores.
Já quanto aos gastos dos empresários com o vale transporte dos trabalhadores, João Arruda explicou que não tem como baixar os custos do transporte coletivo e da passagem, mas pretende incentivar o uso de aplicativos que promovem caronas de usuários que morem próximos uns dos outros, com subvenção a essas plataformas.
No setor de turismo, o candidato destacou a proximidade com atrativos como o litoral do estado e Foz do Iguaçu e disse que pretende dar vida nova ao centro nos finais de semana, levando os curitibanos de volta à região central. Também disse que vai incentivar a promoção de campanhas publicitárias em todo o país para atrair os turistas.
Christiane Yared (PL) e vice, Jilcy Rink (PL):
Empresária do ramo da gastronomia por mais de 30 anos, a candidata fez uma analogia com a necessidade de ouvir e entender o que o setor precisa para só então elaborar propostas mais específicas. Mas, em linhas gerais, Christiane afirmou que vai promover a capacitação de jovens para o mercado de trabalho – vide bares e restaurantes – através de um programa que oferte as devidas condições em seus bairros, nas regionais da cidade.
Já na questão do transporte coletivo, na questão
dos gastos dos empresários com o vale transporte dos trabalhadores, a candidata
afirmou que só será possível rever o valor da tarifa após pedir uma moratória e
rever todos os contratos das empresas operadoras do sistema.
Por outro lado, a área de turismo é considerada
por ela como uma “menina dos olhos”, em que Christiane pretende incentivar a
promoção de grandes projetos culturais, como festivais com personagens locais e
feiras que fomentem a geração de emprego e renda.
A candidata ainda lembrou do projeto da reforma
tributária que tramita no Congresso, do qual vai participar como parlamentar, e
sugeriu que os empresários enviem demandas para a proposição de emendas
relativas ao setor. Para ela, quem gera mais empregos deverá ter uma
repactuação maior dos tributos devidos, para que os empresários tenham
condições de ampliar os negócios sem ser afetado pelos débitos.
Caroline Arns (Podemos) e vice, Rolf Junior (Podemos):
A principal proposta da candidata é atrair mais turistas à cidade, principalmente paulistas e aqueles que vão para lá por conta da proximidade geográfica. Caroline diz que precisa, primeiramente, “resgatar a nossa essência”, por conta da quantidade de etnias que formam a população da cidade – e isso passa por incentivar o desenvolvimento de atrativos em todas as regionais e promover uma articulação política com autoridades de outras cidades para aumentar essa divulgação. A candidata pretende tornar Curitiba uma referência na área: “Quer conhecer o mundo? Venha para Curitiba”, disse.
A candidata foi questionada sobre a atuação local
de empresas de tecnologia de outros estados que não recolhem impostos aqui,
como os grandes aplicativos de delivery, em que ela afirmou que “estado tem que
assumir um papel de regulamentação e proteção do mercado, mas sem intervir
diretamente”.
Sobre a capacitação profissional de futuros
trabalhadores do setor, Caroline Arns propôs melhorar o sistema educacional do
município através de escolas integrais para o ensino fundamental e a criação de
uma melhor formação para o ensino médio.
Já na questão do transporte coletivo para
trabalhadores dos últimos turnos de serviço, a candidata afirmou que vai
analisar os horários dos ônibus que encerram o itinerário às 23h, e que
pretende cortar a tarifa pela metade.
Caroline Arns afirmou que vai implantar o plano
econômico “Mais emprego, menos tributo”, com medidas para apoiar os
empreendedores a amenizarem as perdas causadas pela pandemia. Isso será
possível estendendo prazos para a quitação de tributos municipais, carência nos
pagamentos, refinanciamento de tributos em aberto no passado, pressionar a
Fomento Paraná a liberar empréstimos aos negócios diminuindo os prazos de
análise, e vai discutir a cobrança do ICMS com o governo estadual.
Fernando Francischini (PSL) e vice, Letícia Pan (PSL):
O candidato afirmou que logo que tomar posse, em janeiro, vai começar a investir fortemente na atração de turistas para Curitiba, com um trabalho de propaganda nacional e parcerias com agências de viagens. Francischini afirmou que pretende construir um centro de convenções para a realização de grandes eventos, comparando a capital paranaense com Barcelona (Espanha) e Orlando (Estados Unidos). Nesta linha, ele disse que fará um plano ousado para fomentar o turismo em junho, com eventos semelhante aos realizados em Gramado e Canela, com grandes festivais, e encorpar o Carnaval, seja ele do Zombie Walk, religioso, etc.
Francischini afirmou que vai rever o trabalho da
Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu) nos bares e restaurantes, dizendo
que não vai mais permitir vistorias nos horários de almoço e jantar. Ele afirma
que fará as fiscalizações no meio da tarde.
Já na área econômica, o candidato afirmou que
vai lançar em janeiro um grande programa de refinanciamento de IPTU e ISS,
tirando o nome de todos os empresários de cadastros nacionais de devedores. Disse
também que vai criar o fundo de aval municipal, com R$ 100 milhões para avalizar
micros e pequenos empréstimos, com juros menores. Nesta área, Francischini
propõe o resgate da antiga secretaria de indústria, comercio e serviços, para
fomentar o setor empresarial da cidade a gerar novos empregos.
O candidato afirmou ainda que montará um
conselho de administração e saúde para analisar o avanço de uma possível
segunda onda do coronavírus e a definição das bandeiras de atenção ao contágio.
Para ele, não dá para definir uma bandeira de restrições de um dia para o
outro.
Francischini afirmou também que pretende implantar um curso de qualificação híbrido para trabalhadores, com cursos ministrados presencialmente e à distância para diversos setores, entre eles o de serviço.
João Guilherme (NOVO) e vice, Geovana Conti (NOVO):
Uma das principais queixas do setor é quanto à formação dos futuros colaboradores para os bates e restaurantes, em que o candidato e a vice propõem a melhoria da educação profissional em escolas integrais do município ou parcerias com instituições privadas.
Outra questão levantada durante a sabatina foi
quanto às restrições para a realização de eventos, em que João Guilherme citou
que a liberação vai ocorrer de acordo com as definições das autoridades
sanitárias. No entanto, frisou que não é possível restringir operações enquanto
que outras, como o transporte coletivo, seguem aglomerando cidadãos.
João Guilherme também ressaltou a necessidade de
se fazer um plano de refinanciamento de tributos e do fornecimento de crédito
aos empresários. Ele sugere a criação de um fundo de aval para ajudar os
empreendedores a darem garantias aos empréstimos, com dinheiro próprio da
prefeitura.
Além disso, João Guilherme e a vice pretendem
fazer uma auditoria nas contas da prefeitura, com uma análise mais ágil do que
dos órgãos oficiais.
Goura (PDT) e vice, Ana Moro (PDT):
O candidato pretende descentralizar o desenvolvimento dos polos da cidade, com acessibilidade e atrativos. Ele propõe pensar em eixos que funcionem 24 horas por dia, com atividades de entretenimento e serviços com segurança.
Questionado sobre a questão dos gastos dos
empresários com o vale transporte dos trabalhadores, Goura afirmou que pretende
rever as contas do sistema para poder definir que tipo de ajuda será possível.
Já na questão da capacitação profissional, o
candidato afirmou que a educação básica precisa ir além de apenas ensinar o que
está abrangido atualmente no currículo educacional. Goura afirma que “é preciso
valorizar uma formação holística dos indivíduos, pensando no perfil dele como
um todo”, o que pode ajudar na capacitação futura para o trabalho no setor de
serviços.
O candidato afirmou ainda que os roteiros
gastronômicos de Curitiba devem ser fortalecidos pela administração municipal,
mas sem explicar como fará isso – apenas que isso deve ser prioridade, com
formação, capacitação, mobilidade e incentivo aos passeios a pé.
Além disso, Goura disse que é preciso manter um
diálogo constante da prefeitura com os setores, entre eles o de eventos, sobre
a flexibilização ou não das restrições para evitar a contaminação da Covid-19.
Ele não especificou que tipo de trabalho deve ser feito para liberar ou não
mais movimento pela cidade.
Marisa Lobo (Avante) e vice, Romulo Quenehen (Avante):
A candidata afirmou durante a sabatina que a educação e o comércio precisam ser retomados imediatamente em Curitiba, em que a questão do “lockdown não funciona mais”. Para isso, ela diz que vai distribuir um “tratamento preventivo” de medicamentos semelhantes aos tomados pelo presidente Jair Bolsonaro quando foi infectado pela Covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina logo no começo dos sintomas.
Marisa Lobo afirma que os protocolos de saúde
precisam ser adaptados “para não prejudicar a economia”, reanalisando os
decretos que restringem a operação de bares e restaurantes e proíbem a
realização de eventos enquanto que os ônibus do transporte coletivo seguem
aglomerando pessoas.
Já seu vice disse que pretende reavaliar todos
os gastos da prefeitura para fazer uma racionalização dos investimentos.
Na questão da capacitação de jovens para o
trabalho no setor de serviços, Marisa Lobo disse que só será possível com o
retorno imediato das atividades – vide das aulas, com o reforço nos planos de
carreira dos professores, o que pode ajudar no início de um ensino para a formação
profissional.
Professor Mocellin (PV) e vice, Soraia Dill Pozo (PV):
O candidato começou a sabatina afirmando que a cidade precisa de uma espécie de “New Deal”, em alusão ao milionário programa de recuperação econômica implantado pelo ex-presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt na década de 1930, independente dos gastos que tiver de fazer.
Mocellin pretende fazer uma desburocratização
total dos processos para a abertura de novas empresas, anistia fiscal para
empresários que estão em dívida com a prefeitura e alocação de recursos do
município para ajudar os pequenos e médios negócios – independente de se ter verba
própria ou buscar empréstimos.
Já na questão do vale transporte, a vice Soraia
disse que não há uma solução concreta da chapa para baixar a tarifa cobrada,
mas a possibilidade de uma análise dos contratos com as atuais empresas
operadoras. Ela disse, ainda, que pretende fazer uma avaliação do uso das
linhas de ônibus para redistribuir de acordo com os horários mais utilizados, e
ainda que uma alternativa é fomentar o uso das bicicletas pelos trabalhadores.
Quando questionado sobre a capacitação de jovens
para o trabalho no setor de serviços, Mocellin afirmou que é preciso incentivar
as pessoas a seguirem a carreira de magistério, que só assim a qualidade do
ensino poderá ser melhorada. Para ele, uma alternativa é firmar parcerias com a
iniciativa privada, com escolas integrais de dia e cursos profissionalizantes à
noite.
Por fim, o candidato disse que pretende flexibilizar a volta ao trabalho do setor de eventos, junto de melhores condições para o pagamento de tributos municipais devidos.

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