Mercado e Setor
Entidades fazem caminhada nesta quarta por reparação de gastos causados pela pandemia no Paraná
Pelo menos 15 entidades representativas e empresários dos setores de alimentação fora do lar e hospitalidade confirmaram presença em uma caminhada que será realizada na tarde desta quarta (24) em Curitiba, pedindo a reparação dos gastos que tiveram com tributos e contas do dia a dia ao longo dos 11 meses de pandemia.
A mobilização, divulgada em primeira mão pelo Bom Gourmet Negócios, será para mostrar aos governos estadual e municipal como os setores foram profundamente afetados pelos decretos sanitários que restringiram o funcionamento dos estabelecimentos, e provocaram a falência de 40% dos bares, 30% dos restaurantes, 75% das casas noturnas e 80% das empresas de eventos no estado.
Durante a caminhada, que terá concentração às 15h na Praça 19 de Dezembro e está prevista para terminar às 17h em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, terá uma parada na Prefeitura para a entrega de uma carta com o apelo e demandas dos setores ao secretário de governo municipal, Luiz Fernando de Souza Jamur (veja mais abaixo). No documento, as entidades apoiam as medidas de contenção ao coronavírus implantadas na capital do estado, mas criticam o que avaliam como “incoerência de decisões”.
“Sempre que solicitamos operar dentro das regras de prevenção, nos foi negado trabalhar alegando-se o princípio do bem comum e da precaução. Acolhemos resignadamente estes argumentos. Mesmo nossos setores tendo sido os primeiros a propor protocolos rígidos, e não diferirem, substancialmente, em se tratando de 'aglomeração', do transporte coletivo por exemplo”, diz trecho da carta.
Segundo Nelson Goulart Junior, presidente da seccional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), as entidades estão pedindo para que sejam ressarcidos dos gastos que tiveram ao longo dos 11 meses de pandemia.
“Por isso a caminhada é muito importante, não vai ser para pedir para reabrir ou baixar as restrições, até porque os restaurantes já estão abertos, mas para a reparação das perdas destes meses todos. O transporte coletivo teve a reparação monetária pela falta de passageiros, receberam uma compensação a fundo perdido da prefeitura, não vão precisar pagar. Já nós não tivemos reparação alguma”, explica.
Da mesma opinião é o presidente da Associação
Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo. Ele considera a
caminhada desta tarde como um desabafo do setor.
Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo. Ele considera a
caminhada desta tarde como um desabafo do setor.
“A situação é de calamidade, temos 90% dos estabelecimentos endividados, uma programação de retomada só em 2023, mas muitas empresas não têm mais condições de pagar tributos ou contas de água, luz, e nem de gerar caixa operando com tantas restrições, como horários e atendimento reduzidos. É impossível manter um negócio assim”, analisa.
A expectativa é de que a caminhada terá a
participação de pelo menos 200 a 300 pessoas segundo as entidades, como as
próprias Abrasel-PR e Abrabar/Sindiabrabar, além da Associação Brasileira das Agências
de Viagens do Paraná (ABAV-PR), Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro,
Gastronomia e Similares de Curitiba e Região Metropolitana (Sindehotéis),
Sindicato das Empresas Promotoras de Eventos do Paraná (Sindiprom-PR) e
Curitiba Convention & Visitors Bureau, entre outros.
participação de pelo menos 200 a 300 pessoas segundo as entidades, como as
próprias Abrasel-PR e Abrabar/Sindiabrabar, além da Associação Brasileira das Agências
de Viagens do Paraná (ABAV-PR), Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro,
Gastronomia e Similares de Curitiba e Região Metropolitana (Sindehotéis),
Sindicato das Empresas Promotoras de Eventos do Paraná (Sindiprom-PR) e
Curitiba Convention & Visitors Bureau, entre outros.
Na última semana, a Associação Comercial do Paraná (ACP) confirmou apoio à mobilização pela reparação dos gastos.
Cadeia de empregos perdidos
A falência de parte considerável dos estabelecimentos ligados à alimentação fora do lar, hospitalidade e eventos provocou o fechamento de cerca de 90 mil vagas de emprego formais e informais em todo o Paraná ao longo de 2020, sendo 30 mil delas só na capital e região metropolitana. Já em âmbito nacional, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) estima em mais de um milhão entre formais e informais.
Para Goulart Junior, a questão mais séria ainda é para os profissionais do setor de eventos, que estão completamente parados desde março do ano passado. As restrições impostas em todo o país afetaram diretamente a atividade.
“Eles estão há um ano sem poder trabalhar, é um absurdo. A prefeitura continua insistindo em liberar por número de pessoas, espaços que cabem mil pessoas que podem funcionar para apenas 50, e tem espaços para 100 pessoas e a prefeitura libera para os mesmos 50. Temos insistido em pedir que seja por porcentual de acordo com o que o corpo de bombeiros libera”, comenta.
Essas restrições tanto para o setor de eventos como para todas as atividades ligadas ao atendimento ao público provocaram uma quebra não só de empregos, mas em toda uma cadeia produtiva segundo Aguayo.
“Somos uma importante atividade econômica, nós beneficiamos uma cadeia econômica produtiva desde o produtor no campo, na cidade nós ajudamos nos estacionamentos, postos de combustíveis, todos se beneficiam da nossa existência. E é isso que queremos do poder público, esse reconhecimento da nossa importância, ter essa reparação e valorização”, explica.
A mobilização das entidades chegou até mesmo à Câmara Municipal, onde o vereador Alexandre Leprevost (Solidariedade) fez um apelo na sessão plenária para que se busquem alternativas de fortalecimento aos setores afetados pela pandemia.
“Algumas das vezes que se solicitado autorização (sic) para o trabalho, estes segmentos tiveram negadas as possibilidades com a alegação de princípio do bem comum e de preocupação, sempre sendo acolhidos estes argumentos. Os próprios segmentos estão, por todo esse período, propondo protocolos rígidos que, sinceramente, comparado com ônibus cheios, estão à frente na preocupação com os cuidados com o Covid”, disse.
Ele explicou, ainda, que Curitiba está vendo um
aumento de novos casos de coronavírus nesta semana, como mostram os boletins
diários divulgados pela prefeitura. A média diária que estava em cerca de 500
casos saltou para 834 nesta terça (23). Para o vereador, esse crescimento não
tem qualquer ligação com os setores de bares, restaurantes e turismo.
aumento de novos casos de coronavírus nesta semana, como mostram os boletins
diários divulgados pela prefeitura. A média diária que estava em cerca de 500
casos saltou para 834 nesta terça (23). Para o vereador, esse crescimento não
tem qualquer ligação com os setores de bares, restaurantes e turismo.
“Percebam que não podemos culpa-los por essa terceira onda, porque a cidade estava vazia devido ao carnaval, e muitos destes empresários nem trabalhando estão. Estes segmentos estão tendo os empregos dilacerados, as empresas estão a cada dia fechando, e precisamos buscar formas de apoiar todos esses segmentos”, completou.
Leprevost aproveitou a tribuna para convidar os
vereadores a participarem da caminhada da tarde. Logo depois, a prefeitura de
Curitiba anunciará a revisão da bandeira laranja de alerta de contágio.
vereadores a participarem da caminhada da tarde. Logo depois, a prefeitura de
Curitiba anunciará a revisão da bandeira laranja de alerta de contágio.
Na noite desta terça (23), o prefeito Rafael Greca afirmou em um comentário em uma rede social que “a bandeira deve mudar. A pandemia não acabou”, mas sem detalhar o que será reavaliado. A secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak, afirmou que Curitiba está “a frente de uma nova onda [de Covid-19], provavelmente a terceira onda”.
“Se está vindo uma terceira onda e os bares estão fechados, então não são os bares que estão transmitindo diretamente o vírus. São vários outros fatores que estão envolvidos”, disse Gustavo Grassi, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar), que representa diretamente o setor de bares da capital paranaense. Os estabelecimentos estão proibidos de operar nesta categoria de alvará.
Carta aberta
Veja o que diz a carta de apelo que as entidades
entregarão à Prefeitura de Curitiba durante a mobilização desta tarde:
entregarão à Prefeitura de Curitiba durante a mobilização desta tarde:
Aos cidadãos de Curitiba.
Caminhada por reparação.
ABAV-PR, ABEOC-PR, ABIH-PR, Abrabar, Abrasel, ACP, Sindabrabar, Sindhoteis, Sindiprom, Curitiba Convention & Visitors Bureau, Liga das Hamburguerias De Curitiba, Centro Europeu, Inspirar Gourmet, Família Camisa Preta, profissionais do setor de eventos sociais, infantis e correlatos.