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Equipamentos de cozinha e limpeza de restaurante podem ser inflamáveis e causar acidentes. Saiba como prevenir.

Mercado e Setor

Acidentes com fogo em bares e restaurantes: como prevenir e remediar

Stephanie Abdalla, especial para o Bom Gourmet
10/11/2020 17:48
Banida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2002, a comercialização do álcool 70% voltou a ser permitida pelo órgão, em resolução publicada em março deste ano, de forma temporária, para auxiliar na desinfecção de superfícies, como prevenção ao novo coronavírus. Ainda que eficaz nesse sentido, o uso do álcool, assim como o de outras substâncias inflamáveis, deve ser cauteloso, sobretudo em locais fechados.
Entre proprietários de bares e restaurantes curitibanos, após um recente acidente que aconteceu em um estabelecimento do setor na capital, surgiu a dúvida sobre como fazer uso do produto sem comprometer questões de segurança contra incêndios, seja no uso específico para limpeza dos ambientes, seja como combustível de aquecedores e afins.
A tenente Ana Paula Bagge, do Corpo de Bombeiros do Paraná, diz que, no caso específico da limpeza das superfícies, o uso do álcool e demais produtos de limpeza utilizados para a desinfecção do ambiente, especialmente perto de fontes de calor, deve ser feito com cuidado. "O ideal é que sejam utilizados previamente à entrada dos clientes no estabelecimento e que, entre as duas atividades, o ambiente seja mantido ventilado para que os vapores inflamáveis possam se dissipar", reforça.
Ela acrescenta que, durante horário comercial, funcionários devem sempre optar pela limpeza das superfícies com água e detergente, também eficazes na prevenção contra o COVID-19. "Se o uso de substâncias inflamáveis for imprescindível, ele deve ser feito longe de fontes de ignição (que geram fogo) e dos clientes".
Além do álcool 70%, vários outros produtos inflamáveis e equipamentos presentes em cozinhas profissionais e salões de estabelecimentos - como botijões de gás, aquecedores elétricos e a óleo, fritadeiras e demais eletrodomésticos – podem ser propulsores de acidentes com fogo.
No entanto, especificações
sobre como utilizar cada um deles não são previstas na legislação voltada à
segurança desses espaços, como explica o presidente da seccional paranaense da
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), Nelson Goulart
Junior.
De acordo com Goulart, a orientação é que, ao comprar um novo equipamento, os proprietários solicitem a instalação técnica e capacitem seus funcionários para o manuseio seguro. “É impossível existir uma
lei específica sobre como usar cada equipamento. O que se espera é que os
proprietários conheçam os equipamentos que têm e saibam utiliza-los”, diz.
Antes
prevenir do que remediar
Vários acidentes dentro de bares e restaurantes, de acordo com o consultor Flávio Guersola, acontecem por conta da falta de reforço de procedimentos; isto é, do treinamento da equipe.
“No setor, ainda mais agora, se olha muito para a segurança alimentar, mas existem outras questões de segurança igualmente importantes e que exigem procedimentos a serem aplicados e praticados diariamente”, afirma.
O consultor sugere que os proprietários
acionem seus parceiros fornecedores de materiais de limpeza e equipamentos
eletrodomésticos a cada três meses para repassarem orientações de manuseio e
boas práticas à toda equipe.
Isso inclui tanto a cozinha
quanto o salão, explica Guersola. Segundo ele, existe um olhar muito atento
para o local de produção, pois imagina-se que os acidentes vão acontecer ali,
mas é importante lembrar que muito deles podem ser causados, inclusive, por clientes.
“Por não terem treinamento, os clientes podem acabar se desesperando e piorando a situação, em casos de acidentes com fogo. Por mais que seja difícil prever todas as situações, funcionários bem treinados vão saber orientar os demais sobre como proceder”.
Não
deu para prevenir. Como remediar?
Em qualquer acidente com fogo, fumaça ou possibilidade de explosão o corpo de bombeiros deve ser acionado pelo número telefônico 193. Mesmo em casos nos quais todas essas situações foram controladas e não há vítimas, é importante contatar a entidade para relatar o ocorrido e receber orientações sobre como proceder.
A tenente Bagge explica que, muitas vezes, o problema foi solucionado apenas de forma aparente, o que significa que pode causar acidentes ainda. Em casos mais graves, a recomendação é a evacuação organizada do estabelecimento e a não tentativa de aliviar a dor das vítimas, caso tenham sido queimadas, até que a ambulância chegue. "Se a pessoa estiver em chamas, ela deve rolar no chão para apagar o fogo ou abafa-lo com uma toalha úmida”, finaliza.

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