Sentar-se à mesa do Bah Restaurante é como entrar em uma narrativa gastronômica cuidadosamente escrita com sotaque, alma e propósito. Em clima de celebração pelos 17 anos, o restaurante aposta em um novo menu degustação em cinco tempos que vai muito além da técnica. É uma ode ao terroir gaúcho, uma homenagem ao que é nosso: ingredientes, histórias e afetos transformados em pratos autorais, harmonizados com vinhos produzidos em solo gaúcho.

Logo no início da experiência, fica claro que o caminho traçado é tão sensorial quanto simbólico. A sequência é exclusiva para o jantar, requer reserva antecipada e tem início com uma provocação de cores e texturas: um creme de batata-doce roxa coroado por um grostoli salgado. Ao lado, o espumante Delta do Jacuí Extra Brut eleva a entrada e prepara o paladar para o que vem a seguir.

A segunda parada da noite leva o comensal a São Marcos, cidade símbolo da colonização italiana na Serra Gaúcha. Lá, o tortéi ganha uma releitura com manteiga de butiá e crocante de Amaretto, em um prato que combina acidez e dulçor com precisão. A taça de Moscato Giallo da Monte Sant’Ana acompanha e intensifica os sabores e a memória.

— A memória afetiva é sempre o ponto de partida, é o que nos conecta com a tradição do Estado — explica a restaurateur Carla Tellini, fundadora do Grupo Press. — Encontro novas formas de contar uma mesma história com delicadeza e propósito. A inovação está no jeito de apresentar, na técnica, no ingrediente. Mas a essência e o sabor que emociona precisam continuar lá.

No terceiro tempo, a paleta de cordeiro desfiada, servida com batatinhas, uvas dedo-de-dama e manteiga em ponto de fumaça. O sabor denso e delicado da carne encontra equilíbrio no blend de Cabernet Sauvignon e Merlot da vinícola Lídio Carraro.

Em seguida, o dadinho de costela assada lentamente com feijão preto mexido e farofa de erva-mate reafirma o compromisso do Bah com as raízes gaúchas — sem abrir mão da sofisticação. A harmonização fica por conta de um Tannat de Dom Pedrito, da vinícola Guatambu.

Para fechar, um doce clássico da cozinha regional aparece reinventado: a torta de ambrosia com nata batida, coulis de bergamota e flor de sal é ao mesmo tempo familiar e surpreendente. A escolha do vinho para acompanhar esse último passo, o branco Pizzato Marcelle, entrega um desfecho elegante e equilibrado para a jornada.

Na execução dos pratos está o olhar técnico do chef Adriano Costa. A experiência, que custa R$ 330 com harmonização (ou R$ 240 sem vinhos), não se propõe apenas a alimentar:

— Quando o Bah abriu, em 2008, havia uma ideia de que cozinha regional era sinônimo de algo quase folclórico — relembra Carla. — A gente mostrou que era possível apresentar uma cozinha gaúcha com sofisticação, técnica e elegância. Sem perder a alma. Hoje, vejo novos chefs fazendo releituras lindas da tradição. E isso me emociona, porque mostra que o movimento virou cultura.

Aberto em 2008, o Bah foi um dos primeiros restaurantes a colocar a cozinha regional do Rio Grande do Sul no centro da alta gastronomia. Inspirado pelas cinco regiões do Estado, o restaurante construiu uma narrativa que une identidade cultural, pesquisa e ingredientes locais — sempre com atenção aos pequenos produtores e à história por trás de cada prato.

— Lá no início, o cliente ainda era mais fechado para o novo — conta Carla. — A gente servia uma costela com feijão mexido e farofa de erva-mate e precisava explicar, contextualizar, contar a história por trás. Hoje, o público quer essa história, busca esse valor. O gaúcho valoriza o que é daqui, e isso, para mim, é a maior conquista.

Bah Restaurante
Av. Diário de Notícias, 300 – BarraShoppingSul – Cristal, Porto Alegre, RS
Mais informações: @bah_restaurante | grupopress.com.br/bah
Reservas: obrigatórias para o menu degustação