Bom Gourmet
Lambe lambe, o arroz com marisco para comer com a mão e lambuzar os dedos
Imagine uma refeição com a família em volta da mesa sem que ninguém precise de talheres para comer. Estranha nos dias atuais, essa experiência é possível com o lambe lambe, um prato à base de arroz, mariscos e temperos. Para comê-lo, basta usar a própria casca do molusco como talher, sem cerimônias, e se lambuzar é quase inevitável.

A origem do prato é incerta. O que se sabe é que o lambe lambe faz parte da cultura gastronômica dos nativos do litoral do Sul e Sudeste brasileiro, também conhecidos como caiçaras, como explica Anita Ronchetti, professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Patrimônio, Gastronomia e Cultura do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
Em Florianópolis, o arroz lambe lambe é considerado um prato recente. Por mais que o marisco faça parte do litoral há muito tempo e os povos indígenas já tivessem o hábito de cozinhar com temperos, o cultivo do arroz não era comum na capital catarinense até as décadas de 1920 e 1930. Nessa época, segundo a docente do IFSC, os próprios nativos começavam a plantar, colher e descascar os grãos com as mãos, o que resultava em um arroz semelhante ao integral.

O preparo do prato é simples. A tradição manda retirar os mariscos direto das pedras e lavá-los. Na panela, entram primeiro os temperos, refogados na banha de porco: alho, cebola, tomate, cebola pimenta vermelha e alfavaca. Em seguida, é a vez do urucum, para reforçar a cor do caldo, que deve ser vermelha e brilhante, e um pouco de água. O próximo passo já inclui o arroz branco e os mariscos com as cascas. A iguaria está pronta para servir quando a água já estiver secado e os grãos do arroz estiverem dentro das cascas dos moluscos. Para finalizar, cebolinha e salsinha picadas não podem faltar.
A professora Anita acrescenta que os nativos de Florianópolis também gostavam de incluir hortelã na preparação, considerada um segredo na receita dos moradores. O urucum é um dos ingredientes fundamentais do lambe lambe e continua marcante nos pratos típicos do litoral catarinense até hoje.
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