Hack pela Gastronomia
Hack pela Gastronomia do Bom Gourmet deixa lições de colaboração e muito aprendizado
Enquanto vivem a expectativa da análise dos jurados do Hack pela Gastronomia do Bom Gourmet, participantes, madrinhas, padrinhos e mentores do evento digital, aos poucos, desaceleram. Foram cinco dias de imersão total em um hackathon 100% online para dar forma às soluções criadas para o setor de food service, com o objetivo de contribuir com ideias para a retomada do setor dos restaurantes, fortemente impactado pela pandemia do coronavírus.
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O trabalho começou oficialmente no sábado (12), com a etapa de ideação, na qual as equipes tiveram chance de alinhar a base da solução a ser criada. Na sequência, começou o processo de prototipagem, o momento de dar cara à ideia. Na validação, os times tiveram que apresentar a solução para receber o feedback do público-alvo. Por fim, elaboraram o pitch para "vender o peixe" para os jurados.
No percurso super intenso, as equipes tiveram o apoio de madrinhas, padrinhos e mentores. Mas quem pensa que esse timaço só tinha coisas a ensinar, se engana: o hackathon também foi uma oportunidade de muito aprendizado para quem, inicialmente, imaginou que iria apenas ajudar os participantes.
"A minha intenção ao me inscrever como mentor era contribuir com minha experiência no setor, mas aprendi muito com o pessoal mais ligado à tecnologia e à inovação. Foi como fazer uma faculdade em cinco dias", diz o empreendedor Josias Colla Santos, que tem uma larga experiência na cozinha de restaurantes.
Para Josias, ou simplesmente JC, como ficou conhecido na plataforma Discord, o Hack acabou se mostrando como um grande quebra-cabeça montado em um processo totalmente colaborativo. "Cada um foi encaixando uma peça a partir do próprio repertório, das experiências e da visão do mercado, numa criação coletiva".
Como padrinho de duas equipes e mentor, a contribuição de JC foi além do compartilhamento de sua visão de mercado. "Trabalhei muito com a motivação das equipes. O hack é intenso e dei força para pessoas que pensaram em desistir seguirem firme e é gratificante ver os resultados. O Hack serviu para deixar ainda mais clara a importância de investir em estratégias na internet para sobreviver no mercado", diz Josiel, que viu o restaurante onde trabalhava sucumbir à pandemia por não ter sido hábil em criar um sistema de delivery eficiente para seguir atendendo a clientela.
Para a madrinha e diretora operacional da Spedini, Juliana Titon, a experiência do hackathon foi importante para incentivar o mercado da gastronomia a pensar "fora da caixa". "É um setor muito arcaico e a visão de fora pode trazer muita contribuição. Os restaurantes ainda são muito dependentes do trabalho humano. Mesmo quando há um sistema, é alguém que tem que alimentá-lo. Pensar em soluções que ajudem os empresários a ganhar tempo e ter menos dor de cabeça é um dos aprendizados que o Hack deixa", acredita.
Como conselho para os times para depois do hackathon, Juliana pede que os idealizadores da solução para buscarem se aprofundar no conhecimento do setor. "Pela dinâmica, foi um processo muito dinâmico e rápido. É importante, agora, ir mais a fundo na realidade dos públicos-alvo e entender melhor as necessidades e desafios deles", diz.
Para a vida
O cozinheiro e confeiteiro Lucas Abreu, que trabalha com gastronomia social no projeto Mobilização Marginal, define o processo de participação em um dos times do hackathon como transformador. "Está sendo tão renovador que consigo analisar meus projetos que não deram certo e o porquê disso e já penso como tirar alguns deles da gaveta, com mais maturidade. Foi minha primeira vez em um hackathon e ganhei uma outra perspectiva de como começar um projeto do zero e como as ideias são estruturadas", revela.
Apesar da edificante, Lucas reconhece que a maratona não foi fácil. "Foi muito intenso, ainda mais porque somos uma equipe de seis pessoas, com muitas ideias fervilhando na cabeça. Juntar todas essas ideias foi o maior desafio, mas deu muito certo".
Ator da cena gastronômica, o carioca acredita que o Hack se desenvolve em um momento crucial, no qual o mercado gastronômico sofre bruscas mudanças, tanto no consumo dos clientes, quanto na estrutura dos restaurantes. "É necessário se adaptar às vendas on-line e ao distanciamento". Outra preocupação relacionada a essas mudanças está na questão da sustentabilidade, foco do trabalho da equipe Looping, que criou solução de embalagens retornáveis para delivery.
Diversidade
A curiosidade foi a maior motivação da jornalista Aline Cambuy para participar da maratona. Ela já tinha assistido a alguns pitches resultantes de hackathons e queria conhecer de perto a experiência imersiva proporcionada pelo evento. "Além de me identificar com gastronomia, meu marido estudou gastronomia e está empreendendo do delivery de vinhos, o Adega On, o que acabou me impulsionando para participar na categoria de negócios".
Para Aline, a experiência foi muito intensa e bacana desde a formação dos times. "Formamos uma equipe bem eclética, com pessoas de lugares , idades, formações e habilidade diferentes. Tinha de estudante do Ensino Médio técnico a engenheiro eletricista, passando por pessoas da área de Direito. Aprendemos muito nas discussões", diz.
Outra lição que a jornalista vai levar é a percepção da necessidade de que é possível inovar e pensar em ideias a partir da empatia. "No processo criativo, é fundamental perceber as dores do mercado. No nosso caso, foi dos chefs autorais que tiveram que se reinventar no mercado do delivery. Mas serve para qualquer negócio: entender as necessidades dos públicos e humanizar as relações, mesmo que seja por meio do delivery", reforça Aline, participante do time Gastrô Experience, que desenvolveu uma plataforma digital para ajudar chefs de cozinha a proporcionar uma experiência de delivery mais humanizada e com qualidade compatível a que oferecem presencialmente.
O resultado do Hack pela Gastronomia e a apresentação das soluções criadas para o food service durante o hackathon será na próxima segunda-feira (21), às 19h30, durante a live de encerramento. Já o trabalho dos jurados começa nesta sexta-feira (18). As três melhores ideias serão destacadas e todos os pitches ficarão disponíveis num grande banco aberto para consulta gratuita de toda a sociedade.