Hack pela Gastronomia
Eventos do futuro terão modelo híbrido com produção presencial e online
Uma degustação de vinhos na casa das pessoas, com a entrega das taças e garrafas e condução pela tela do celular. Um jantar temático com o prato levado pelo delivery em uma confraternização online. Ou ainda um congresso com chefs e palestrantes de qualquer lugar do mundo ensinando receitas e contando as suas histórias – cada um na sua casa ou restaurante.
O modelo de eventos realizados atualmente com transmissões online apenas em casa ou híbridos para pequenos grupos, deve ser mantido no pós-pandemia. Pelo menos é nisso que acreditam as três convidadas do último talk do segundo dia do Hack pela Gastronomia, na noite desta quarta-feira (2).
Mariella Lazaretti, publisher da revista Prazeres da Mesa; Joana Munné, produtora da consultoria gastronômica paulista Síbaris; e Lela Zaniol, sócia-fundadora da plataforma gaúcha Destemperados, contaram à jornalista Deise Campos, editora do Bom Gourmet, que muito do que se fez e se aprendeu da produção de eventos nestes últimos seis meses vieram para ficar. A realização de feiras e degustações pela internet, de acordo com elas, não substitui a presença real de abraços e apertos de mãos, mas torna possível ampliar o alcance e as possibilidades de novos conhecimentos e experiências.
“Quando tudo começou, a primeira coisa que fizemos foi cuidar dos nossos clientes de casa, sem poder estar presente em reuniões e treinamentos. Criamos alguns produtos e ferramentas que ajudassem as pessoas a se comunicar, como as lives com chefs do Brasil e de fora, e descobrimos como era importante neste ‘futuro imediato’ as experiências que nunca poderíamos imaginar que eles poderiam compartilhar conosco, e que agora estão nas nossas casas”, conta Joana.
Soluções híbridas
A necessidade de mudar de uma hora para a outra foi também o dilema em que se viu a publisher da revista Prazeres da Mesa logo que a pandemia começou. Mariella, que rodava o país com seu ciclo de palestras e oficinas Mesa, precisou cancelar todos os eventos presenciais.
“Nós imediatamente nos unimos aos donos de restaurantes e chefs para tentar encontrar uma saída disso, porque isso reflete diretamente nos veículos de comunicação. O que eles vão faturar e comprar vai refletir nos nossos anunciantes. Então nos unimos em grupos com chefs e com os governos para entender o que aconteceria”, conta.
E a partir disso surgiram duas soluções híbridas, a organização não governamental NossoPrato.org, para ajudar na recolocação profissional de trabalhadores do setor, e o Mesa Happenings, que substituiu a premiação da revista com um ciclo de vídeos de receitas dos chefs.
Houve ainda o Mesa Brasília, na última semana,
em que foi realizada uma pequena confraternização presencial e todos os painéis,
debates e até mesmo a feira de produtos típicos brasileiros foram levados para
a internet.
em que foi realizada uma pequena confraternização presencial e todos os painéis,
debates e até mesmo a feira de produtos típicos brasileiros foram levados para
a internet.
“Uma coisa intermediária que vai mudando enquanto as coisas vão se apresentando, liberando eventos menores, com pouca gente, vai variar de acordo com cada lugar. Claro que o presencial, o físico, faz muita falta”, conta Mariella.
Foi o mesmo que Lela Zaniol precisou fazer em seu Destemperados. Como a atividade principal de experiências presenciais nos restaurantes se tornou inviável, o jeito foi olhar para o digital como uma nova saída.
“Começamos a explorar os deliveries e as receitas, e os nossos eventos presenciais viraram online, como este [o Hack pela Gastronomia]. Essa é uma realidade que veio para ficar, e veja: nós mesmos aqui, seria difícil estarmos nós quatro em apenas um ambiente”, pondera.
Veja na íntegra como foi o talk:
Como pagar a conta?
A grande questão que pode segurar a realização destes eventos é a rentabilização, o financiamento das ações. A gratuidade, por um lado, ajuda a ampliar o acesso à informação, mas por outro não soma aos anseios do patrocinador. Para Mariella Lazaretti, tudo será cada vez mais segmentado de acordo com o público-alvo da ação.
“O que o seu patrocinador quer? Qual a demanda dele? Precisa saber se aquele evento está interagindo de verdade com ele e não apenas fazendo volume. As empresas precisam entender que vai existir cada vez mais segmentação, ações mais certeiras”, analisa.
Lela Zaniol acredita que também não se deve esquecer de quem produz esses eventos, dos profissionais envolvidos, e que precisam ter o devido reconhecimento. Já para os patrocinadores, se deve fazer uma entrega robusta com bons fornecedores que convertam em dinheiro. E olhar mesmo para os eventos pagos, com inscrições cobradas em que se ganha com o volume.