Hack pela Gastronomia
Crise gera novas oportunidades de canais diferenciados e formatos de vendas
Dentro do
universo do empreendedorismo, mais especificamente no setor gastronômico, a
pandemia do novo coronavírus não foi a primeira e tampouco será a última crise
enfrentada; ao menos, é o que dizem os profissionais da área. Sendo assim, o
caminho mais promissor para superar momentos de dificuldade é usufruir das oportunidades que surgem,
apostando em novos canais e formatos de venda.
universo do empreendedorismo, mais especificamente no setor gastronômico, a
pandemia do novo coronavírus não foi a primeira e tampouco será a última crise
enfrentada; ao menos, é o que dizem os profissionais da área. Sendo assim, o
caminho mais promissor para superar momentos de dificuldade é usufruir das oportunidades que surgem,
apostando em novos canais e formatos de venda.
Em um dos talks do Hack pela Gastronomia, mediado por Flávia Alves, do Bom Gourmet, os empreendedores Luiz Antonio de Lima, sócio-proprietário das redes Spedini e It's Grill, Rodrigo Barros, empresário à frente da Boali, e Eduardo Cordova, CEO da Market4u, discutiram quais foram as estratégias adotadas em seus negócios para darem a volta por cima na crise -- e quais são as premissas que devem orientar qualquer empreendedor neste momento.
A primeira premissa diz respeito ao trabalho em equipe e enfatiza o fato de que nenhuma empresa se consolida (ou se mantém no mercado) sustentada por apenas uma pessoa. Luiz Antonio de Lima, que tem duas redes franqueadas em todo o país, explica que o primeiro passo para encarar a nova crise foi se manter fiel aos colaboradores.
De acordo com ele, não seria justo, logo no primeiro momento de dificuldade, demitir funcionários que, até então, tinham contribuído para o bom desempenho das marcas.
“Fortalecer essa fidelidade foi o que fez com que todos trabalhassem ainda melhor”, afirma.
Além disso, Lima conta que também exercitou o relacionamento com os fornecedores, pois percebeu que a distância entre as marcas e eles gerava lacunas no processo de desenvolvimento do negócio.
Prevendo o futuro
Por conta de uma viagem de negócios à China cancelada em janeiro, Rodrigo Barros foi capaz de prever o cenário pandêmico para o qual o mundo estava caminhando e estabeleceu um plano de ações com seus colaboradores antes mesmo da crise chegar ao Brasil.
“No dia 11 de março, reuni meus franqueados e debatemos sobre estratégias que seriam antecipadas e adiadas, focando na preservação de pessoas e fluxo de caixa, aceitando e respeitando o novo contexto, e entendendo e se preparando para as oportunidades”, diz Barros.
Segundo
ele, alinhar tudo isso com a equipe foi essencial não apenas para manter todas
as operações abertas durante a pandemia, como também inaugurar quatro novas
unidades.
ele, alinhar tudo isso com a equipe foi essencial não apenas para manter todas
as operações abertas durante a pandemia, como também inaugurar quatro novas
unidades.
As
oportunidades também se mostraram abundantes para Eduardo Cordova que, durante
a pandemia, impulsionou seu negócio, expandindo a equipe original de quatro
colaboradores para mais de 100.
oportunidades também se mostraram abundantes para Eduardo Cordova que, durante
a pandemia, impulsionou seu negócio, expandindo a equipe original de quatro
colaboradores para mais de 100.
A Market4u, que trabalha como marketplace para vários setores, foi muito impulsionada nesse momento, como explica o CEO, por causa da tendência digital em ascensão. E atingiu, em menos de um ano, a meta de consolidar 1000 operações, que era o plano para três anos da marca.
“Um bom problema é muito melhor do que uma ótima ideia porque é justamente na crise que a gente empreende. O que precisamos fazer é ter agilidade para lidar com as mudanças; sempre, é claro, com responsabilidade e ética”, coloca Cordova.
Veja na íntegra como foi o bate-papo:
Novos hábitos, novas necessidades
Empreender, como explicam os participantes do talk, requer coragem para assumir riscos. Quanto mais o empreendedor conhece seu público e entende suas demandas, mais assertivo é o risco que ele corre.
A pandemia desencadeou nas pessoas novos hábitos de consumo, que incluem maior autonomia de compra, uma vez que o cliente está passando mais tempo em casa e em família, e consequentemente mais valorização da experiência. As pessoas, como afirma o sócio-proprietário do Spedini, estão sedentas por contato e, por isso, os modelos de negócios físicos que protagonizavam o mercado antes continuarão com intensidade na retomada.
No entanto, ele explica que, enquanto isso não acontece, é essencial que as marcas encontrem alternativas para atender a dinâmica atual do mercado.
“Logo que o isolamento começou, estávamos com todas as nossas unidades estocadas e precisávamos encontrar um canal de vazão desses produtos. Impulsionamos nossa plataforma de delivery e começamos a desenvolver uma linha de congelados para levar qualidade e comodidade às pessoas que estão fazendo home office”, diz Lima.
Para Cordova, essa adaptação a novos formatos e canais deve acontecer mais focada na solução do que no produto. “Você tem que ser apaixonado pela ideia que você promove. A partir disso, os produtos que você oferece serão consistentes em meios variados e o cliente vai perceber isso”.
Seguindo esse conceito, Barros conta que, na pandemia, a Boali lançou uma linha de congelados pensada para atender uma demanda social construída pela marca.
“Demos aos clientes a oportunidade de comprar os produtos por um preço reduzido, atendendo várias necessidades individuais, mas também oferecemos a opção deles pagarem o preço integral, com a promessa de que a Boali doaria o mesmo produto consumido a pessoas em situação de necessidade”, diz.
O empresário conta, satisfeito, que mais de 70% dos produtos congelados foram vendidos a preço integral, o que indica uma preocupação das pessoas com as dificuldades alheias, e que não deve ser ignorada pelas empresas.
Educação e conhecimento
Dentre as conclusões dos três empresários sobre como impulsionar negócios e aproveitar as oportunidades que emergem na crise, a maior foi a importância do conhecimento e de se educar a partir da experiência de outas pessoas dentro do setor.
De acordo
com Barros, um empresário que não trabalha suas competências e respeita suas
forças, terá resultados medíocres. “Não posso ser bom em tudo, então eu me
ocupo daquilo que sou bom e me cerco de pessoas que complementam minhas competências
com as suas próprias”, explica.
com Barros, um empresário que não trabalha suas competências e respeita suas
forças, terá resultados medíocres. “Não posso ser bom em tudo, então eu me
ocupo daquilo que sou bom e me cerco de pessoas que complementam minhas competências
com as suas próprias”, explica.
Existe um ecossistema globalizado que disponibiliza conhecimento, segundo Cordova, e, por isso, construir parcerias é essencial e, acima de tudo, para um empreendedor, é importante saber como ir atrás do conhecimento.
“Não se pode aprender aquilo que você acha que já sabe. É aí que vem a humildade de admitir que existem outras pessoas capazes de te ensinar. Deixar de investir nessa troca é deixar de investir na sua marca”, afirma o CEO.
Por fim, Luiz Lima aponta que um caminho consistente para novos empreendedores é buscar respaldo em uma franquia. Essa, como ele afirma, é uma forma de focar no relacionamento com os clientes e na gestão, deixando a parte de desenvolvimento de produtos para o franqueador. “Foi assim que eu comecei e aprendi tudo o que precisava para, depois, assumir minha própria franquia”.