Gestão e Finanças
Cervejaria curitibana cria campanha de valorização dos bares fechados pela pandemia
Fechados desde o início da pandemia e sem previsão de retomada das operações, os bares do Paraná são alvo de uma campanha para incentivar o público a continuar consumindo nos estabelecimentos, mesmo que apenas pelo delivery ou retirada no balcão.
Criada pela cervejaria curitibana Way Beer, a campanha “Abrace seu Bar” consiste em um vídeo de pouco mais de um minuto que mostra como a cultura boêmia do happy hour e das comemorações entre amigos foi afetada pelo fechamento repentino por causa das regras de distanciamento social.
A peça criada e produzida em menos de 15 dias não nomeia nenhum bar especificamente e está disponível para a veiculação nas redes sociais de qualquer estabelecimento que queira se aproximar dos clientes neste momento. Veja o vídeo:
Henrique Domênico, CEO da Way Beer, diz que a campanha quer conscientizar o público de que os bares no formato que conhecemos serão os últimos a serem liberados para funcionar e que a sobrevivência deles depende dos clientes. Muitos estabelecimentos implantaram o serviço de delivery e de retirada no balcão, mas mesmo assim estão tendo dificuldades em manter a operação em pé.
“Os bares são pequenos negócios, muitas vezes de família, que estão abertos há muitos anos e foram profundamente impactados de uma hora para a outra. E vimos que precisávamos ajudá-los também”, diz.
A própria cervejaria sentiu o impacto do fechamento dos bares, com uma queda de 70% nas vendas dos produtos. O mercado de varejo direto ao consumidor final compensou apenas 10% das perdas provocadas, até porque a venda de bebidas pelo delivery é mais difícil do que de comidas.
“Não estamos incentivando ninguém a invadir os bares, mas ajudá-los dentro das regras pedindo nos aplicativos ou indo lá buscar. Enquanto o bar não voltar a atender dentro dos protocolos, ele precisa que as pessoas continuem consumindo”, diz Domênico.
O vídeo pode ser visto nas redes sociais da Way Beer e compartilhado pelos bares. Outras estratégias estão sendo estudadas, como o incentivo financeiro às postagens nas redes sociais e a extensão do apoio até depois que os estabelecimentos forem permitidos a voltarem a funcionar.
Pensar no que nunca existiu
Essa foi a necessidade vista pela rede de bares Mr. Hoppy, que precisou de uma hora para a outra pensar em como continuar faturando sem atendimento presencial. Com muitos franqueados, o criador da marca, José Araújo Neto, afirma que teve de criar em uma estratégia de delivery que nunca sequer foi planejada para a rede.
“Não nascemos para ser um grande player do mercado de delivery e nem tínhamos um produto específico ou foco nisso. Nosso foco sempre foi a experiência na loja, com chope, hambúrguer e música ao vivo”, diz.
A estratégia adotada foi criar combos por um preço menor do que custaria no bar, como um dos hambúrgueres de R$ 10 acompanhados de batatas fritas e um copo de cerveja. Na loja, os três pedidos sairiam por R$ 28, mas no delivery custam em torno de R$ 20.
Uma estratégia semelhante foi adotada por Janaína Santos, sócia-proprietária do Cosmos Gastrobar. Ela fechou o bar em março e foi para o delivery com os pratos que já servia na casa. No entanto, a estratégia não deu certo e ela precisou repensar a operação.
“O nosso menu é muito autoral e fica mais difícil para as pessoas descobrirem os pratos no aplicativo. Entendemos que o delivery é diferente, e adaptamos para pratos mais conhecidos, como yakisobas e lámens”, afirma.
Janaína também passou a vender kits de bebidas para o preparo de drinks em casa e, nesta semana, lançou uma linha de coquetéis enlatados que já faziam parte da carta, como uma variação de Moscow Mule, Gin Tônica, os autorais Netuno e Pink Pegasus e o Fruit Beer, desenvolvido em parceria com a Cervejaria Palta, de Curitiba.
Apoio necessário
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas, Fábio Aguayo, uma das maiores dificuldades dos bares é a falta de apoio não só do poder público. Segundo ele, os fornecedores também precisaram ajudar os pequenos empresários dos bares.
“Precisamos muito dos apoios dos fornecedores, especialmente da indústria das bebidas que foram marginalizadas juntos com a gente na questão de proibição e várias leis secas pontuais, assim resgata nossa responsabilidade do consumo responsável”, diz.