Gestão e Finanças
Confeiteiros criam alternativas para minimizar perdas da Covid-19 na Páscoa
Delivery próprio gratuito, cardápio mais enxuto e produtos menores. Essas têm sido algumas das saídas que confeiteiros estão fazendo para não deixar a Páscoa passar em branco por conta da pandemia de coronavírus -- e compensar parcialmente a perda de faturamento.
Em alguns estabelecimentos, o isolamento social fizeram o faturamento cair pela metade, o que também puxou para baixo a quantidade de pedidos para a Páscoa. Neste ano a data não será de grandes celebrações com famílias e amigos.
Para compensar um pouco as perdas, confeiteiros resolveram diversificar a produção e ainda estender a Páscoa para além da data. Janaína Benato Siqueira e o sócio Everton Trancoso Pereira, da Carolina Café + Doceria, em Curitiba, decidiram servir os produtos de Páscoa até o Dia das Mães.
"Estamos vendendo normalmente os produtos de Páscoa, e depois oficializamos por pelo menos mais duas semanas já que temos os insumos e embalagens comprados", contam.
Até agora o faturamento da doceria caiu o equivalente a duas vezes dos dias normais. Ela ainda apostou no delivery grátis em bairros da zona Norte da capital, como Alto da XV, Ahú e São Lourenço, e passou a trabalhar mais na própria propaganda nas redes sociais com pedidos via WhatsApp.
Conquistar pelo bolso
A receita do sucesso que antes era simples, com ingredientes bem escolhidos e uma pitada de criatividade, precisou ter as doses e porções cortadas. Na queda do movimento e dos pedidos, os confeiteiros viram a necessidade de se reinventar.
Na Di Mari Doceria Artesanal, também em Curitiba, a confeiteira Mariana Celestrino viu os pedidos de bolos de festas despencarem praticamente de uma hora para outra -- assim como pedidos de presentes para a Páscoa.
Para ela, o jeito foi cortar gastos e criar opções menores, como mini bolos mais simples e caixas com poucos docinhos para o consumo do dia a dia. Ela conta que, em duas semanas, vendeu oito bolos de festas e mais de 30 dos tradicionais. O movimento não parou, e está conseguindo pagar as contas pela quantidade vendida.
"As pessoas estão com medo de gastar, então os itens mais baratos estão saindo super bem junto com a pronta entrega. Faço os bolos todos os dias da semana", conta.
Enquanto um bolo de festa que custa em torno de R$ 105 está em baixa, os bolos de R$ 30 agora são os favoritos. A confeiteira Aline Gonçalves, da Inku Bolos, também optou pelos doces menores e mais em conta para este momento de crise.
Ela tinha variedades de bolos para até 30 pessoas, mas agora estão saindo as versões para duas a três. A incerteza do movimento da Páscoa a fez cancelar o lançamento de produtos específicos, como ovos recheados.
"Achei melhor não apostar nisso ainda e preferi continuar com as opções tradicionais, com mini bolos e opções de sobremesas para pequenos núcleos familiares", explica.
Apelidado de 'menu da quarentena' o cardápio da Inku tem bolos como Marta Rocha e Floresta Negra e tortas de maçã e limão, com preços de R$ 40 a R$ 88.
Sem ovos
Se para Aline Gonçalves o momento foi de adiar os planos, para a também curitibana Izabella Minussi, da Karolis Confeitaria, o baque da pandemia foi mais profundo. Pela primeira vez em três anos ela não fará os tradicionais ovos de Páscoa recheados.
A baixa perspectiva de clientes a fez cancelar a campanha deste ano, mas sem deixar a data passar em branco.
"É a minha melhor fonte de renda, então estou focando agora em produtos menores em bolos que já tenho no meu menu, como os personalizados e os brigadeiros", conta.
A escolha de produtos como bolos menores e caixinhas de doces variados foi a saída encontrada por ela para compensar a falta de pedidos de ovos para presente. Izabella também investiu em bater perna pela vizinhança para fazer a propaganda do próprio negócio, além de usar muito as redes sociais para divulgar as criações.