Gestão e Finanças
Bares e restaurantes adotam o PIX como meio de pagamento para os clientes
Com mais de 83 milhões de chaves cadastradas, o PIX já está sendo usado não apenas para transações bancárias sem a cobrança de taxas. O novo sistema de pagamentos desenvolvido pelo Banco Central também já é utilizado como método de pagamento das contas dos clientes nos bares e restaurantes, além de gerar uma economia considerável nas taxas pagas às operadoras de cartões.
O PIX funciona como um modelo digitalizado do dinheiro em espécie, já que as transações acontecem em menos de dez segundos em qualquer dia, a qualquer momento. A rapidez do processo, como aponta o presidente da seccional São Paulo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), Joaquim Saraiva, estimula o fluxo de pagamentos, reduzindo filas nos caixas e otimizando o serviço.
A disponibilidade 24 horas do sistema facilita o repasse aos funcionários e o pagamento de contas, ao mesmo tempo que reduz a necessidade dos caixas em manterem grande quantidade de dinheiro físico. Isso torna os estabelecimentos menos vulneráveis a problemas com troco e possíveis assaltos.
Além disso, o PIX, de acordo com Saraiva, representa uma redução significativa de custos para restaurantes e similares, principalmente ao substituir o modelo de pagamento por cartão de débito. Isso porque para cada transação feita pelo modelo tradicional, uma taxa de 1% a 3% do valor total é cobrada, enquanto que pelo PIX, a cobrança é de R$ 0,01 por transação.
“Mesmo com todos esses benefícios, estamos cientes que o processo de transição e adaptação para esse novo modelo será gradual, assim como outras inovações em pagamentos foram antes. O que precisamos é estar preparados para receber esse sistema nos nossos negócios e estimular o uso dele pelos clientes”, afirma Saraiva.
A
expectativa para o setor, segundo ele, é que estabelecimentos destinados ao
público mais jovem sejam os primeiros a incorporarem a alternativa de forma
predominante, por atenderem clientes mais adeptos à tecnologia.
expectativa para o setor, segundo ele, é que estabelecimentos destinados ao
público mais jovem sejam os primeiros a incorporarem a alternativa de forma
predominante, por atenderem clientes mais adeptos à tecnologia.
Restaurantes mais tradicionais vão precisar incentivar mais seus consumidores, entendendo que os modelos de pagamento convencionais vão demorar muito para serem completamente substituídos.
Adesão e divulgação
O Banco Central divulgou que mais de 700 instituições têm autorização de integração do PIX aos seus sistemas. Para estabelecimentos que desejam aderir a alternativa ao seu leque de pagamentos, o primeiro passo, portanto, é definir em qual conta irão receber as transações.
Após isso, como diz Mayara Yano, assessora do BC e responsável pela implantação do PIX, o estabelecimento deve escolher como irá disponibilizar o formato aos clientes. Para restaurantes, as alternativas mais aconselhadas são por meio do QR code estático – ou seja, impresso e disponibilizado nas mesas e no balcão – ou QR code dinâmico, digital e elaborado de forma exclusiva para cada transação.
Para pequenos estabelecimentos que não possuem sistema de automação, Mayara recomenda a versão estática, utilizada para diversas transações e que permite a inserção de um valor pelo pagador.
Já em estabelecimentos que possuem softwares próprios de automação, a opção de QR code dinâmico é mais indicada, pois além do valor, permite a inclusão de outras informações, como a identificação do recebedor.
“Em ambos os casos, sugerimos que os estabelecimentos se ocupem do treinamento de seus funcionários para utilizar a ferramenta. É um processo bastante intuitivo, mesmo assim, funcionários bem adaptados serão mais capazes de divulgar a alternativa e auxiliar clientes na utilização dela”, explica.
Para restaurantes automatizados
Possuir um sistema de automação não significa que o estabelecimento está preparado para adotar a forma de pagamento PIX com QR Codes dinâmicos. É importante se certificar de que o software do qual esse sistema é desenvolvido tem alguma rede de integração autorizada para trabalhar com o novo pagamento instantâneo.
Pensando nisso, a GrandChef, foodtech especializada na gestão de restaurantes, decidiu oferecer integração com Picpay e PIX. De acordo com Geison Correa, CEO da foodtech, o Picpay, aplicativo para pagamento de contas e transferência de dinheiro, é uma das instituições autorizadas pelo BC para integração com o PIX e, portanto, a alternativa pode ser incorporada pelos clientes da empresa.
O software da GrandChef trabalha com a atualização do status das transações, garantindo mais segurança tanto ao restaurante quanto ao cliente. Geison reforça que é necessário ter alternativas contingentes, pois nem sempre o sistema online vai funcionar.
“Isso é uma preocupação dos estabelecimentos: ‘e se a internet falhar?’, eles me perguntam. A resposta é simples: pagamentos tradicionais. E é por isso que um formato não substitui o outro completamente”, reforça.
Questões de segurança
A grande preocupação dos estabelecimentos do setor com relação ao PIX tem sido a possibilidade de fraudes. Assim como em qualquer outro meio de pagamento, existem sim algumas brechas que dão margem a operações fraudulentas, mas elas não são maiores e nem podem acontecer mais frequentemente, como tem sido considerado.
De acordo com Tom Canabarro, cofundador da Konduto, empresa antifraude para pagamentos online, existem dois principais cenários de fraude envolvendo o pagamento por QR Codes do PIX.
O primeiro deles, que se refere ao QR Code estático, é a possibilidade de substituição da impressão colocada nas mesas e balcões dos restaurantes por uma que tenha destino a outra conta. Essa possibilidade, no entanto, pode ser facilmente identificada, como explica Canabarro.
“Antes da confirmação do pagamento pelo PIX, o cliente recebe os dados do recebedor. Basta que os estabelecimentos exercitem uma comunicação aberta com seus clientes e os incentivem a confirmar os dados com os funcionários antes de efetuarem o pagamento”, diz.
Já com relação ao QR Code dinâmico, a possibilidade de fraude implica na invasão da carteira digital. Essa situação torna-se mais possível em casos de roubo de celulares, e consequentemente acesso aos aplicativos dos bancos, ou hackeamentos de contas.
Em ambos os casos, Canabarro recomenda o contato imediato com a agência bancária e companhia telefônica para o bloqueio dos canais invadidos.
Além disso, ao identificar transações suspeitas, atípicas ao comportamento natural do estabelecimento ou pessoa, o BC afirma ampliar o tempo da transação para ter a oportunidade de confirmar a atividade antes do valor ser debitado.