Bom Gourmet
Formas especiais transformam bolos tradicionais em pequenas obras de arte
Um bolo com alma de casa de vó e a sofisticação de requintados salões. São assim os bolos que saem de formas como as feitas pela marca americana Nordic Ware e a chinesa Marissa Lounina. Mesmo custando algumas centenas de reais, essas formas vêm se tornando objetos de desejo dos confeiteiros profissionais e amadores do Brasil.
Em essência, eles nada mais são do que formas de bolos redondos com furo no meio, do tipo que dá água na boca mesmo sem qualquer cobertura e vai muito bem acompanhado de um cafezinho. Porém, ao invés de resultarem em bolos lisos, como os que conhecemos, graças às assadeiras, as massas assadas nessas formas ganham texturas diversas e tornam-se deliciosas também para os olhos.
As formas responsáveis pelo resultado não são exatamente uma novidade. A Nordic Ware, por exemplo, que existe desde 1946, as fabrica desde a década de 1960. Porém, é recente a chegada delas ao mercado brasileiro – e, de acordo com quem o acompanha, isso contribuiu para impulsionar a popularidade delas por aqui.
![](https://resize.casapino.com.br/?u=https://cms-bomgourmet.s3.amazonaws.com/bomgourmet%2F2022%2F06%2F10145329%2Fmarissalounina-03.jpg&w=661)
“Todo mundo que gosta de gastronomia e, mais especificamente, de confeitaria, já viu essas formas, porque nós acabamos buscando referências externas – e nos deparando com esses bolos, que são simples, mas com um formato que chama a atenção. Então, elas acabaram virando sonho de consumo, mas não eram vendidas aqui. Quem tinha, era quem ia para fora e trazia”, conta o consultor gastronômico Vitor Hugo Tsuru, que além de mestre em ciência dos alimentos, mantém o blog Prato Fundo.
Quando passaram a ser importadas e vendidas por lojas brasileiras, o sonho de consumo se tornou mais palpável para algumas pessoas, mesmo com os preços variando de R$ 150 a R$ 500. Um preço salgado para uma forma de bolo. A explicação é o valor original do próprio produto, às taxas de importação e a cotação do dólar frente ao real. “Apesar do preço, aqui é possível parcelar e a entrega é mais rápida”, avalia Tsuru.
Mas o que é que elas têm?
A primeira característica que chama a atenção é o design diferenciado, que se desdobra em dezenas de modelos. É ele que permite a produção do que a chef pâtissier e professora do curso de Cake Design do Centro Europeu Bruna Marinoni chama de “bolo-presente” e faz com que as próprias formas se tornem itens colecionáveis.
Em seguida, temos o fato de as formas serem recobertas com uma película antiaderente – o que, devido aos muitos detalhes de cada uma delas, é condição necessária, mas não suficiente, para garantir bons resultados. “Nenhum antiaderente faz milagre, então eu digo que tem que untar até a alma para evitar que grude”, brinca Tsuru. Ele prefere usar manteiga ou margarina para isso. Bruna, por sua vez, é adepta do desmoldante.
Outro aspecto ainda é a robustez. Apesar de serem feitas de alumínio, assim como formas e panelas encontradas no mercado brasileiro, elas são mais espessas e chegam a pesar cerca de 700 gramas. Nesse sentido, se aproximam das panelas e caçarolas de alumínio fundido mais artesanais, que são mais grossas e pesadas.
![A marca chinesa Marissa Lounina produz as formas que são objeto de desejo de amantes de confeitaria.](https://resize.casapino.com.br/?u=https://cms-bomgourmet.s3.amazonaws.com/bomgourmet%2F2022%2F06%2F10145325%2Fmarissalounina-01.jpg&w=661)
Há duas consequências disso: a primeira é que a qualidade da liga metálica e a espessura vão garantir que a absorção e a condução de calor aconteçam de forma homogênea. “O bolo vai formar aquela parte mais dourada e, por dentro, ele assa uniformemente. Fica perfeito, muito macio”, diz Bruna. Já Tsuru compara: “Com uma forma de silicone, por exemplo, que não é um bom condutor de calor, o dourado não fica igual, porque alguns pontos ficam mais quentes e outros, mais frios”.
A segunda diz respeito à durabilidade do produto. Sendo mais grossas, as assadeiras são mais resistentes a quedas e choques, e acabam se tornando um utensílio daqueles que duram uma vida inteira – e até mais. “É o que acontece nos Estados Unidos. Tem gente que herda a forma da mãe e vai passando de geração em geração”, conta o consultor gastronômico.
A massa ideal
![Forma Magnolia Bundt, da Nordic Ware.](https://resize.casapino.com.br/?u=https://cms-bomgourmet.s3.amazonaws.com/bomgourmet%2F2022%2F06%2F10145301%2Fearl_grey_lemon_bundt_cake_01_1.jpg&w=661)
Apesar de todas as suas qualidades, não é sempre que o uso de formas da Nordic Ware e da Marissa Lounina é recomendado. “As únicas vezes em que tive problema foi quando tentei fazer um bolo com massa que não era tão amanteigada”, conta o responsável pelo blog Prato Fundo. A leveza do bolo que leva menos manteiga o torna mais suscetível a grudar na forma.
Assim, é interessante dar preferência a bolos com base de manteiga, ovos e açúcar, que são mais ricos em gordura e densos. Eles acabam ficando mais marcados – ou seja, mais bonitos – ao mesmo tempo em que têm menor chance de grudar na forma. Um exemplo é o bolo inglês (pound cake), que pode ser feito apenas com essência de baunilha ou levar frutas cristalizadas, raspas de laranja ou limão, etc.
Vale a pena?
![Na Nordic Ware, as formas rendondas com furo são chamadas de “bundt pan”. O termo “bundt” é uma marca registradada da empresa e não pode ser usada por outros fabricantes.](https://resize.casapino.com.br/?u=https://cms-bomgourmet.s3.amazonaws.com/bomgourmet%2F2022%2F06%2F10145253%2FABRE_bigstock-Classic-Vanilla-Bundt-Cake-Wit-451568477.jpg&w=661)
Mesmo presentes no mercado brasileiro, as formas Nordic Ware e Marissa Lounina chegam a custar até 20 vezes mais do que uma forma redonda com furo comum. As mais caras são as americanas, que têm mais tradição no mercado e custam entre R$ 200 e R$ 500. As chinesas são encontradas por R$150 a R$ 200.
Por causa dos preços, elas acabam se tornando uma opção mais viável e que faz mais sentido para quem trabalha com confeitaria, já que a aquisição pode gerar um retorno financeiro. “Claro que vai depender do público com que você trabalha, mas todos fazemos mais ou menos a mesma coisa, então acredito que precisamos ter um diferencial e essas formas podem agregar valor ao trabalho”, resume Bruna.
*Preço encontrado em lojas on-line, no período de 9 a 13 de maio.