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De uma dívida de R$ 5 milhões para a capa da Forbes: como Raphael Koyama transformou a Matsuri to Go na maior rede de comida japonesa delivery do Sul

Raphael Koyama, CEO da rede MTG Foods palestrando no FoodCo. Experience 13. Crédito: Silvestre Laska.
“Desistir não é uma opção”. Essa é a frase que estampa as embalagens dos deliverys da Matsuri To Go e é, também, o pilar que motivou Raphael Koyama e sua família a se reinventarem para transformar um negócio inadimplente em um case de sucesso.
Convidado para palestrar no FoodCo. Experience, para mais de 70 empresários da gastronomia curitibana, Raphael compartilhou sua trajetória. Contou como entrou no meio da gastronomia para ajudar a salvar o empreendimento familiar da cidade de Londrina (PR), a transformação da marca para a Matsuri To Go e a chegada ao marco de 60 lojas em 5 estados do país, com projeção de faturamento de R$ 100 milhões para 2025.
Engenheiro de formação e com atuação desde o primeiro período da faculdade no ramo, em 2019 resolveu se juntar com uns amigos e lançou a startup Ecofood. A proposta era vender alimentos em bom estado que sobraram dos restaurantes e que iriam para o lixo. No início de 2020, o plano era expandir os negócios para São Paulo, mas a pandemia mudou os rumos.
A Matsuri, rede do restaurante dos seus pais, estava passando por dificuldades financeiras, e estimavam que a dívida fosse de R$ 1 milhão. Porém, ao fazer as contas, Raphael percebeu que o passivo era de R$ 5 mi. A partir deste momento, ele decidiu se dedicar integralmente à virada do negócio.
Depois de vender apartamento e carro, pedir empréstimos ao ex-chefe, ele e sua família transformaram o andar debaixo da casa que alugaram em um espaço de produção para um novo empreendimento, 100% focada no delivery e fecharam definitivamente as três unidades do Matsuri.
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A comunicação com os clientes desta mudança foi feita através de um vídeo em que a família informou aos consumidores que estavam fechando as portas e se preparando para uma nova fase. Na primeira hora de funcionamento da Matsuri To Go, eles receberam mais de 70 pedidos. Em um mês, bateram o faturamento de R$ 237 mil.
A experiência também revelou um ponto comum entre tantos empreendedores da gastronomia: a jornada muitas vezes nasce da necessidade. “A grande maioria das pessoas, quando começam a empreender no Brasil - e o food service está incluído nisso -, elas não começam a empreender pensando, eventualmente, em algum tipo de oportunidade, mas sim por necessidade, que foi o meu caso, foi o caso da minha família”, afirma Raphael.
Cultura organizacional, valores e comunicação transparente
Aliado à comunicação transparente desde o início da Matsuri to Go, Raphael afirma que a razão da expansão da marca em grande escala é por conta do alinhamento de comportamentos e valores dentro da cultura organizacional da empresa. “Para nós, a cultura organizacional começa com os comportamentos que são e não são toleráveis dentro da empresa. E, quanto a isso, não tem certo ou errado. É muito aquilo no que se acredita”, afirma.
Durante o começo da expansão, Raphael e sua família se sentiam como estranhos dentro da própria marca. Foi aí que entenderam que para escalar de forma sustentável, precisavam ter uma cultura consolidada. “O que salvou a nossa empresa foi deixar muito claros os valores e comportamentos que realmente importam dentro da cultura”, afirma.
Hoje, todas as sedes passam por treinamentos com a comunicação de quatro valores principais, que são:
- Ser mais duro que o trabalho: para a rede, não se trata necessariamente de trabalhar por muitas horas consecutivas, mas sim ter controle dentro das situações difíceis que aparecem no dia a dia.
- Desistir não é uma opção: conectado com a história de superação, Raphael reforça que “não é ficar dando murro em ponta de faca, mas nós somos uma empresa que não acreditamos na impossibilidade. Buscamos alternativas, mudanças de caminho para conquistar novos objetivos”.
- História construída por e para todos: “nós somos uma empresa humana e, por isso, vamos sempre ter pontos para melhorar. Queremos que as pessoas venham aqui para construir a história junto com a gente, não só apontar as falhas”, explica.
- Espírito de segundo lugar, mentalidade de primeiro: depois de chegarem ao marco da maior rede de comida japonesa do Sul do Brasil, a MTG Foods inseriu este quarto valor, para não se "acomodarem" dentro da conquista. “Para nós, esse valor significa ter a humildade de reconhecer que, mesmo no topo, ainda há muito a conquistar”, complementa.
Por fim, pensando em uma dica "de empreendedor para empreeendedor', Raphael reforça que as trocas com outras pessoas do segmento e pedir ajuda em meio às dificuldades, como o caso das dívidas, são fundamentais. “A grande maioria das dívidas de mercado de food service são dívidas simples de resolver. Mas, muitas vezes, a pessoa deixa de pedir ajuda. Então, a principal dica que eu daria para quem está endividado é: converse com pessoas que já resolveram problemas maiores que os seus para entender como caminhar daqui para frente”, conclui.