Food Service
Maratona tecnológica apresenta projetos para ajudar cadeia de restaurantes a superar crise
Quase três meses depois da chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil
e do início das medidas de isolamento social, o setor de alimentação segue
sentindo as consequências. Muitos bares e restaurantes seguem fechados,
atendendo apenas por delivery. Aqueles que abriram as portas trabalham com uma
série de restrições, que implicam em receber um número menor de pessoas, e veem
um público ainda aquém do habitual. Além de afetar os próprios
estabelecimentos, essa estagnação tem efeitos em toda uma cadeia, que inclui
trabalhadores do setor, produtores rurais e distribuidores de alimentos.
e do início das medidas de isolamento social, o setor de alimentação segue
sentindo as consequências. Muitos bares e restaurantes seguem fechados,
atendendo apenas por delivery. Aqueles que abriram as portas trabalham com uma
série de restrições, que implicam em receber um número menor de pessoas, e veem
um público ainda aquém do habitual. Além de afetar os próprios
estabelecimentos, essa estagnação tem efeitos em toda uma cadeia, que inclui
trabalhadores do setor, produtores rurais e distribuidores de alimentos.
Para buscar soluções no enfrentamento dessas dificuldades, foi
realizada entre abril e maio a terceira edição do SancaThon, uma maratona
tecnológica organizada pela Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade
de São Paulo (USP), e pela empresa Cargill. Durante o evento, que pela primeira
vez foi realizado 100% online, quase 500 participantes foram desafiados a
desenvolver, em pouco mais de duas semanas, ideias e soluções para o mercado
nacional de alimentação no enfrentamento da crise.
realizada entre abril e maio a terceira edição do SancaThon, uma maratona
tecnológica organizada pela Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade
de São Paulo (USP), e pela empresa Cargill. Durante o evento, que pela primeira
vez foi realizado 100% online, quase 500 participantes foram desafiados a
desenvolver, em pouco mais de duas semanas, ideias e soluções para o mercado
nacional de alimentação no enfrentamento da crise.
Segundo a assessoria de comunicação da USP, foram inscritos para o SancaThon 495 participantes de 22 estados, além de países como Itália, Argentina e Portugal. Divididos em 65 equipes, os desafiados tiveram acesso a mentorias e sessões de conteúdo com especialistas do mercado de food service, que falaram sobre o contexto atual e as necessidades do setor. Além disso, os participantes também contaram com a orientação de profissionais das áreas de engenharia, negócios e programação.
Ao final, os três primeiros colocados ganharam prêmios em dinheiro, acesso a plataformas de inovação e ingressos para eventos de empreendedorismo. As equipes também tiveram a oportunidade de negociar diretamente com investidores a possibilidade de receberem apoio financeiro ou repasses de propriedade intelectual. Conheça a seguir quais foram esses projetos e como eles pretendem contribuir para melhorar e desenvolver o setor de alimentação.
Dos cardápios à inteligência artificial
Uma plataforma digital que utiliza técnicas de mineração de dados e
inteligência analítica para coletar e interpretar uma série de informações de
aplicativos de delivery, como características operacionais e cardápios de
restaurantes. Essa é a FoodTrends, projeto criado pelos engenheiros de
alimentos Júlio Vazquez Manfio e Gabriel Valbon Beleli, que foi o vencedor da
SancaThon. Através da plataforma, eles pretendem municiar empresários do setor
com informações que irão facilitar a definição de estratégias de mercado.
inteligência analítica para coletar e interpretar uma série de informações de
aplicativos de delivery, como características operacionais e cardápios de
restaurantes. Essa é a FoodTrends, projeto criado pelos engenheiros de
alimentos Júlio Vazquez Manfio e Gabriel Valbon Beleli, que foi o vencedor da
SancaThon. Através da plataforma, eles pretendem municiar empresários do setor
com informações que irão facilitar a definição de estratégias de mercado.
Júlio e Gabriel são sócios em uma startup que trabalha com inteligência
comercial para restaurantes, coletando dados que ajudem a direcionar ações.
“Tínhamos uma base de dados relacionada aos cardápios dos restaurantes, e
percebemos que a indústria e os distribuidores tinham uma carência dessas
informações. Decidimos então focar nessa área, usando a inteligência artificial
para análise desses cardápios”, conta Júlio.
comercial para restaurantes, coletando dados que ajudem a direcionar ações.
“Tínhamos uma base de dados relacionada aos cardápios dos restaurantes, e
percebemos que a indústria e os distribuidores tinham uma carência dessas
informações. Decidimos então focar nessa área, usando a inteligência artificial
para análise desses cardápios”, conta Júlio.
Com a participação de outros três amigos, a dupla propôs a plataforma
FoodTrends, que coleta e analisa os dados dos cardápios dos estabelecimentos,
fornecendo um panorama do mercado gastronômico. Assim, possibilita que indústrias e distribuidores de alimentos tenham
acesso ao potencial de consumo de determinada região, bem como à demanda por
insumos e produtos, além das tendências de mercado em diversas localidades,
facilitando a elaboração de estratégias pelos empresários.
FoodTrends, que coleta e analisa os dados dos cardápios dos estabelecimentos,
fornecendo um panorama do mercado gastronômico. Assim, possibilita que indústrias e distribuidores de alimentos tenham
acesso ao potencial de consumo de determinada região, bem como à demanda por
insumos e produtos, além das tendências de mercado em diversas localidades,
facilitando a elaboração de estratégias pelos empresários.
“A plataforma vai informar, por
exemplo, que tipo de alimento está em ascensão, qual está caindo, quais pratos
são mais populares. A partir dessas informações, as indústrias e os
distribuidores conseguem ter uma ideia da demanda de insumos para
comercializar, fazer campanhas de marketing mais assertivas e ter estratégias
mais bem definidas”, ressalta Júlio. Os idealizadores do projeto estão buscando
parcerias e o investimento necessário para que ele possa ser implantado em um
prazo de quatro meses.
exemplo, que tipo de alimento está em ascensão, qual está caindo, quais pratos
são mais populares. A partir dessas informações, as indústrias e os
distribuidores conseguem ter uma ideia da demanda de insumos para
comercializar, fazer campanhas de marketing mais assertivas e ter estratégias
mais bem definidas”, ressalta Júlio. Os idealizadores do projeto estão buscando
parcerias e o investimento necessário para que ele possa ser implantado em um
prazo de quatro meses.
Créditos para o consumidor
O segundo colocado no SancaThon nasceu a
partir da ideia de conectar pequenos comércios locais aos moradores de seus
respectivos bairros. Sediada em Belo Horizonte (MG), a plataforma CoGift
possibilita que consumidores paguem antecipadamente certas quantias a
restaurantes parceiros e, com isso, ganhem créditos em suas compras.
partir da ideia de conectar pequenos comércios locais aos moradores de seus
respectivos bairros. Sediada em Belo Horizonte (MG), a plataforma CoGift
possibilita que consumidores paguem antecipadamente certas quantias a
restaurantes parceiros e, com isso, ganhem créditos em suas compras.
Funciona assim: ao acessar o site da CoGift, a
pessoa adquire um valor em créditos e recebe um voucher numa quantia até 15%
maior. Ao comprar R$ 180 em créditos, por exemplo, o usuário tem direito a R$
200 para serem consumidos nos estabelecimentos parceiros. O pedido no
restaurante é feito diretamente na plataforma e o valor pode ser gasto em
diferentes estabelecimentos.
pessoa adquire um valor em créditos e recebe um voucher numa quantia até 15%
maior. Ao comprar R$ 180 em créditos, por exemplo, o usuário tem direito a R$
200 para serem consumidos nos estabelecimentos parceiros. O pedido no
restaurante é feito diretamente na plataforma e o valor pode ser gasto em
diferentes estabelecimentos.
“A CoGift foi criada com o objetivo de ajudar
os pequenos comerciantes de bairro a enfrentarem a crise sem fecharem as
portas”, dizem os criadores da plataforma em sua apresentação. Em pesquisa
realizada pela equipe que desenvolveu o projeto, 72% de um total de 93 pessoas se
mostraram favoráveis a pagar de forma antecipada pelo menos R$ 100 em troca
desse tipo de benefício. A startup já conta com seis estabelecimentos
cadastrados na plataforma e, nos primeiros dias de funcionamento, registrou
mais de 220 acessos e 12 intenções de compra, totalizando R$ 700.
os pequenos comerciantes de bairro a enfrentarem a crise sem fecharem as
portas”, dizem os criadores da plataforma em sua apresentação. Em pesquisa
realizada pela equipe que desenvolveu o projeto, 72% de um total de 93 pessoas se
mostraram favoráveis a pagar de forma antecipada pelo menos R$ 100 em troca
desse tipo de benefício. A startup já conta com seis estabelecimentos
cadastrados na plataforma e, nos primeiros dias de funcionamento, registrou
mais de 220 acessos e 12 intenções de compra, totalizando R$ 700.
Da horta ao restaurante
Não são apenas os restaurantes que enfrentam prejuízo com o fechamento
durante a pandemia. Com muitos desses estabelecimentos sem atividade ou com
funcionamento reduzido, pequenos produtores rurais que fornecem alimentos
também acabaram reduzindo suas vendas. Com o propósito de unir essas duas
pontas, fazendo com que uma parte ajude a outra, que um grupo desenvolveu o
aplicativo de compras coletivas Hort-e, projeto que ficou com a terceira
colocação do SancaThon.
durante a pandemia. Com muitos desses estabelecimentos sem atividade ou com
funcionamento reduzido, pequenos produtores rurais que fornecem alimentos
também acabaram reduzindo suas vendas. Com o propósito de unir essas duas
pontas, fazendo com que uma parte ajude a outra, que um grupo desenvolveu o
aplicativo de compras coletivas Hort-e, projeto que ficou com a terceira
colocação do SancaThon.
Para ingressar no sistema de
compras do Hort-e, os estabelecimentos deverão fazer um cadastro e informar
suas demandas. Os produtores, por sua vez, também se cadastram e exibem quais
produtos são oferecidos, podendo optar por realizar a entrega ou solicitar que um
agente logístico faça a operação. Com a solução, a ideia é reduzir ou até
eliminar custos com intermediários em todo o processo de logística, além de
diminuir o tempo de transporte e armazenamento dos produtos, oferecendo
alimentos mais frescos e baratos ao consumidor final.
compras do Hort-e, os estabelecimentos deverão fazer um cadastro e informar
suas demandas. Os produtores, por sua vez, também se cadastram e exibem quais
produtos são oferecidos, podendo optar por realizar a entrega ou solicitar que um
agente logístico faça a operação. Com a solução, a ideia é reduzir ou até
eliminar custos com intermediários em todo o processo de logística, além de
diminuir o tempo de transporte e armazenamento dos produtos, oferecendo
alimentos mais frescos e baratos ao consumidor final.
“Em muitos casos, o contato
entre as pessoas que ofertam insumos e os estabelecimentos é precário. O dono
do restaurante levanta às 5 da manhã para procurar o produto que precisa,
correndo o risco de não encontrar, enquanto lá no campo o agricultor tem esse
produto, mas não consegue vender. Com o aplicativo, esses dois problemas são
resolvidos de uma só vez”, explica Vinícius Baca, estudante do curso de
Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos e um dos
desenvolvedores do projeto.
entre as pessoas que ofertam insumos e os estabelecimentos é precário. O dono
do restaurante levanta às 5 da manhã para procurar o produto que precisa,
correndo o risco de não encontrar, enquanto lá no campo o agricultor tem esse
produto, mas não consegue vender. Com o aplicativo, esses dois problemas são
resolvidos de uma só vez”, explica Vinícius Baca, estudante do curso de
Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos e um dos
desenvolvedores do projeto.
Apesar de ter sido criado com a proposta de auxiliar restaurantes e agricultores no período de pandemia, o Hort-e é uma tecnologia que pode funcionar como solução definitiva, afirma Vinícius. “Uma das vantagens do aplicativo é que ele vai ofertar a venda em cadeia. Com mais consumidores próximos, o produtor poderá efetuar uma venda maior, enquanto os compradores terão a oportunidade de conseguir preços mais baixos”, destaca. A expectativa dos desenvolvedores é de que até o final de julho o aplicativo esteja disponível.